DISCUTINDO A CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE ITALIANA EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE OFICINA
A
História local e o ambiente escolar
No ano de 1878, um grupo formado por cerca de
quinze famílias italianas sobe a serra do mar em direção ao primeiro planalto
do Paraná. Nos arredores de Curitiba, estes imigrantes adquirem as terras que
darão origem à Colônia Santa Felicidade (Balhana, 1958, pp. 35-36). No
centenário do estabelecimento da colônia, em 1978, festividades e discursos
procuram afirmar a identidade desta população de italianos e seus descendentes.
Nesta apresentação, tecemos considerações acerca da proposta de trabalhar esta
construção de identidade com os estudantes do 8º ano Ensino Fundamental das
escolas públicas de Curitiba, PR – período no qual os alunos devem ter contato
com a história da imigração europeia no Paraná.
Para isso, nos apoiamos nas ideias de
Bittencourt, quando a autora explora a relação entre memória e História local
no ambiente escolar. Para ela:
“A história local tem sido indicada para o
ensino por possibilitar a compreensão do entorno do aluno, identificando o
passado sempre presente nos vários espaços de convivência (...) e igualmente
por situar os problemas significativos da história do presente” (Bittencourt,
2008, p. 168).
Ao considerarmos estas afirmações, devemos
ressaltar que a história local se relaciona intimamente com a memória, pois, de
acordo com Bittencourt: “a questão da memória impõe-se por ser a base da
identidade [grifo nosso], e é pela memória que se chega à história local”
(Bittencourt, 2008, p. 169). Contundo, ressalta a autora, a memória não deve
ser confundida com a História, pois a última “exige, na análise das memórias,
um rigor metodológico na crítica e na confrontação com outros registros e
testemunhos” (Bittencourt, 2008, p.170).
Para Barros, a construção de identidades –
nosso tema central –, antes tidas como dadas e estabelecidas, também está sendo
estudados pela Nova História Cultural, o que o autor considera como uma
abertura de reflexões (Barros, 2011, p.57). De maneira mais específica,
Woodward relaciona os conceitos de identidade e de representação. Para ela:
“A representação inclui as práticas de
significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são
produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos significados
produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que
somos. Podemos inclusive sugerir que esses sistemas simbólicos tornam possível
aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos tornar. A representação,
estabelecida como um processo cultural, estabelece identidades individuais e
coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis
respondam às questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser? Os
discursos e os sistemas de representações constroem os lugares a partir dos
quais os indivíduos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar”
(Woodward in Silva, 2000, p.25).
O conceito de identidade, e sua construção,
são pontos fundamentais na atividade que propomos. Consideramos aqui a sua
definição conforme trabalhada por Stuart Hall. Para ele, o sujeito pós-moderno
é: “conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial e permanente
(...) Ela é formada e transformada continuamente em relação às formas pelas
quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos
rodeiam. É definida historicamente e não biologicamente. O sujeito assume
identidades diferentes em diferentes momentos” (Hall, 1999, p.13).
Explorando
o contexto: os italianos no Paraná
Estabelecidos os conceitos que norteiam a
presente proposta, julgamos necessário discutir também o fenômeno da imigração
italiana de maneira geral, de modo a fornecer aos alunos o arcabouço teórico
para a realização da atividade. Desta forma, elencamos algumas obras que
julgamos como as mais relevantes para este propósito, procurando compreender aspectos
tanto gerais acerca da imigração italiana como questões mais específicas à
Colônia Santa Felicidade.
Bertonha apresenta um panorama bastante geral
acerca deste tema, ocupando-se da formação do povo italiano, oriundo de várias
migrações, da formação do próprio Estado Italiano no século XIX, e da própria
ideia de uma nacionalidade italiana. O autor também comenta sobre as razões da
grande emigração que ocorre a partir da segunda metade do século XIX - entre os
anos de 1870 e 1970 - onde cerca de 26 milhões de italianos teriam deixado o
país. Para ele, o rápido aumento na população, a falta de postos de trabalho -
principalmente no campo - decorrentes de um modelo capitalista de produção, e a
crescente demanda global por mão-de-obra foram alguns dos fatores que motivaram
esses grandes contingentes de emigrantes a procurarem seu sustento em outros
países (Bertonha, 2010, p.84).
Ao pensarmos a imigração no Paraná,
recorremos à bibliografia desenvolvida por Nadalin. O autor comenta que a
imigração para o Paraná no século XIX foi articulada à proposta de atração de
colonos brancos, que seriam morigerados e laboriosos - trabalhadores livres, em
detrimento do regime escravista (Nadalin, 2001, p.53). No momento após a
independência do Brasil, esses imigrantes seriam os responsáveis pelo
estabelecimento de pequenas propriedades familiares e sem escravos,
contribuindo para o povoamento, e que trariam ao país novas técnicas agrícolas
e a “virtude do trabalho” (Nadalin, 2001, p.65). Do mesmo autor, em conjunto com
Andreazza, temos estudos sobre a relação entre imigrantes e a sociedade. Os
autores tratam da identidade étnica destas pessoas e seus descendentes - que,
em contato com a cultura paranaense, já não são mais europeias, e sim,
imigrantes (Andreazza, Nadalin, 1994, p. 61). A maioria destes núcleos
coloniais agrícolas, organizados em torno dos municípios como Curitiba,
converteram-se em bairros da capital paranaense (Andreazza, Nadalin, 1994, p.
70).
Já Machioski procurou entender o processo de
construção de uma identidade etnocultural dos imigrantes italianos que formaram
as colônias no entorno da capital paranaense. Para entender a construção dessa
identidade italiana, ele faz análise do discurso do padre Cobalcchini, e
procura ver como o mesmo foi recebido pelos imigrantes, pois, de acordo com o
autor, “discurso é um instrumento de luta presente nas relações de poder, que é
usado para a construção e afirmação do modo particular de existência de um
grupo…” (Machioski, 2018, p. 20). Assim, a identidade se constrói através da
alteridade, do contraste evidenciado pelo contato entre as culturas (Machioski,
2018, p. 20).
No caso específico de Santa Felicidade,
encontramos como grande expoente os diversos estudos desenvolvidos por Balhana.
Para a autora, Santa Felicidade representava “a melhor amostra da colonização
italiana no Paraná, uma vez que constitui uma ‘colônia’ no sentido sociológico,
portanto capaz de dar a medida do processo de assimilação deste contingente
humano na sociedade paranaense. Ainda guarda aspectos interessantes de sua
cultura original, porém está em franco processo assimilatório” (Balhana, 1958,
p. 6). A autora nos apresenta também uma análise de Santa Felicidade e de suas
famílias com base na demografia histórica e da dinâmica populacional, procurando
entender a grande taxa de crescimento de um número relativamente pequeno de
imigrantes. Ela estabelece como limites de sua análise os anos entre 1886 -
data dos registros mais antigos preservados na igreja de São José e Santa
Felicidade - e 1959, ano no qual observa um aumento bastante significativo no
estabelecimento de famílias provenientes de migração interna - de outros
lugares do Paraná e mesmo de outros estados do país - o que teria causado uma
descaracterização da comunidade camponesa preponderantemente italiana (Balhana,
1977, p. 17). Levando em conta que pretendemos trabalhar com os alunos os
registros referentes a essa comunidade por volta de 1978 cremos ser este estudo
bastante significativo para a presente proposta.
Por fim, Maranhão utiliza a comida típica do
bairro Santa Felicidade e dos restaurantes para discutir etnicidade, relações
interétnicas, e, também transnacionalidade, dando destaque para a comida como
símbolo de etnicidade e identidade. Partindo da discussão mais geral acerca da
formação histórica do bairro, a autora procurou trabalhar a identidade
italiana, que seria, de acordo com ela, expressa em contraponto aos outros
italianos - que não passaram pela experiência do campo - e aos curitibanos
(Maranhão, 2014).
Trabalhar
a imigração em sala de aula
Ao procurarmos justificativas para o
desenvolvimento desta proposta, devemos primeiramente ressaltar que o tema da
imigração no Paraná se enquadra Proposta de Currículo da Rede Estadual
Paranaense. Além disso, constatamos que a essa temática não é nova para a
historiografia paranaense. Grupos de imigrantes que se estabeleceram em
Curitiba e em seu entorno, como os italianos de Santa Felicidade, têm sido
estudados frequentemente. No caso destes últimos, as primeiras pesquisas acadêmicas
se encontram ainda nos anos 1950, com as obras já citadas de Balhana, nas quais
a historiadora procurou abordar temas diversos acerca da colônia - de uma
análise geral acerca da formação e do cotidiano, ligada à Antropologia, a temas
mais específicos, como atividades comerciais, e à organização demográfica. Em
anos mais recentes encontramos ainda outros trabalhos voltados ao tema, como as
obras de Maranhão - que aborda a (re)construção de uma identidade para o bairro
pautada na alimentação, com foco especial para os anos 1990, e também de
Machioski, na qual o autor explorou a construção de identidade das colônias
italianas no entorno de Curitiba no final do século XIX.
Propomos explorar com os alunos a maneira
como essa população de descendentes de imigrantes é retratada quando se
passaram cem anos desde que as quinze famílias citadas nas fontes adquiriram os
primeiros terrenos em volta de Curitiba. Consideramos também que, frente às
notícias referentes à imigração e à crise dos refugiados veiculadas na mídia de
massa, é necessário que os alunos tenham contato tanto com a história da
imigração quanto com os mecanismos através dos quais os discursos acerca destes
contingentes populacionais são produzidos.
A
oficina
Com base nas ideias elencadas no parágrafo
anterior, podemos refletir de maneira mais direta sobre a nossa proposta de
aplicação. Concebemos a atividade de maneira a envolver a participação direta
dos alunos e, sendo assim, optamos por seguir o modelo de oficina, pois,
consideramos que:
“A articulação entre teoria e prática é
sempre um desafio, não apenas na área de educação. Entre pensar e fazer algo há
uma grande distância que, no entanto, pode ser vencida. Um dos caminhos
possíveis para a superação dessa situação é a construção de estratégias de
integração entre pressupostos teóricos e práticas, o que, fundamentalmente,
caracteriza as oficinas pedagógicas” (Fontana, Paviani, 2009, p. 78).
Assim, a oficina:
“Atende, basicamente, a duas finalidades: (a)
articulação de conceitos, pressupostos e noções com ações concretas,
vivenciadas pelo participante ou aprendiz; e (b) vivência e execução de tarefas
em equipe, isto é, apropriação ou construção coletiva de saberes (Fontana,
Paviani, 2009, p. 78).
Desta forma, estabelecemos as diretrizes para
a atividade: deve ser realizada em duas aulas – preferencial, mas não
exclusivamente, geminadas. No primeiro momento, cabe ao professor a explanação
acerca dos elementos gerais da proposta, e uma breve apresentação do
referencial teórico no que tange os imigrantes de Santa Felicidade,
compreendendo dados gerais sobre imigração e formação história da colônia a
partir do ano de 1878, seguindo os textos e autores indicados nos parágrafos
anteriores. Isso tem por finalidade fornecer o contexto aos alunos, assim como
levantar questões que poderão ser exploradas na sequência.
Em um segundo momento, será necessária a
participação dos alunos, os quais, organizados em grupos, deverão analisar
extratos de fontes fornecidos pelo professor – textos como recortes de jornal,
trechos de livros, e programas religiosos, datados do centenário de fundação da
colônia, em 1978. Caberá a eles, com auxílio da medicação docente, localizar
nas fontes quais são os elementos que indicam o estabelecimento e a continuação
de uma identidade destes italianos e seus descendentes, o que se fala deles,
quais os adjetivos são usados para descrevê-los. Eles devem discutir suas
ideias primeiramente dentro de seus grupos, e, em seguida, com os outros grupos
na sala de aula. Para concluir a atividade, esperamos também que uma discussão
mais ampla acerca da representação de imigrantes e refugiados na mídia atual
seja fomentada.
Como resultado desta proposta, de modo geral,
esperamos que, partindo do exemplo dos italianos de Santa Felicidade, os alunos
compreendam as maneiras pelas quais identidades são estabelecidas,
desconstruindo as ideias de que elas são elementos naturais, imutáveis,
permanentes. Temos como objetivo também que eles estejam aptos, a partir das
discussões, a exibir um pensamento mais crítico com relação às suas próprias
identidades e às identidades daqueles que os rodeiam – seja no próprio ambiente
escolar, no bairro, na cidade, ou mesmo em termos globais.
Considerações
Por fim, devemos fazer algumas considerações
sobre a presente proposta. Tendo em vista o mundo com uma grande pluralidade de
culturas em contato no qual estamos inseridos, identificamos a importância e a
atualidade deste tema, e a necessidade de explorá-lo com os alunos do Ensino
Básico. Deste modo, pensamos nesta atividade – ainda em caráter teórico – como
uma maneira de fazer uso dos conteúdos já estabelecidos para a disciplina de
História do 8º ano do Ensino Fundamental e, ao mesmo tempo, trabalhar em sua
desconstrução, propondo uma visão, de certa forma, teórica – ainda que adaptada
ao nosso público alvo adolescente – acerca da construção de identidades, aliada
à prática historiográfica de análise e interpretação de fontes, que deverá ser
realizada pelos próprios estudantes.
Partindo de elementos contextuais mais
básicos e factuais acerca da temática da imigração italiana – explorando, de
maneira mais específica, os italianos da Colônia Santa Felicidade, em Curitiba
– propomos levar essa discussão de forma a desconstruir a naturalização e a
cristalização que muitas vezes é apresentada em torno das identidades dos
grupos de imigrantes. Assim, proporcionamos aos alunos a oportunidade de – ao
trabalharem em contato direto com as fontes – participarem ativamente da
construção do conhecimento histórico, debatendo em contato com seus colegas, o
que justifica o modelo escolhido de atividade: a oficina. Desta forma,
esperamos que os eles possam estabelecer conexões para além da sala de aula,
relacionando o que aprenderam ao seu próprio cotidiano, especialmente em um
contexto mundial onde imigrantes e refugiados se fazem cada vez mais presentes.
Referências
Bruno Ercole é mestrando do programa de
Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná, no qual desenvolve
pesquisa sobre imigração italiana e construção de identidade de imigrantes.
Possui os títulos de Bacharel e Licenciado em História pela mesma instituição.
Fontes para realização da oficina:
ARQUIVO DA PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ E SANTA
FELICIDADE. Santa Felicidade, 1878 - 1978, centenário da imigração italiana.
Livreto comemorativo e missal. 1978.
BRAIDO, Pe. Jacir Francisco. O bairro que chegou
num navio. Curitiba: Lítero-Técnica, 1978.
CARDOSO, R. de S. (trad.). Os cem anos de
Santa Felicidade. In: Boletim do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico
Paranaense. Vol. XXIV. Curitiba, 1978.
Elaboração de festejos para imigração
italiana. Diário da tarde. Curitiba, 20 de jan. 1978.
Santa Felicidade faz a festa. Diário do
Paraná. Curitiba, 20 jan. 1978.
Santa Felicidade, o paraíso: 100 anos. O
Estado do Paraná. Curitiba, 29 jan. 1978.
DORALICE ZOTTO DE ANDRADE. Santa Felicidade:
100 anos (passado e presente da “pequena Itália comercial e festiva”). Revista
Panorama. nº 254, ano 27, fev. 1978. 62 p. Artigo. pp. 4-8.
Uma festa de cem anos. O Estado do Paraná.
Curitiba, 20 set. 1978.
100 anos de Santa Felicidade. Gazeta do Povo.
24 set. 1978.
Tempo de restauração. Correio de Notícias. 06
out. 1978.
Relíquias lembram imigração italiana. Gazeta
do Povo. 14 out 1978.
Centenário da imigração inicia festejos.
Gazeta do Povo. 18 nov 1978.
Na Santa Felicidade. O Estado do Paraná.
Curitiba, 15 jan. 1979.
Obras consultadas
ANDREAZZA, Maria Luiza, NADALIN, Sérgio
Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e a família imigrante.
Revista Brasileira de Estudos de População, 11(1): 61-87, jan/jun, 1994.
BALHANA, Altiva Pillati. Famílias Coloniais: fecundidade
e descendência. Curitiba: A.M. Cavalcanti & Cia. Ltda, 1977.
BALHANA, Altiva Pilatti. Santa Felicidade: um
processo de assimilação. Curitiba: João Haupt & CIA, 1958.
BARROS, José. D’Assunção. A Nova História Cultural - considerações sobre o seu universo conceitual e seus diálogos com outros campos históricos. In: Cadernos de História, v.12, n. 16, PUC Minas, 2011. pp. 38 - 63. p. 60. Disponível em:
BARROS, José. D’Assunção. A Nova História Cultural - considerações sobre o seu universo conceitual e seus diálogos com outros campos históricos. In: Cadernos de História, v.12, n. 16, PUC Minas, 2011. pp. 38 - 63. p. 60. Disponível em:
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de
História: fundamentos e métodos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
CURRÍCULO DA REDE ESTADUAL PARANAENSE.
Secretaria de Educação do Paraná. Disponível em:
FONTANA, Niura Maria, PAVIANI, Neires Maria
Soldatellli. Oficinas pedagógicas: relato de uma experiência. Conjectura:
Filosofia e Educação, v. 14, n. 2, p. 77-88.
HALL, Stuart. A identidade cultural na
pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
MACHIOSKI, Fábio Luiz. Uma luta ultramontana:
o discurso do padre Pietro Cobalcchini e o forjar da identidade dos imigrantes
italianos em Curitiba no final do século XIX. Dissertação (Mestrado em
História) - UFPR, Curitiba, 2018.
MARANHÃO, Maria Fernanda Campelo. Santa
Felicidade, o bairro italiano de Curitiba: um estudo sobre restaurantes,
rituais, e (re)construção da identidade étnica. Curitiba: SAMP, 2014.
NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do
território, população e migrações. Curitiba: SAMP, 2001.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença:
uma introdução teórica e conceitual. In SILVA, Tomaz Tadeu da, (Org.).
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes,
2000. pp. 25-26.
olá professor, gostei do texto, e da metodologia no ensino pedagógico para os estudantes, parabéns.
ResponderExcluirOlá!
ExcluirMuito obrigado!
Olá Bruno! Exelente texto. Gostaria de saber quais as principais dificuldades encontradas por esses imigrantes ao se estabelecerem nessa região.
ResponderExcluirTainá Guanini de Oliveira
Olá, Tainá!
ExcluirMuito obrigado!
De maneira geral, os que as fontes apresentam foi uma dificuldade inicial por parte dos italianos ao chegarem no litoral do Paraná, onde foram designados para a Colônia Nova Itália. Eles não teriam se adaptado ao clima, às doenças, e às novas culturas da região. Por isso um grupo composto por cerca de quinze dessas famílias teria deixado a colônia em busca de terrenos no primeiro planalto, encontrando na região que hoje é Santa Felicidade um local mais propício para se estabelecerem.
Bruno Ercole
Olá Bruno! Primeiramente parabéns pelo texto e por se interessar pela pesquisa da história da imigração no Paraná. Obrigado por citar minha dissertação no teu texto, gostaria muito de receber suas considerações a respeito da minha pesquisa, enfim, acredito que podemos trocar ideias. Por fim, queria deixar algumas questões e reflexões:
ResponderExcluir1 - (Essa é curiosidade) Você mora em Santa Felicidade ou é descendente dos Ercole de lá?
2 - Como você percebe o papel do discurso religioso no processo de construção da identidade dos imigrantes e descendentes em Santa Felicidade?
3 - Quais seriam os principais signos e representações da italianidade entre os descendentes em Santa Felicidade?
4 - É possível perceber diferentes afirmações de identidade étnica, como por exemplo, eu sou veneto, eu sou italiano?
Parabéns mais uma vez e espero que possamos trocar experiências de pesquisa futuramente.
Fábio Luiz Machioski
Olá, Fábio!
ExcluirMuito obrigado pelas considerações. A sua dissertação foi um dos primeiros textos aos quais tive acesso para elaboração do meu projeto. Gostei muito do trabalho, e gostaria muito de discutir essas ideias pessoalmente, assim que for possível.
Quanto às perguntas, vamos lá:
1 - Os dois. Sou dos Ercole daqui e também vivo no bairro.
2 - Como explorado na sua dissertação, as fontes deixam bem claro o papel da Igreja nos primeiros anos das colônias, no que tange a elaboração de uma identidade. No caso específico de Santa Felicidade, o primeiro texto a contar a história do bairro foi escrito pelo padre Martini ainda em 1908, no ele comenta do papel fundamental da religião para essa, então, colônia. Em minha pesquisa, que compreende, de maneira mais direta, o período do Centenário da fundação, em 1978, ainda percebo um discurso religioso bastante presente, mas ainda serão necessárias mais análises.
3 - Assim como as representações mais tradicionais acerca dos imigrantes italianos, conforme exploradas por vários dos autores na bibliografia apontada acima, a religião Católica, a "aptidão ao trabalho" - entre aspas, por que pretendo explorar o conceito de maneira mais pormenorizada -, e a culinária são, geralmente, os pontos mais lembrados e que fazem referência a uma italianidade que é construída - tema de nossas pesquisas.
4 - Relacionando-se um pouco com a pergunta acima, o que observo nas fontes é uma mescla de termos. Ao mesmo tempo em que se busca apresentar a ideia de um imigrante vêneto camponês, o termo mais geral "italianos" também se aplica com bastante frequência. Ao pensar nessa diferença, me remeto ao levantamento feito por Angelo Trento, que, no livro "Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil", no qual o autor comenta sobre a relevância da diferença da proveniência regional na formação das colônias, em especial no Sul do Brasil.
Se pensarmos ainda que, os italianos de Santa Felicidade saíram de Gênova no final de 1877, e o Vêneto foi oficialmente anexado à Itália em 1871, eles viveram muito pouco tempo, de fato, em uma Itália unificada. Mas este também é um assunto que pretendo explorar mais durante a pesquisa.
Vamos ficar em contato!
Abraço,
Bruno Ercole
Olá Bruno Ercole. Parabéns pelo texto e pela pesquisa em desenvolvimento. Tenho algumas dúvidas quanto a problemática e algumas reflexões e gostaria de compartilhar. Resido no Oeste do Paraná e sou oriundo de uma família de migrantes do Rio Grande do Sul que trouxeram consigo uma identidade ainda muito reivindicada de italianos. Junto com este leque também trouxeram muito racismo e preconceito racial, principalmente com povos negros, indígenas ou nas palavras dos mais velhos, “os nortistas”. Muitos destas pessoas na região reivindicam um passado longínquo de imigrantes mas ao mesmo tempo, na contemporaneidade negam e atacam os povos que hoje chegam na região. Em minha formação e experiência de vida não consegui me sentir parte dessa identidade reivindicada e nunca me percebi enquanto descendente italiano. Como abordar esta temática? Como evitar que conceitos e preconceitos sejam reconstituídos? Como a escola pode ser um grande intermediador no desenvolvimento dessa identidade e mesmo assim, evitar os preconceitos raciais? Acredito que essa seja um dos papeis da escola, principalmente na construção de olhares voltados para os Direitos Humanos. Mais uma vez parabéns pela pesquisa e estou muito curioso para ver o desenvolvimento.
ResponderExcluirRudy Nick Vencatto
Olá, Rudy!
ExcluirMuito obrigado pelo seu interesse em meu trabalho.
A questão do preconceito é algo que pretendo enfrentar ao alongo da pesquisa, visto que, ao analisar determinados grupos de ítalo-descendentes, é muito comum ver uma antipatia não disfarçada com relação aos novos imigrantes e refugiados que buscam ajuda na Europa.
A ideia de trabalhar essa temática em sala de aula vem justamente da necessidade que verifiquei em demonstrar a esses alunos que as identidades que vemos hoje, como no caso dos italianos de Santa Felicidade, são conceitos construídos historicamente, e muitas vezes perpetuados ao longo de décadas sem que haja uma devida reflexão acerca de seu estabelecimento - que, muitas vezes, os coloca como superiores, em detrimento de outras etnias.
Concordo com você que a escola é o meio através do qual podemos tentar mudar o olhar das pessoas sobre essas temáticas.
Bruno Ercole
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite, parabéns pelo texto, muito bem elaborado, e tem questões importantes, no que se refere a identidade de lugar, esse pertencimento, se ver como parte, um cidadão que cultua no caso aqui a cultura Italiana, e continuar esse processo para que a mesma continue viva, cabe aqui salientar a importância também de se trabalhar o conteúdo em sala de aula, fica aqui também o meu elogio quanto a prática pedagogica proposta, e essa valorização,
ResponderExcluirAss: Felipe Luiz Mokochi
Boa noite, Felipe!
ExcluirMuito obrigado pelo seu interesse no texto. Realmente, proponho trabalhar o processo de construção histórica de uma identidade italiana no âmbito da História local em sala de aula justamente para que os alunos possam compreender como ocorre esse processo.
Bruno Ercole
Olá Bruno, parabéns pelo seu trabalho!! Considero a temática da imigração uma conteúdo importante a ser explorado no ensino de História da Educação Básica, especialmente para desconstruir determinados pre-conceitos/senso comum que se estabelece sobre o imigrantes no Brasil. Também trabalho com a imigração italiana no Paraná, sobre a história das escolas italianas. Considero que há muitas possibilidades de pesquisar essa etnia e empreender propostas de ensino desse conteúdo. A sua proposta é um belo exemplo. Parabéns!
ResponderExcluirBoa noite, Elaine!
ExcluirMuito obrigado pelo interesse. Em processo de escrever meu projeto de mestrado me deparei com seus trabalhos e foram influências muito interessantes.
Realmente, este campo me chamou bastante atenção. No estágio, ainda na graduação, já tinha abordado o tema da imigração com os alunos do Ensino Fundamental e senti um interesse genuíno por parte deles.
Mais uma vez, muito obrigado!
Bruno Ercole