Lucivaine Melo Da Silva e Maria Geral De A. Moreira


ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS


O ensino de história indígena ainda não é prática comum no cotidiano escolar, mesmo após a aprovação da Lei 11.645/2008 que tornou obrigatório o ensino dessa temática na educação básica. Todavia, “a escola, ao longo da história do Brasil, cristalizou determinadas imagens dos índios que “fazem a cabeça” dos cidadãos presentes e futuros, que acabou favorecendo a exclusão da presença indígena da sociedade e cultura brasileira” (Funari; Piñón, 2011, p.8), um conceito estereotipado produzido a partir do olhar europeu que homogeneíza as etnias, construindo uma ideia como se fossem únicas, ou seja, possuíam a mesma cultura e tradições. O texto de Funari e Piñón (2011) propõe uma abordagem ao Ensino de História Indígena destacando que este precisa de valorizar, em suas práticas, a questão da visibilidade da identidade desses povos em reforçar as resistências dos grupos étnicos, suas lutas, o movimento indígena em geral e suas lideranças.

A homologação da Lei 11.645/08 que tornou obrigatório o ensino de história e cultura indígena na educação básica é fruto dos esforços do movimento indígena que, desde a década de 1970, luta pelo reconhecimento da diversidade, bem como pela terra e por uma educação diferenciada. Embora a obrigatoriedade dessa temática pela legislação seja um avanço, a mudança no cotidiano da escola depende de diferentes fatores, entre eles enfatizar a pluralidade desses povos dentro da sociedade brasileira e quanto desses costumes está presente na nossa vida diária, a exemplo da alimentação, religiosidade e outros.

É possível usar uma manifestação cultural como recurso didático na abordagem da temática indígena na sala de aula? Essa indagação surgiu a partir de ações do Subprojeto do Pibid de História da UEG - Campus de Iporá, que tem buscado alternativas didáticas para discutir a temática na universidade e na escola. Nesse relato de experiência, buscamos analisar essa experiência inicial de uso do grafismo e da pintura corporal indígena como recurso para ensinar a História Indígena.     
   
O grafismo corporal como recurso didático
Vidal (2010) em sua obra apresenta as várias manifestações culturais dos grupos indígenas com foco no grafismo e no adorno. A arte do grafismo apresenta particularidades de cada etnia e significações marcadas pela tradição, pela ancestralidade e pela oralidade. De acordo com este método: “A pintura de corpo pode ser feita com a ajuda das mãos e dedos; os traços mais finos se fazem com pequenos estiletes de palha ou madeira. É comum a utilização de carimbos, tal como um coco de babaçu cortado ao meio, o que produz um círculo que inclui quatro círculos menores” (Melatti, 1994, p.165).
       
A utilização do material, as cores empregadas e os símbolos desenhados possuem relação com o espaço habitado e com os saberes, valores e crenças. A pintura corporal e o grafismo são manifestações culturais que se utilizam do corpo como suporte. Algumas pinturas podem ser usadas diariamente pelos membros do grupo, já outras, devem ser usadas apenas em dias de festividades, podendo ser consideradas como demarcadores da identidade e do pertencimento ao grupo, ou seja, “[...] a pintura corporal, como meio de distinguir os grupos em que está dividida uma sociedade indígena, lembrando um pouco das finalidades de nosso vestuário” (Melatti, 1994, p. 163).

Desta forma, o grafismo se caracteriza por seus traços geométricos bem elaborados, sendo que os desenhos possuem elementos simbólicos os quais representam elementos cósmicos, da natureza e são, geralmente, desenhados em momentos de festividades nas aldeias, como por exemplo os ritos de passagens e usados como identificações civis (solteiros ou casados). Ambos podem ser observados como elementos que definem e distinguem cada etnia e possuem um código de linguagem específico, como afirma Vidal “[...] a arte funciona como meio de comunicação. Disso emana a força, a autenticidade e o valor da estética tribal” (2000, p.17).

Ao usar o grafismo indígena como recurso didático nas aulas do ensino de história indígena, o propósito foi o de apresentar as diferenças existentes entre os grupos indígenas do Brasil, tendo o grafismo como demarcador da identidade e da cultura de um povo e, ao mesmo tempo, buscamos ressaltar o movimento de atualização vivenciado pelos povos indígenas, o que redefine tais práticas, não as deixando desaparecer. “Essa pequena digressão histórica é importante, uma vez que é exatamente nas aldeias onde a pintura corporal é feita de maneira mais complexa, que as manifestações rituais acontecem de forma mais intensa e frequente” (Vidal, 2010, p.192).

Nesse sentido, fomentar o diálogo no ambiente escolar constitui-se em uma ação essencial para contribuir para o reconhecimento da pluralidade cultural existente no Brasil, para a ampliação dos conhecimentos dos alunos quanto à temática indígena e, ainda, para a desconstrução de ideias preconceituosas, de acordo com Funari e Pinón (2011): “A escola, por seu papel de formação da criança, adquire um potencial estratégico capaz de atuar para que os índios passem a ser considerados não apenas um “outro”, a ser observado à distância e com medo, desprezo ou admiração, mas como parte deste nosso maior tesouro: a diversidade” (Funari, Piñón, 2011, p.116). Novas abordagens produzidas pela História Indígena têm buscando compreender não o “índio” genérico, mas a especificidade, os modos de viver, a relação com o espaço, as manifestações culturais de cada etnia, percebendo-os como sujeitos históricos e, portanto, atores sociais que, embora imersos em contextos de violências, não ficaram passivos frente à situação, sendo que cada etnia ou grupo vivenciou de forma diferenciada esse processo histórico.
       
Sendo assim, “Nas últimas décadas, no entanto, os estudos históricos sobre eles têm se multiplicado e contribuído para desconstruir visões equivocadas e preconceituosas” (Almeida, 2010, p.9).  Acreditava-se, até meados do ano de 1970, que haveria o desaparecimento total dos indígenas, pois a colonização trouxe um impacto de dizimação total de vários grupos e de outros, parcial. Esta definição se mostrou descaracterizada, pois os indígenas deixaram o papel de coadjuvantes, crescendo em números e resistências, alcançando o seu espaço de ator principal na formação do Estado Nacional. Esta retomada dos grupos étnicos à sua cultura é cada vez mais presente na atualidade. Perante a afirmação identitária observaremos alguns grupos em transformação, libertando-se do domínio repressor quanto a seus costumes. Pois, “[...] É necessário mantermos um distanciamento, um olhar crítico que permita que o grupo seja observado como particular, ou melhor, com características, modos de pensar e que são específicos [...]”, (Funari; Piñón, 2011, p.29-30).
    
Ampliando assim um novo olhar historiográfico a estes sujeitos, permeado por tradições e construtores de sua própria história, possibilitando o contexto como prática de ensino de História indígena na tentativa de romper com a preconcepção arraigada no imaginário dos estudantes. Diante da diversidade cultural e étnica existente entre as mais de 300 etnias indígenas do Brasil, optamos por trabalhar com duas etnias: a Karajá e a Pataxó.  Duas etnias que ocupam espaços territoriais distintos, uma o cerrado goiano - os Karajá - a outra o litoral da Bahia - Pataxó - e vivenciam processos históricos diversos.
        
Os Pataxó vivem na Reserva Indígena da Jaqueira, próximo a Porto Seguro - Bahia, distribuídos em 36 aldeias, inclusive na região de Minas Gerais, em um total de 12.326 indígenas Pataxó (Siasi/Sesai,2014), tendo o grupo como referencial tradicional a aldeia denominada de mãe Barra Velha.  Diferentemente dos Karajá, um fator que marcou esse grupo foi a intensidade do processo de colonização que ocasionou quase a sua extinção. Na atualidade, observa-se que esse grupo indígena vive um processo de retomada de sua identidade étnica e, nesse processo, alguns elementos de sua cultura estão sendo reelaborados. O grupo, assim como muitos outros do Nordeste, vive uma retomada de sua ancestralidade étnica, ou seja, “[...] estão reassumindo e recriando as suas tradições indígenas [...]” (Luciano, 2006, p.28).
        
No entanto, os Pataxó buscam, em pesquisas realizadas sobre seu grupo, informações sobre suas tradições, formas de pintura e seu significado. Além de pinturas tradicionais identificadas por meio desse levantamento, outros formatos têm sido produzidos pelo grupo como é o caso do Txopai - um traço geométrico feito nos braços dos homens e mulheres. A reelaboração da pintura corporal como parte de sua cultura se insere no processo de reafirmação étnica da identidade cultural do grupo.

O símbolo que predomina nas pinturas corporais dos Pataxó nos dias de rituais sagrados são os ligados a elementos da natureza, já o traço mais utilizado nas festividades do ritual da Fartura é a forma em “V” que simboliza a boca de um peixe com uma bolinha preta, a insígnia de poder e boa caça. Este é também uma recriação dos Pataxó em agradecimento ao Deus criador Niamisumie e representa a força e a luta do grupo que continua.

O outro grupo indígena que faz parte desse trabalho é a etnia Karajá. Segundo Vidal [2010] os Karajá são constituídos por três grupos: Javaé, Karajá do Norte e Xambioá que vivem nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins, tendo uma concentração maior do grupo no Parque Indígena Araguaia. Para esse grupo indígena, essa manifestação cultural é essencial nos frequentes rituais que marcam as aldeias: Santa Isabel do Morro, Fontoura e Javaé de Canoanã localizadas no estado de Tocantins.

Nessas aldeias é realizado um grande número de festividades, sendo a principal delas o Hetohoky “festa da casa grande” que marca a passagem da adolescência dos meninos para a vida adulta. Nesse ritual de passagem, diferentes aldeias se reúnem e a pintura corporal é fundamental. Com duração de vários meses, possui vários momentos os quais marcam a saída do menino da convivência com sua mãe para se juntar ao grupo masculino que tem uma casa centralizada na aldeia, até o ritual final que marca a sua inserção no grupo de adultos. As mulheres Karajá são as guardiãs da arte do grafismo, pois estas ensinam às suas filhas, por meio da observação, a partir dos traços executados na cerâmica, para que haja o processo da afirmação da tradição dos povos Karajá a ser perpetuado nas gerações seguintes.  Essa técnica está presente na confecção das cestarias com trançados e esteiras, para a cerimônia de casamento, que contém os traçados do grafismo.

Constatamos que, a partir da arte indígena, é possível trabalhar com os (as) alunos(as) a diversidade cultural dessa etnia, sendo possível, ao professor, desenvolvê-la por meio de projetos interdisciplinares, envolvendo as disciplinas de História, Geografia, Português e Arte, trabalhando produções que caracterizam as especificidades da cultura que permeia os grupos étnicos existentes no Brasil.  São abordagens didático-pedagógicas que permitem inserir no cotidiano escolar de forma positiva a temática indígena, pois contribui para o reconhecimento das identidades dessas minorias, rompendo assim com o processo histórico de invisibilidade desses povos.

As experiências realizadas corroboram que a pintura e o grafismo corporal, quando inseridos no cotidiano da sala de aula para abordar a temática indígena, são práticas pedagógicas que contribuem para desconstruir estereótipos, pois além de possibilitar a compreensão da diversidade cultural, contribuem para entender que são grupos distintos social e culturalmente, que atualmente assumem a identidade indígena. Ainda existe um caminho a ser percorrido para que o ensino de história indígena se efetive nos espaços educacionais, mas observamos que muitos profissionais vêm trabalhando com a diversidade cultural a partir de distintas propostas de valorização da diversidade cultural brasileira, contribuído assim para a transformação dos indivíduos quanto ao seu olhar em relação ao outro.  

Referências
Licenciada Lucivaine M. Silva em História pela Universidade Estadual de Goiás- Campus- Iporá-GO.
Mestre Maria Geralda A. Moreira. Docente do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás.
ALMEIDA, M. R. C. Os Índios na História do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
FUNARI, P.P; PIÑÓN, A. A Temática Indígena na Escola: subsídios para professores. São Paulo: Contexto, 2011.
MELATTI. C.J. Índios do Brasil. São Paulo, 1994.
POLECK, L. (Org.) Adornos e Pintura Corporal Karajá. Goiânia:  FUNAI / UFG. 1994.
PREDES, I. A.; ZORZO, F. A. Hamykahay - Expressão Gráfica Corporal Pataxó. In. Anais do XX Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico. 2001.
LUCIANO, G. dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: MEC/SECAD; LACED/Museu Nacional,2006. (Coleção Educação Para Todos. Séria vias dos Saberes nº 1). Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154565por.pdf.
VIDAL, L. A pintura corporal e a arte gráfica entre os Kayapó-Xikrin do Catete. In: Grafismo indígena: estudos de antropologia estética. São Paulo: Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo: FAPESP, 1992.

9 comentários:

  1. Em seu texto, fala da aprovação da Lei 11.645/08 quando torna-se obrigatório o professor trabalhar a temática indígena em sala de aula, para combater o que foi ensinado ao longo dos anos na história do Brasil quando cita o indígena de forma genérica. E sim aquela que demostre a diversidades cultural dos povos indígenas e também “destacando que este precisa de valorizar, em suas práticas, a questão da visibilidade da identidade desses povos em reforçar as resistências dos grupos étnicos, suas lutas, o movimento indígena em geral e suas lideranças.” E você cita um subprojeto do Pibid de história quando tiveram uma experiência inicial de uso do grafismo e da pintura corporal indígena como recurso para ensinar a História Indígena envolvendo outras disciplinas (Geografia, Português e Arte).
    Pergunto, os projetos interdisciplinares ainda é difícil de realizarem dentro das escolas? E estes alunos que fazer parte do Pibid quando vão para escola podem ajudam em um “intercâmbio” ou até mesmo uma aproximação entre a escola e a universidade contribuir didaticamente para a formação dos futuros profissionais da Educação?
    Falo isto, porque na minha visão o Pibid na cidade em que atuo, o programa tem aproximado o “aluno pibidiano” da universidade mostrando a realidade do dia a dia de uma escola, assim como, também o “professor” que atua na escola com a universidade permitindo novas leituras. Um programa (Pibid) que vem sendo cogitado de ser instinto pelo governo federal e já sofreu vários cortes em termos de verba.

    Luciana Martinez de Oliveira Costa

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    1. Olá Luciana, os projetos interdisciplinares ainda sofre uma certa resistência pois demanda tempo de organização e também em detrimento de algumas escolas e as vezes pelo professor regente. Mas essa escola, juntamente com a coordenadora pedagógica e o professor de História foram apoiadores do projeto e pelos alunos que receberam o tema com curiosidade, pois ainda permeia no imaginário a questão "genérica" aos indígenas. A contribuição dessas ações do PIBID e sim pertinente na formação dos estudantes das áreas de educação, pois proporciona um novo olhar a estes grupos, que tiveram suas narrativas históricas silenciadas por séculos, promovendo então "caminhos" de desconstruções a estes estereótipos negativos em abordagens de visibilidade a cultura dos povos originários do Brasil. Infelizmente o projeto atende um número restrito de bolsistas que tem a oportunidade de pesquisar outros temas a exemplo deste, como você pontuou o governo federal poderá cancelar o projeto, assim colaborando ao retrocesso ao direito dos universitários de educação se qualificarem ao conhecimento da história desses grupos para levarem a "salas de aulas". Talvez as instituições se responsabilize de criarem mecanismos para continuarem projetos que trabalhem a cultura étnica, pois precisamos continuar dando vozes a essas minorias.
      Lucivaine Melo da Silva

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    2. Acredito que o programa Pibid ainda não foi retirado, justamente por causa da luta/resistência e do trabalho realizados pelos professores e alunos universitários em conjunto com os professores das escolas da Educação Básica. Quando falo de resistência, é justamente em ações positivas dentro da educação Básica e na formações de futuros professores, ações como esta que vocês descreveram neste artigo.

      Luciana Martinez de Oliveira Costa

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  2. Parabenizo as autoras por pensar em práticas pedagógicas com o uso do grafismo indígenas na sala de aula, valorizando o trabalho com projetos interdisciplinares e a diversidade cultural dos povos nativos do Brasil. Gostaria de saber mais sobre as experiências realizadas em sala de aula com os alunos e quais os resultados conquistados?

    Mayra Ferreira Barreto

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    1. Olá Mayra, obrigada. Na busca para contribuir com o debate da História Indígena o Subprojeto do PIBID teve como pauta "Educação para a diversidade da formação de professores a sala de aula", juntamente com a escola parceira de levar por meio da compreensão algumas experiências sobre a diversidade cultural desses povos, alguns recursos foram utilizados como: o uso pedagógico da arte do grafismo levando imagens, videos, tendo as representações dos traços das etnias trabalhadas em cerâmicas, possibilitando aos alunos uma visão palpável; trabalhamos também as contação de histórias por meio das obras literárias a exemplo de O Diário de Kaxi: um curumim descobre o Brasil de Daniel Munduruku, já outro grupo de pibidianos trouxe a descontrução do termo "oca", apresentando a Oficina de Moradia Indígena na exposição das casas e formatos e seus significados e dentre outros. Mesmo com a realização desses projetos, percebemos que os resultados são graduais, pois cada estudante recebe as informações e absorve de várias forma desde os que rompem os estigmas do preconceito e outros que continuam a prática da mesma.Creio que as escolas precisam de mais projetos em relação ao tema e que envolva cada vez mais os alunos.
      Lucivaine Melo da Silva

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  3. Olá Lucivaine e Maria, parabéns pelo ótimo texto.
    Os ensinamentos a respeito da história indígena são de extrema importância e a maioria das escolas faz um trabalho referente a isso desde os primeiros anos do aluno na vida escolar, explicando a data em que se comemora o dia do índio, por exemplo. Mas a minha pergunta é, em que fase escolar vocês acreditam que seja possível iniciar os debates sobre a diversidade étnica entre os indígenas?

    Lumena Rios da Cunha Pereira

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    1. Olá Lumena, Obrigada. As escolas ultimamente tem executado projetos de ressignificação quanto a temática em relação a obrigatoriedade da Lei 11.645/08. Algumas instituições nutre a imagem "folclórica" dos indígenas narradas pelas comemorações no mês de abril, forjando uma mensagem ainda colonial que eles são únicos e suas culturas também. Lembrando que existe no Brasil 305 etnias. Na minha percepção a inserção ao debate quanto a temática será melhor assimilada a partir dos anos iniciais da educação básica, pois o conhecimento perpassa por sua construção. Me recordo de uma experiencia em uma ação de expor as lendas indígenas na escola, a exemplo da Lenda da Mandioca, os alunos se encantaram, pois eles participaram na prática na ajuda em elaborar o bolo de mandioca. Então com essas narrativas podemos inculcar um novo contexto cultural desses povos aos estudantes.
      Lucivaine Melo da Silva

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  4. Antes de tudo gostaria de parabenizar as autoras pela pesquisa realizada. No decorrer do trabalho ficou claro como as pinturas corporais e o grafismo podem ser ferramentas metodológicas muito importantes para repassar a diversidade cultural das etnias indígenas, demostrando como as aldeias funcionam como núcleo de grupos sociais que possuem características e costumes diversos, além de propiciar a esses grupos o espaço de protagonistas da própria história. Gostaria de saber: 1) Na visão de vocês seria possível utilizar essas mesmas metodologias para retratar a violência sofrida pelos indígenas no tempo passado e presente? E como isso poderia ser abordado? 2) No decorrer da pesquisa percebeu-se a possibilidade de se abordar a questão linguística das diferentes etnias indígenas fazendo uso da interdisciplinariedade das disciplinas de História e Português? Se sim, de que maneira?

    Rayra Torquato de Lima

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    1. Bom dia Rayra, obrigada. Em razão da violência étnica ser perene ate os dias atuais, podemos sim fazer este paralelo entre passado/presente ao uso do grafismo pois algumas etnias os jovens não permite os traços demarcadores do grupo, o que vem acontecendo com os Karajá do Centro Oeste em uma visita de campo em uma conversa informal a anciã relatou, mas como forma de luta já outro grupo de lideranças jovens usam a arte para expressarem a força cultural dos indígenas. Esta abordagem compreendera de leituras e confecções dos materiais didáticos pelo próprio docente, por ser uma área ainda limitada em relação a materiais disponíveis. O uso do vocábulo étnico no trabalho da interdisciplinaridade Português/História pode ser difundido por meio da literatura indígena utilizando as obras de Daniel Munduruku como: Coisas de Índio: versão infantil; Kabá Darebu; Parece que foi ontem e dentre outros que trabalha os dialetos apresentando algumas palavras e seus significados, sendo que a leitura vai promover a valorização da pluralidade e trazendo exemplos de palavras usadas no cotidiano dos estudantes que são de origem étnica "catapora", "capivara""curumim" e outras. Então percebemos a contribuição das línguas indígena na formação do vocabulário português.
      Lucivaine Melo da Silva

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