Maicon Marques Frasson


A COMUNIDADE PERDIDA DOS LETOS EM MORRO DA FUMAÇA-SC: UMA POSSIBILIDADE DE PESQUISA HISTÓRICA


Quase esquecida, ficou a história não contada de um grupo de aproximadamente cem famílias [Biff, 1993, p. 37] que, com exceção dos nativos carijós, primeiro ocuparam e colonizaram o território do município de Morro da Fumaça em Santa Catarina.

Pouco se sabe desse grupo de quase mil pessoas, da sua origem, para onde foram, quando chegaram ou quando partiram, sequer por que vieram, ou por que se foram em tão pouco tempo, vendendo suas terras já prontas e produtivas.

Graças a uma pesquisa de mestrado recente [Link, 2014], e a presteza de seu autor, novas informações vieram à tona, possibilitando novas análises históricas conjunturais de seu passado.

Quanto à cultura material que havia restado desse grupo, pensava-se limitar-se a pouco mais que a área de dois cemitérios, onde ficavam suas duas igrejas. Descobriu-se então que, ao todo, não eram duas igrejas, mas pelo menos quatro, distribuídas em três diferentes cidades atuais. Uma em Linha Torrens, Morro da Fumaça; outra na atual Rua dos Corais, no centro de Morro da Fumaça; a terceira na comunidade de Rio Mãe Luzia, na cidade de Criciúma; uma quarta na comunidade de Rio Novo, em Orleans.

Assim, a importância dessa pesquisa se dá pela problemática de a cidade de Morro da Fumaça considerar sua colonização somente a partir da chegada dos migrantes italianos, por volta de 1910, excluindo esse grupo de imigrantes de seu espaço de direito na história da cidade. Há de se questionar então, o porquê de uma comunidade inteira, de aproximadamente mil pessoas, desaparecer e sua passagem ser apagada da história oficial do município de Morro da Fumaça. Além disso, pesquisas sobre este tema devem trazer a tona novas informações e materiais, que podem ser utilizados no campo didático, aumentando o leque de ferramentas disponíveis ao educador.

A ocupação e colonização de Morro da Fumaça-SC
O movimento de ocupação deste município é um tanto complexo. Isso porque se deu em períodos diferentes, e por grupos diferentes. Alguns bairros, como Linha Torrens e Estação Cocal, foram ocupados antes da atual sede do município. [Frasson et al., 2018]

Além dos nativos que aqui já estavam, variadas são as origens das pessoas que se estabeleceram na região, entre elas: Alemães, italianos, poloneses, africanos, açorianos, russos, entre outros. Dentre esses, o mais antigo grupo a ocupar as terras onde se estabeleceu a sede do município de Morro da Fumaça-SC, desapareceu na história da cidade.

Pouco se sabe sobre essa comunidade. As publicações existentes sobre o tema apoiavam-se sobre uma única referência bibliográfica, um livro de entrevistas do fim dos anos de 1980, reunidas pelo padre Claudino Biff em um único volume, publicado em 1993. Em sua obra, ao tentar explicar a origem desse grupo, Biff discorre:

“Uma princesa alemã se casa com um príncipe russo. Ele ortodoxo, ela adventista. Ele era amigo do Czar. Era príncipe na Bielo-Rússia. Um casamento feliz! Ele permitiu a imigração de milhares de alemães, todos adventistas. (...) Quando morre a princesa alemã, os adventistas alemães ficam a mercê da xenofobia do Patriarca de Moscou e da ferocidade dos Cossacos do Don. Esses Cossacos adoravam dizimar polacos e adventistas a fio de sabre. Para salvar seus pescoços, os polacos e adventistas deram em Morro da Fumaça...” [Biff, 1993, p. 08]

Tomando os dados acima como ponto de partida, o czar e a princesa alemã, seriam Alexandre II e Maria Alexandrovna. Ele russo, filho do Czar Nicolau I, de religião ortodoxa. Ela alemã, protestante até pouco antes de seu casamento em 1841. Relevante que, naquele período, os territórios da atual Polônia, Bielo-Rússia, Letônia, Ucrânia, entre outros, faziam parte, principalmente, da Alemanha e Rússia [Piazza; Hübner, 1983], mas suas identidades culturais ainda permaneciam, principalmente pela religião batista.

Durante a segunda metade do século XIX, a colonização do norte da Rússia estava sendo incentivada. Com a união de Alexandre II e Maria Alexandrovna, agricultores letos, que eram de maioria das igrejas batista e protestante, e que haviam deixado o campo para trabalhar em fábricas, viram a oportunidade de adquirir alguma terra e retornar ao meio agrícola, assim, imigrando para a região de Novgorod, próximo a nascente do rio Voga, na Rússia.

Como dito, naquele momento a Letônia não existia como estado independente e seu território era parte da Alemanha. Dessa forma, por terem imigrado para a Rússia, região do rio Voga, e lá se estabelecido por algum tempo, há grande confusão quanto à definição da origem desse grupo. Os mais velhos seriam alemães, por terem nascido no território alemão, mas culturalmente eram letos. Os mais jovens já haviam nascido na Rússia, mas culturalmente ainda tinham grande influencia de suas raízes letas, da Alemanha, daí a expressão alemães do rio Voga.

Essas colônias agrícolas na Rússia, logo começaram a apresentar grandes dificuldades, devido à precariedade em que se encontravam e ao conflito religioso com os russos ortodoxos. Nesse momento o Brasil surge como uma possibilidade interessante. Segundo Purim:

“Não encontramos registros de que algum leto tivesse estado ou residido no Brasil, ou escrito alguma coisa sobre esta terra, anterior ao testemunho do pastor J. Balod e de Pedro Zalit. As primeiras Referências, como já dissemos, ocorreram no Baltijas Vestnesis, de hábil autoria dos dois citados personagens, que lançavam aos lavradores a idéia de fundarem colônias agrícolas em condições melhores do que as estabelecidas em Novogorod, Simbriska, Ufa e na Sibéria – todas na Rússia. As agruras desses agricultores J. Balodis conhecia, tendo sido pastor luterano durante muito tempo na longínqua Sibéria.” [Purim, sd]

Com a propaganda das colônias brasileiras de Pedro Zalit e do pastor J. Balod e com promessas de condições melhores que as russas, grupos de Riga, atual capital da Letônia, partiram para o Brasil. Esses grupos, que começaram a chegar a partir de 1890 em Rio Novo, atual cidade de Orleans-SC, eram, em grande parte, de trabalhadores rurais que, por falta de condições, trabalhavam nas empresas de cimento ou na indústria da madeira da cidade de Riga, antes de partirem para o Brasil. [Purim, sd]

Seguindo o grupo de Riga, contingentes de europeus da Rússia começam a vir para o Brasil, fugindo das instabilidades, do regime de servidão a que estavam submetidos, da falta constante de alimentos, influenciados pela grande propaganda de imigração para a América e pela promessa (mito) de riquezas no novo continente. [Piazza; Hübner, 1983]

O primeiro grupo de imigrantes de Riga, que chegou em 1890 em Rio Novo, atual Orleans-SC, era pouco numeroso. Em 1891, chegaram a Rio Novo mais de 30 famílias do grupo de letos, vindos da Rússia. Nesse ritmo logo começaram a faltar lotes demarcados de terras férteis para assentar as famílias em Rio Novo, na então colônia de Grão-Pará, assim foram colocadas em uma nova área próxima à Rio Novo. [Purim, sd] Com o grande volume imigratório, esta nova área logo foi preenchida.

Na colônia de Accioli de Vasconcellos, as Linha Torrens 1 e 2, Linha Batista e Linha Antas já haviam sido demarcadas, e os lotes que ainda permaneciam vazios foram vendidos. João Zarin foi designado como agrimensor para demarcar novas terras devolutas para instalar esses imigrantes, às margens das colônias existentes, como em Rio Mãe Luzia, onde foram instaladas novas levas.

Seguindo o exemplo de Rio Novo, onde primeiro se instalaram, assim que a comunidade se estabelecia, construía um templo religioso, que também servia de local de reunião da comunidade. Comunidade essa que por vezes mal passava de uma dúzia de pessoas.

Em 1900, três pastores adventistas, entre eles Ernest Julius Theodor Schwantes e Huldreich F. Graf, passam pelas colônias letas e conseguem número considerável de conversões, principalmente entre os batistas. [Santana, 2003, P. 82] [Purim, sd]

Esse grupo de adventistas letos estavam organizados com 4 igrejas, sendo Rio Novo, Rio Mãe Luzia, Linha Torrens e Linha Antas (atual Rua dos Corais, em Morro da Fumaça/SC). Até o momento, não foram encontrados registros de que alguma dessas igrejas fosse adventista antes de 1900, ou que imigrantes letos houvessem chegado ao Brasil já sendo adventistas.
Diferentemente de Rio Novo e Rio Mãe Luzia, as duas igrejas do atual território de Morro da Fumaça-SC e seus cemitérios foram vendidos aos italianos dos núcleos coloniais próximos. O último registro de reunião nessas igrejas é de 23 – 28 de março de 1909 em Linha Torrens. [Link, 2014, p. 252]

A partir de então, os integrantes desse grupo começaram a vender suas terras aos italianos e partiram. Não há registros confiáveis de nenhum destino em específico para onde tenham ido, restando apenas suposições.

Com sua partida, sua história, no que viria a ser o município de Morro da Fumaça-SC, ficou esquecida. Comemorando o centenário de colonização do município em 2010, o passado desse grupo de imigrantes acaba por ser excluído, negando-lhe o título de justos colonizadores.

Para resgatar tão relevante fração do passado histórico, uma pesquisa profunda, em todos os meios possíveis, é necessária. Sendo de conhecimento de alguns as prováveis localizações de ambos os cemitérios, e a antiga localização das igrejas, uma pesquisa arqueológica poderia trazer a luz importantíssimas descobertas sobre seus costumes, origens e destino, incluindo os motivos reais pelo qual se foram. Portanto, classificados como monumentos arqueológicos [Brasil, 1961], os cemitérios desses primeiros colonizadores de Morro da Fumaça compõem importantes patrimônios culturais.

Este trabalho, embora traga à luz muitas informações que ainda não faziam parte da história oficial de Morro da Fumaça, deixa grandes questionamentos, possibilitando uma outra pesquisa, mais aprofundada, que venha a mostrar informações inéditas à sociedade fumacense.

Sobre o grupo de imigrantes, realmente houve semelhante movimento migratório no mesmo período em outras colônias. Muitos destinos se tornaram interessantes, o que levou a migrações temporárias ou definitivas. A Argentina estava entre os destinos mais procurados pelos migrantes que buscavam conseguir dinheiro rápido. Numa das fontes citadas nesse artigo, há uma lista de sobrenomes de famílias letas adventistas que haviam residido em Morro da Fumaça, há a família Reske, que teria sido uma das últimas famílias a vender suas terras aos italianos e partir.

Como os italianos, que estavam comprando as terras, e os letos, que estavam vendendo, conviveram por algum tempo no mesmo espaço geográfico objeto dessa pesquisa, ainda também pelo registro religioso da passagem do pastor adventista Waldemar Ehlers em 1909, estima-se que essa transição tenha ocorrido, em maior parte, entre os anos de 1910 e 1920. Dessa forma, talvez a chegada da família Reschke na província de Missiones, na Argentina, seja o elo perdido entre os colonizadores de Morro da Fumaça e a história de seu destino, uma vez que a grafia Reske surgiu de uma entrevista que ocorreu aproximadamente 70 anos após a migração da família, no já citado livro de entrevistas de Claudino Biff. Dessa forma, Reske poderia na verdade ser Reschke, a mesma que migrou para a Argentina. Junto com a família Reschke, também chegara à Argentina as famílias Otto e Marosek, todos adventistas, e fundaram uma escola adventista em 1923, que mais tarde se tornou o Instituto Superior Adventista de Missiones, existente até os dias atuais.

No mesmo citado livro, também é apontada como possível destino migratório a atual cidade de Forquilhinha-SC, no entanto, isso deve ter se dado pela proximidade da cidade com o bairro Mãe Luzia que, como visto, já possuía uma comunidade inteira de adventistas/batistas com fluxo constante entre as outras três citadas comunidades, mas que se situa dentro da margem limítrofe da atual cidade de Criciúma-SC.

Outros destinos possíveis também são apontados. Tantos são os supostos destinos e tão gradativo foi a partida que se faz impossível não pensar na dissolução do grupo e absorção de seus membros por outros, o que viria a mostrar uma fragilidade na composição identitária dos membros.

Segundo Poutignat e Streiff-Fenart: “A etnicidade é uma forma de organização social, baseada na atribuição categorial que classifica as pessoas em função de sua origem suposta, que se acha validada na interação social pela ativação de signos culturais socialmente diferenciadores.” [Poutignat; Streiff-Fenart, 1998, p. 141] Dentre isso, percebe-se que estes signos culturais diferenciadores já se viam fragilizados ou fragmentados internamente, uma vez que, embora ainda possuíssem muito em comum, principalmente a religião batista, apresentavam divergências entre língua e origem. Com a divisão religiosa do grupo, entre batistas e adventistas, o último bastião identitário cai, tornando cada vez mais difícil perceber nitidamente a dicotomia Nós/Eles.

Da mesma forma, mas num ponto de vista externo, já vinha a se tornar, também, cada vez mais confuso classificar estes imigrantes como grupo, surgindo termos, por vezes equivocados, por vezes pontuais, como alemães do rio Voga, bielorrusos, sabatistas, entre outros. Conforme Poutignat e Streiff-Fenart: “A pertença a um grupo étnico (...) é questão de definição social, de interação entre a auto-definição dos membros e a definição dos outros grupos”. [Poutignat; Streiff-Fenart, 1998, p. 142]

Talvez, o símbolo maior e mais irônico da subjugação cultural desse grupo tenha sido o próprio destino das igrejas de Linha Torrens e de Linha Antas. A primeira sendo convertida em igreja católica pelos novos proprietários das terras e a segunda transformada em fábrica de banha, uma vez que os porcos são considerados animais imundos pelos adventistas e batistas e seu consumo proibido.

Uma relevante ferramenta
Partindo do principio de que o professor é o responsável por “cuidar que o aluno aprenda” (Demo, 2004), todos os métodos e ferramentas disponíveis devem ser exploradas para tal fim. Na relação docente/discente, o professor acaba impondo seu ponto de vista, mesmo que não intencionalmente, em suas aulas expositivas. Neste sentido, fontes materiais, como os mencionados sítios, se tornam importantes possibilidades, uma vez que a imersão ou contato com essa cultura material possa proporcionar uma aprendizagem diferente do que aquela alcançada em aulas tradicionais.

Estes objetos trazem consigo significados outros, que permitem compreender e analisar um universo muitíssimo maior, ou seja, “são suportes materiais para mensagens e informações, são signos e símbolos permeando nosso cotidiano, mediando as relações sociais, comunicando hierarquias e classificações, explicitando “pertencimentos” e exclusões, mobilizando ações de toda natureza.” [Hirata et al, p. 420] Sobre a educação, Cavalcanti Neto e Aquino também destacam que:

“sendo a aprendizagem "dinâmica reconstrutiva" que ocorre de dentro para fora, não é a realidade externa que simplesmente se impõe ao sujeito, mas é ele que, no processo de aprendizagem, a capta de modo reconstrutivo, interpretativo ou hermenêutico. Nesse processo, o aluno, construtor do seu próprio conhecimento, não pode permanecer, no contexto educativo, escutando, copiando e devolvendo de modo reprodutivo na prova.” [Cavalcanti Neto; Aquino, 2009]

Afinal, segundo Demo: “não vale a pena estocar conteúdos na cabeça, porque isto seria algo apenas decorado, passivamente absorvido. O que importa é a habilidade de sempre os renovar, pela via da reconstrução permanente. Aprender é principalmente isto” [Demo, 2004, p. 61].

Desse modo, a relevância da conservação destes sítios arqueológicos está muito além da premissa de seu valor histórico. Preservar e estudar estas culturas materiais, além de ser um dever, é um caminho para a construção do conhecimento e compreensão de mundo, tanto para jovens quanto adultos. É possibilitar acessar uma melhor visão do passado, analisar o presente e poder projetar um futuro melhor.

Referências
Possui graduação em história pela Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC (2012) e Especialização em Arqueologia e Patrimônio pela Faculdade Futura (2019). Tem experiência na área de história, com ênfase em história ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: ambiente, imprensa, história ambiental, desastres socioambientais, politicas públicas e educação.

BIFF, Claudino. Morro da Fumaça e sua divina e humana comédia. Tubarão-SC: Coan Industria Gráfica, 1993. 100 p.
BRASIL. Lei 3.924, de 26 de julho de 1961. Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos., 1961. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3924.htm>. Acesso em: 24 Nov. 2018.
CAVALCANTI NETO, Ana Lúcia Gomes; AQUINO, Josefa de Lima Fernandes. A avaliação da aprendizagem como um ato amoroso: o que o professor pratica?. Educ. rev.,  Belo Horizonte , v. 25, n. 2, p. 223-240,  Aug.  2009 .  Disponível em:
 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982009000200010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 Abr. 2020.
DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre: Mediação, 2004.
FRASSON, Maicon Marques et al. Morro da Fumaça - 100 anos de história. Tubarão: Coan Editora e Gráfica, 2018. 100 p.
HIRATA, Elaine Farias Veloso et al. Explorando a Arqueologia: um projeto educativo no Engenho São Jorge dos Erasmos. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 17: 419-433, 2007. Disponível em: http://2007,
LINK, E. Die Anfänge der Freikirche der Siebenten-Tags-Adventisten in Brasilien unter besonderer Berücksichtigung ihrer deutschen Wurzeln (1890-1914/15). Theologische Hochschule Friedensau. Friedensau. 2014.
PIAZZA, Walter. F.; HÜBENER, Laura. Machado. Santa Catarina: história da gente. 19. ed. Florianópolis: Lunardelli, 1983. 152 p.
POUTIGNAT, Philippe; STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade. Tradução de Elcio Fernandes. São Paulo-SP: Fundação Editora da UNESP, 1998.
PURIM, Viganth Arvido. Colônia leta do Rio Novo. Disponível em: <https://rionovo.wordpress.com/>. Acesso em: 10 Out. 2018.
SANTANA, Emanuela dos Santos Borges. História dos primórdios da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Criciúma. Tempos Acadêmicos, Criciúma, 2003. 79-87. Disponível em:
http://www.unesc.net/portal/resources/files/54/historia1.pdf. Acesso em: 10 Out. 2018.

2 comentários:

  1. Olá Maicon! Primeiramente parabéns pelo seu texto e por estar perseguindo os rastros da história desses imigrantes letos. Eu pesquiso a imigração italiana no Paraná e gostaria de fazer duas perguntas:
    1 - Os italianos que chegam posteriormente na região estudada são imigrantes diretos ou estão migrando de outras colônias do Sul do Brasil, ou as duas formas?
    2 - Os descendentes de italianos que ficaram, ou dos outros grupos étnicos, não citam os letos em suas memórias escritos, documentos? Ou é algo que realmente se quer silenciar na cidade?
    Fábio Luiz Machioski

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Fábio, que bom que meu texto lhe interessou.
      Sobre a primeira pergunta, são todos migrantes que primeiro se estabeleceram em núcleos coloniais próximos ou filhos destes, que adquiriram as terras dos letos que partiam. Alguns destes migrantes até eram nascidos na Itália, mas somente vieram pra essa região aproximadamente 20 anos depois de estarem estabelecidos no Brasil. O que estou evidenciando nessa pesquisa é que havia um movimento relevante de pessoas que ficavam migrando para outras regiões em busca de trabalho, principalmente Rio Grande do Sul e Argentina. Foi o que aconteceu com meu bisavô que foi para Bahía Blanca, na Argentina em 1910, retornando depois de aproximadamente 1 ano e comprando terrenos dos letos que estavam (i)migrando para outras regiões.

      Sobre a segunda pergunta, a única fonte que pude encontrar, até o momento, é um livro de entrevistas do fim dos anos 1980, mas que trata disso muito superficialmente. Como não há descendentes destes letos que reivindiquem essa história, os italianos que vieram depois simplesmente a ignoraram. Somente fui tomar conhecimento disso em 2010, quando fui convidado a compor um livro sobre o centenário da colonização. Quando verifiquei que haviam outros colonizadores antes dos italianos, informei e escrevi sobre. Quando a obra foi publicada, alteraram o que eu havia escrito, reafirmando os italianos como protagonistas. Portanto, embora que se diga o contrário, percebo sim interesses velados em esconder este passado.
      Caso queira manter contato para além deste simpósio, pode fazê-lo pelo email mmf@unesc.net
      Abraço

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.