A IDENTIFICAÇÃO SOCIAL DA
RAÇA E DA COR NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
A ideia internalizada de cor consolidou-se
mais definidamente no Brasil pós 1930, quando o discurso da mestiçagem
naturalizou o critério de cor em detrimento do critério de raça fazendo com que
se construísse a narrativa que mais tarde passou a ser chamada de “democracia
racial”. O que resultou num atraso em relação às discussões sobre o
reconhecimento do racismo a partir das estruturas de poder. De acordo com
Guimaraes (2008), o anti-racialismo foi a ideologia fundante na narrativa de
composição de uma nação brasileira, onde o critério “cor” prevaleceu. Tal
narrativa ganhou força com o seu maior precursor, Gilberto Freyre, em especial
no seu livro Casa Grande e Senzala (1933), que contribuiu para o discurso
adotado pelo Estado brasileiro de que não havia racismo.
Ainda que, após Casa Grande e Senzala, a
narrativa adotada pelo Estado fosse a da mestiçagem, no campo da educação,
construiu-se um modelo de escrita, que inclui os materiais didáticos e
paradidáticos, onde à ideia de raça e cor é tratada como um atributo natural,
que na explicação dada por Guimarães, naturalizado, quer “dizer totalmente
nativo, pois quanto mais nativo é um conceito mais ele é habitual, menos ele é
exposto à crítica, menos conseguimos pensar nele como uma categoria artificial,
construída, mais ele parece ser um dado da natureza” [Guimarães, 2008, p. 68].
E, a partir disso, a visibilidade do sujeito identificado como negro ficou
condicionada ao sistema escravista, reforçando o sinônimo de negro e
escravizado, sem dar visibilidade histórica a este sujeito nos processos após à
abolição.
Assim, as reivindicações sobre o direito a
uma educação que não excluísse a população de negros, na primeira metade do
século XX, pairavam também sobre a reformulação do currículo escolar e para que
conteúdos e materiais didáticos deixassem de ter uma abordagem preconceituosa
sobre a figura do sujeito negro. Portanto, uma educação que ressignificasse a
representação dos identificados como negros e negras, onde as narrativas
deveriam interpretar o papel do sujeito negro em diferentes etapas da história
que não fossem apenas associadas ao período escravista.
Questionava-se sobre o fato de a cultura
educacional brasileira não ter oportunizado um local de fala ao protagonismo
negro, dado que, mesmo após os processos históricos que levaram à abolição da
escravatura, à proclamação da república, o período varguista e demais governos,
as experiências educativas não favoreceram a contribuição do negro para
história social. A busca ao direito a uma historiografia sobre a participação
do negro nos processos históricos para além da escravidão foi sendo discutida e
reivindicada a partir da ação de movimentos sociais de cunho racial para que se
reformulasse o ensino nas escolas.
Passou-se, então, a reivindicar uma pedagogia
que trabalhasse as relações raciais no espaço escolar, onde a abordagem teórica
ocorresse sem visões preconceituosas e negativas. Isso porque questionar o
racismo é também compreender que reconhecer uma população a partir do seu
estigma, nesse sentido, por raça e cor, é contribuir para manter um sistema que
segrega. Ademais, quanto a compreensão de raça, entende-se como algo construído
para oprimir, “para naturalizar desigualdades, justificar segregação e o
genocídio de grupos socialmente considerados minoritários” [Almeida, 2018, p.
24].
Nesse sentido, Sílvio Almeida [2018]
esclarece:
“No século XX, a antropologia constitui-se a
partir do esforço de demonstrar a autonomia das culturas e a inexistência de
determinações biológicas ou culturais capazes de hierarquizar a moral, a
cultura, a religião e os sistemas políticos. A constatação é a de que não há
nada na realidade natural que corresponda ao conceito de raça” [Almeida, 2018,
p. 24].
O que para Guimarães [2008], a ideia de raça
só faz sentido no discurso construído a partir da necessidade que o homem tem
de explicar sobre as suas origens entre gerações. Assim, traços que definem
fisionomia, atributos morais e intelectuais são creditados como características
que diferem raças entre si. Para ele, esse é o campo específico às identidades
sociais, em que o seu estudo aborda os discursos sobre origem.
A identificação a partir da raça e cor
produziu um efeito tão profundo na vida social e na mentalidade que se percebe
uma dificuldade de se desracializar os sujeitos, as relações sociais, a
História. Problematizam-se os efeitos causados pelo racismo, mas não se
problematiza “o porquê” da permanência em identificar socialmente sujeitos a
partir de critérios de raça e cor. O discurso construído e aplicado, em
especial pelos Movimentos Negros na segunda metade do século XX, foi de
positivação da raça, da cor, da cultura e pela busca na igualdade de direitos.
Conforme Guimaraes [2008], a determinação de
raça como critério de identificação social foi reivindicada pelo Movimento
Negro Unificado - MNU a partir dos anos 1970, como forma de deslegitimar o mito
da democracia racial constituído nos anos 1930, e assim denunciar a existência
do racismo, pois na prática havia várias contradições.
“Para o MNU, um negro, para ser cidadão,
precisa, antes de tudo, reinventar sua raça. A ideia de raça passa a ser parte
do discurso corrente, aceito e absorvido de certo modo pela sociedade
brasileira, o que não se explica senão pelas mudanças que ocorreram também na
cena internacional, que tornaram esse discurso bastante poderoso internamente.
Mas o fato é que se introduz de novo a ideia de raça no discurso sobre a
nacionalidade brasileira” [GUIMARÃES, 2008, p. 75].
Contradições apontadas pelo movimento negro
também se encontravam no campo da educação, pois, embora o Estado brasileiro
tivesse adotado o discurso da mestiçagem e do anti-racialismo, tal discurso não
se consolidou em sua totalidade, já que a narrativa sobre a identificação por
via da raça se fazia presente nos materiais didáticos direcionados para
instrução de profissionais e para os bancos escolares – como o livro didático.
A imagem do negro, proveniente de uma raça atribuída como inferior, tinha os
seus laços associados diretamente à escravidão, o que fez com que o racismo
contra a população identificado como negros e negras fosse assimilado do meio
familiar ao espaço escolar. Desse modo, o livro didático não ensinou
problematizar a construção de raças, operou no sentido contrário, de reforçar a
identificação social por raças e cor e os seus efeitos como o racismo e seus
derivados.
Numa análise mais ampla, os arranjos
históricos que construíram a colonização e a escravidão, nos materiais de
História, eram explicados a partir do argumento da suposta inferioridade dos
povos africanos. Esta explicação descontruía o racismo como elemento fundador
da noção de raça, assim como os objetivos que o legitimaram, a ocupação de
territórios e riquezas do continente africano.
Nesse contexto, compreende-se a importância
que o livro didático tem na formação educacional e social, pois ele é ainda hoje,
um material didático, fortemente utilizado nas escolas públicas e privadas,
sendo, portanto, um instrumento importantíssimo para a construção do
conhecimento, por ser formado por algum viés ideológico pelo qual
explica/define categorias sociais. Ele pode educar construindo um senso
crítico, de diversidade, respeito e humanidade ou construindo preconceitos e
discriminações.
Conforme Anderson Oliva [2007], a importância
que o livro didático alcançou na educação motivou pesquisas acerca do seu
conteúdo.
“O espaço “conquistado” pelos livros
didáticos nos bancos escolares forçou os pesquisadores ligados à área de
Educação e da História, a partir do final dos anos 1970 e ao longo de toda a
década de 1980, a formular pesadas críticas ao seu caráter hegemônico e ao
processo de construção que envolvia sua formulação” [Oliva, 2007, p. 235].
Circe Bittencourt faz referência a uma
produção crescente nos programas de pós-graduação sobre o interesse em
pesquisas a respeito do livro didático, iniciada nos anos 1980 e que continua
até atualidade.
“No Brasil, as pesquisas acadêmicas sobre
livros didáticos tiveram um constante crescimento em programas de pós-graduação
a partir da década de 1980, com análises desse material em diversas áreas e em
várias disciplinas escolares. Um levantamento sobre essa produção inicial foi
realizado por pesquisadores da Unicamp que publicaram O que sabemos sobre livro
didático: catálogo analítico com Referências sobre teses e dissertações, além
de importantes indicações sobre as publicações da época (Unicamp, 1989). No
Catálogo encontram-se, assim, as primeiras Referências de um conjunto de
pesquisas sobre os livros didáticos de História (LDH), assim como as
publicações e indicações das participações em eventos. Posteriormente, foram
apresentados levantamentos das pesquisas sobre o tema em encontros da área do
ensino de História, com balanços analíticos da produção que serviam como textos
introdutórios aos debates nos Grupos de Trabalho de Livros Didáticos (GTs)
criados Perspectivas do Ensino de História e no Encontro Nacional de
Pesquisadores de Ensino de História (ENPEH), alguns deles publicados nos anais
dos eventos. Um balanço recente sobre as apresentações dos trabalhos em tais
eventos foi realizado por Flavia Caimi no qual situa as principais tendências e
fundamentações teóricas das pesquisas entre os anos de 1999 e 2008 (Caimi,
2009) e destaca a pesquisa de Kenia Moreira e Marilda Silva sobre as teses e
dissertações produzidas no sudeste entre 1980 a 2000) ” [Bittencourt, 2011, p.
490].
Conforme Fúlvia Rosemberg [2003], “os estudos
sobre preconceito racial e livros didáticos e paradidáticos no Brasil
iniciaram-se na década de 1950 com a pesquisa de Dante Moreira Leite [1950]:
‘Preconceito racial e patriotismo em seis livros didáticos primários
brasileiros’” [Rosemberg, 2003, p. 132]. Embora, nos anos 30, a temática já
fazia parte das demandas defendidas pelos movimentos sociais negros. Nos anos
70, os movimentos reivindicavam políticas públicas para o livro didático e que
os historiadores da educação proporcionassem uma história com temas específicos
sobre a população negra, que os materiais didáticos e paradidáticos passassem
por um processo de reescrita.
Assim, a educação, por via de materiais
didáticos, mantinha preconceitos e reproduzia a descriminação, fortalecendo o
discurso de raças, perpetuando a negatividade atribuída aos povos africanos e
sua população descendente no Brasil. Visto que não se creditava aos personagens
históricos negros [personagens como Negro Cosme, Dragão do Mar, Zumbi do
Palmares, Manuel Calafate, Maria Firmina dos Reis, Luís Gama, André Rebouças,
Carolina de Jesus, entre outros] participação positiva na história, pois eram
apresentados nos materiais como pessoas historicamente inferiores e
condicionados a trabalho braçal, o que contribui na absorção para uma
autoimagem de inferioridade atribuídos a partir da cor da pele.
A construção dessa autoimagem negativa,
releva o que Anthony Appiah [1997] caracterizou de racismo extrínseco, quando a
base da discriminação se caracteriza na “crença em que os membros das
diferentes raças diferem em aspectos que justificam o tratamento diferencial”
[Appiah, 1997, p. 35]. Assim, características físicas, culturais, religiosas
atribuídas ou pertencentes a determinados grupos ou raças, são dispositivos
utilizados pelo grupo dominante, nesse caso, o branco, para produção de
práticas racistas e discriminatórias.
Com o benefício que a ordem social estabelece
favorecendo um grupo ou raça em detrimento de outro, o grupo ou raça favorecido
tende a desempenhar um papel de justificação das vantagens que lhes são
conferidas, negando a existência de um lugar social de privilégio. Para Appiah
[1997], essa incapacidade de admitir vantagens e crenças que as justifiquem é o
que caracteriza o racismo extrínseco, o que ele definiu como sendo uma
“deficiência cognitiva”.
Embora não seja a intenção de Appiah analisar
os processos psicológicos do racismo ao refletir sobre a inabilidade de admitir
a manutenção de ideias que favorecem bem-estar a uns perante o mal-estar de
outros, ele observa que essa postura está associada às questões humanas, o que
acaba por caracterizar a prática do racismo como uma ideologia e não uma
teoria.
“A incapacidade de mudar de ideia diante das
evidências é uma deficiência cognitiva, da qual todos nós decerto sofremos em
algumas áreas de crença. Mas não constitui, como afirmaram alguns, uma
tendência que sejamos impotentes para alterar. Para abalar as convicções
daqueles cuja a incapacidade decorre desse tipo de defesa ideológica, talvez
seja útil lhes mostrarmos como sua reação se encaixa no padrão geral. Na
verdade, é em virtude de essas visões efetivamente costumarem se enquadrar
nesse padrão que chamamos de “racismo”- vindo o sufixo “-ismo” indicar que o
que temos em mente não é apenas uma teoria, mas uma ideologia [..]” [Appiah,
1997, p. 34].
Assim, a representação dos processos
históricos e dos sujeitos históricos no livro didático e paradidáticos estava
organizada para sustentar e manter a identificação social da raça, um viés
ideológico de supremacia branca, reforçando as estruturais de permanência do
racismo, sem problematização da raça como critério de identificação dos grupos
sociais, o que levou ao esforço de denunciar os racismos contidos nessa ferramenta
de ensino.
A reivindicação à reescrita da história da
população dos demarcados como negros e negras operou no sentido de positivação
da história dos povos africanos e de sua cultura, assim como o fortalecimento
da identidade negra, sem problematizar a leitura de enquadramento a uma raça.
Pois o argumento de positivação está na ideia de que buscando o reconhecimento
e visibilidade histórica, tem como justificativa desconstruir a narrativa
negativa e a composição social de poder nos materiais didáticos. Porém, embora
entenda-se a importância de desconstruir preconceitos a história de África e
dos povos africanos precisam de uma abrangência maior do que servir apenas para
tornar positiva a história dos ditos negros.
O pensamento social construído na ideia de
raças, ainda predominante entre as relações sociais, econômicas, políticas e
culturais no Brasil, determinando assim o cotidiano dos brasileiros, tem o seu
reflexo no espaço escolar e nos materiais didáticos. Pois, raça passou de um
critério biológico construído no século XVI para um critério político no século
XIX, hierarquizando um sistema criado para legitimar desigualdades, apropriação
de terras, riquezas e corpos.
Segundo Carlos Hasenbalg [1992], a
permanência desse sistema de identificação social por raça e cor, é “um
fenômeno de atraso cultural, devido ao ritmo desigual de mudança das várias
dimensões dos sistemas econômico, social e cultural do país” [Hasenbalg, 1992,
p. 151]. Este atraso está associado a uma cultura colonialista e escravocrata
que se mantém até hoje. Para alguns pesquisadores, essa hierarquia foi
construída a partir do pertencimento a uma raça branca – privilegiada – que
detêm o poder econômico e político, sustentando assim, as desigualdades sociais
ainda estabelecidas na ideia de raça e cor contra aqueles que hoje são
descendentes de africanos escravizados nomeados de negros.
No contexto brasileiro, os percursos
históricos da população identificadas como negra apontam para a construção de
uma sociedade que fez do racismo uma de suas bases de sustentação, atualmente
característico das desigualdades que há entre negros e brancos. A existência de
uma educação que, assim como defendida pelos movimentos sociais negros e
pesquisadores do tema possibilite imagem e história positiva dos povos
africanos e seus descendentes no Brasil, e, com isso, possa promover diminuição
de práticas racistas, é também importante que se problematize a relação entre
raça e Estado brasileiro, assim como os aspectos centrais das estruturas
sociais que legitimam o critério de raça com elemento de identificação social.
Em face a explicitação de preconceitos,
discriminações, estereótipos, sobre os negros e a sua história, compreender o
racismo à brasileira [Expressão utilizada em livro: “Racismo à Brasileira:
raízes históricas” pelo autor “Martiniano José da Silva”] passou a ser uma
necessidade entre os pesquisadores. A partir do questionamento ao mito de uma
democracia racial, o enfrentamento ao racismo institucional foi incorporado às
discussões do universo político nacional, ainda que, timidamente, sem assumir a
dimensão que tal problemática requer. Mas os estudos publicados provocaram uma
discussão em vários setores sociais sobre o racismo e isso incluía o
questionamento acerca da produção dos livros didáticos.
Portanto, a leitura construída ao longo dos
anos pelo livro didático deu permanência à construção da identificação social e
cultural a partir da ideia de raças, o que interferiu no processo de
ensino-aprendizado reproduzindo assim um conhecimento baseado na afirmação de
uma estrutura social que se realiza na existência de uma relação de dominação
de brancos sobre negros. O perigo de tal construção de conhecimento está na
naturalização da relação de dominação existente entre brancos e negros, assim
como os seus efeitos na sociedade contemporânea.
Referências
Cirila Regina Ferreira Serra, pesquisadora,
professora de História, mestra em História pelo Programa de Pós-Graduação em
História-PPGHIST/UEMA.
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo
estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
APPIAH, Kwane Antonhy. Na casa de meu pai: a
África na filosofia da cultura. Rio de janeiro: Contraponto, 1997.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Produção
didática de História: trajetórias de pesquisas. Revista de História, São Paulo,
n. 164, p. 487-516, jan./jun. 2011.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Cor e raça
– Raça, cor e outros conceitos analíticos. In: SANSONE, Lívio; PINHO, Osmundo
Araújo (organizadores). Raça: novas perspectivas antropológicas - 2 ed. rev.
Salvador: Associação Brasileira de Antropologia: EDUFBA, 2008.
HASENBALG, Carlos A. Negros e mestiços: vida,
cotidiano e movimento. In: SILVA, Nelson do Valle; HASENBALG, Carlos A.
Relações raciais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Rio Fundo Ed.,
IUPERJ, 1992.
OLIVA, Anderson. Lições sobre África:
diálogos entre as representações dos africanos no imaginário Ocidental e o
ensino da história da África no Mundo Atlântico (1990-2005). Tese de Doutorado.
Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
ROSEMBERG, Fúlvia. Racismo em livros
didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Educação e
Pesquisa. São Paulo, v. 29, n.1, jan./jun, 2003.
Bom dia! Olá, Cirila Regina Ferreira Serra!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de parabeniza-la pela produção. A leitura além de instigante me causou muitas inquietações. Principalmente por enfrentar o racismo cotidiano nos ambientes escolares, e problematizar as construções presentes nos livros didáticos.
A questão que eu gostaria de fazer seria relacionada ao ensino de história em sala de aula intercruzando a questão do racismo. Se a proposta de uma leitura critica com os alunos em sala de aula, dos materiais didáticos que eles mesmos fazem uso, não seria uma ferramenta também efetiva na desconstrução dos racismos?
Mais uma vez destaco que pude aprender bastante com a leitura e tomar notas. Também conhecer algumas referências.
Um abraço!
Ayrton Matheus da Silva Nascimento.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada pela pergunta!
ExcluirSim Ayrton, a desconstrução de visões que permeiam o livro didático é importantíssimo que se faça na sala de aula, bem como o acréscimo de informações que muita das vezes falta no livro didático. Mas para isso acontecer não é somente necessário que o professor tenha consciência disso, se faz importante que tenha conhecimento suficiente para fazer tal trabalho. Por isso, que, cursos de formação continuada sobre relações étnico raciais e sobre a história de África se faz muito importante, pois muitos professores de história não tiveram durante sua formação tais temas.
Abraço!
Cirila Regina Ferreira Serra
olá ,qual seria a importância do livro " casa grande e senzala" para a construção de uma identidade nacional,principalmente pós-1937 com o estado novo?
ResponderExcluirIGOR MOREIRA AZEVEDO
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada pela pergunta!
ExcluirCasa Grande e Senzala deu um rumo diferente para o estigma da mestiçagem, o que antes era visto como algo ruim, passou a ser visto como algo bom. Freyre conseguiu fazer com que a mestiçagem fosse aceita. Na concepção trazida por Freyre as relações entre branco, negro e indígena foram narradas numa perspectiva harmoniosa. Tal concepção foi um marco para a construção da ideia de uma identidade nacional, a base para o que a historiografia denominou de mito da democracia racial. Tal mito, ainda hoje, é utilizado como argumento por aqueles que não querem reconhecer que somos uma sociedade racista, isto é, a positivação da mestiçagem teve um custo, a de esconder a violência da escravidão e o nosso racismo.
Abraço!
Cirila Regina Ferreira Serra
qual o pensamento da autora , sobre a importância do livro didático para a propagação do debate sobre diferença de raça e de cor na sala de aula , principalmente em um momento politico em que se tenta silenciar o professor ?
ResponderExcluirIGOR MOREIRA AZEVEDO
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado pela pergunta!
ExcluirA minha opinião sobre importância do livro didático no contexto de raça e de cor na sala de aula não foge do que expus no texto, mas vejo o ofício de historiador e de professor de história num momento ruim para o seu exercício, porém fundamental. Nunca fomos tão importantes na sala de aula.
Abraço!
Cirila Regina Ferreira Serra
Boa Tarde, primeiramente parabéns pelo seu trabalho, ele esta muito completo e me chamou muita atenção.
ResponderExcluirEu queria saber quais políticas com a finalidade do ensino de cultura e história negra tem apresentado melhores resultados?
att: Hiza Júlia Ruben Corrêa Leal
Obrigada pela pergunta!
ExcluirHiza, até onde tenho observado a partir das minhas pesquisas, a Lei 10.639/03 ainda tem sido a política que tem apresentado um melhor resultado, embora o resultado ainda não seja o esperado. Pois foi a partir da Lei 10.639/03 que todo um movimento passou a acontecer, como discussões no espaço escolar, materiais didáticos e cursos de formação continuada tratando sobre as relações étnico raciais, história de África e cultura afro-brasileira.
Abraço!
Obrigada por responder e mais uma vez parabéns pelo trabalho.
ExcluirEu que agradeço por sua contribuição. Grata!
ExcluirCirila Regina Ferreira Serra
A ideia de mestiçagem que é muito presente em livros didáticos dá apoio a ideia dessa democracia racial, mas não seria de fato importante não só estar presente em livros didáticos como nos debates cotidianos a que custo foi feita essa mestiçagem? Que essa mestiçagem é fruto de abusos.
ResponderExcluirMirielly Almeida do Nascimento
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada pela pergunta!
ExcluirSim, com certeza. O custo social da mestiçagem deveria ser sim pauta dos debates para além do espaço escolar e acadêmico. Tal questão ainda se faz muito presente no âmbito acadêmico e a sociedade civil acaba não compartilhando, infelizmente. Agora para trazermos tal debate para sociedade civil exige uma junção de setores como políticas sociais, meios de comunicação, espaço escolar, academia, planos de educação, ou seja, tem que haver interesse que de fato esse debate seja do conhecimento de todos, pois isso significaria uma nação consciente do seu processo histórico.
Abraço!
Cirila Regina Ferreira Serra
A identificação de raça, principalmente para os negros está ligado a uma história de luta que é perpetuada por causa do racismo estrutural, e que não é problema unicamente brasileiro, e ainda é verdade que mesmo vivendo em países que tiveram um histórico escravocrata e colonialista tudo isso não está tão longe da nossa realidade, como proceder?
ResponderExcluirEduardo Silva Leite
Obrigada pela pergunta Eduardo.
ExcluirConstruindo consciência histórica a partir duma educação que permita a compreensão dos processos históricos do ponto de vista do povo negro e indígena. Buscando por políticas públicas e sociais que oportunizam inserção social, acesso a educação, saúde, moradia, trabalho e saneamento básico e fiscalizar se tais ações estão sendo aplicadas, promover debates abertos, fazer uso dos meios de comunicação, exigir que o racismo seja pauta do Estado, bem como inserir o Estado na pauta de tudo que se referir ao racismo e suas variáveis, são caminhos para transformar a realidade que temos. De muito longe já viemos e muito ainda temos que conquistar, precisamos de organização política e social sólida, efetiva e ativa. Assim como levarmos para sala de aula e para a sociedade civil consciência história, alfabetização política e comunicação.
Abraço!
Cirila Regina Ferreira Serra