Fernanda Borges de Brito e Rosa Michele Vieira de Oliveira


EXTENSÕES DE SABERES: EXPERIÊNCIA DO GRUPO PET DE HISTÓRIA DA UFCG COM ALUNOS QUILOMBOLAS


Introdução
A extensão no sentido de estender algo a, como trabalha Freire (1977), é justamente o que nos referimos neste artigo. A ideia da extensão é a de estender conhecimentos, um prolongamento dos saberes para outrem, não com o intuito de uma ação unilateral na tentativa de “preencher o outro” com esse conhecimento unicamente, mas realizar uma troca, provocar no outro criticidade e reflexões sobre o mundo, pois como afirma Freire o conhecimento não se dá de forma passiva, na verdade “O conhecimento pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade” (FREIRE: 1977. p. 27), ou seja, com o intuito de incentivar nos alunos algum tipo de reflexão sobre o conhecimento estendido.

Dessa forma, a extensão promovida pelo PET de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) na escola Manoel Joaquim de Araújo localizada no município de Riachão do Bacamarte no estado da Paraíba, escola que recebe alunos oriundos da Comunidade Quilombola do Grilo, buscou proporcionar um caminho para formação de um pensamento crítico em relação à história e a condição do povo negro no Brasil, realizando com os alunos do 6° ao 9° ano oficinas variadas e também utilizando o “Módulo didático História do povo negro no Brasil” produzido por membros do próprio grupo PET, atividades que discutiremos mais profundamente mais a frente.

Para uma melhor exposição, este artigo será dividido em dois momentos. No primeiro, discutiremos a importância da educação escolar Quilombola, dialogando com Josemir Camilo de Melo e Élio Chaves Flores, entre outros autores, sobre a reprodução dos discursos de “negro” como algo negativo, discurso presente em toda sociedade, inclusive na escola (como parte da sociedade que é), refletindo sobre a importância da educação voltada para as comunidades quilombolas como uma forma de incluir a discussão sobre a cultura negra, africana ou afrodescendente no ciclo de pessoas que se encontram na educação infantil, fundamental e ensino médio, mas também no ensino técnico e EJA, como se refere a resolução que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na educação básica. No segundo momento, analisaremos a atividade de extensão do grupo PET entre o período de 06 de outubro a 24 de novembro do ano de 2017, buscando, primeiramente, explicar o porquê da atividade e seu significado para o grupo, como também refletir sobre as oficinas realizadas e aulas ministradas, assim como sobre as atividades produzidas pelos alunos ao longo do curso de extensão.

Educação Quilombola
A resolução que define as Diretrizes curriculares nacionais para Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, data de 20 de novembro de 2012, dia da Consciência Negra. Ela é resultado de exigências de longas lutas de movimentos sociais, como o Movimento Negro e Quilombola, tal como as leis n° 10.639/03 e n° 11.645/08. Nesta resolução, podemos encontrar nos seus princípios básicos o direito a igualdade, diversidade e pluralidade, proteção das manifestações atribuídas à cultura afro-brasileira, superação de práticas como o racismo, sexismo, machismo, homofobia, entre outras. Além de garantir discussões sobre a identidade, a cultura e a linguagem, como importantes eixos norteadores do currículo. O próprio Projeto Político Pedagógico da escola, a partir dessa resolução, deve estar relacionado com a realidade histórica, regional, política, sociocultural e econômica da comunidade quilombola em que está inserida. Ou seja, é um documento rico e um grande passo ao que confere as reivindicações do Movimento Quilombola.

A simples presença de pessoas negras no espaço acadêmico, tanto como alunos ou como profissionais da educação, é resultado do esforço de diversas pessoas ao longo da história. Élio Chaves (2016) nos mostra como já nos fins da década de 40, um passado não tão distante, negros (as) ainda eram afastados dos ambientes escolares com justificativas de cunho econômico, afirmavam que bastava uma pessoa negra ter dinheiro e então poderia usufruir desses espaços e que as ausências de negros pouco tinham a ver com o tom de sua pele (afirmação mentirosa, tendo em vista que havia estabelecimentos que não aceitavam alunas negras independente do fato delas poderem pagar ou não).

Esse discurso se baseava no mito da chamada “Democracia racial”, mito que encobria o conflito racial do país, essas ideias foram bastante divulgadas pelo autor Gilberto Freyre que constituía seu discurso baseado no conceito de hibridismo, característica que o brasileiro em sua formação teria herdado dos ibéricos (um povo que supostamente tinha o dom de se “misturar” com outros povos com facilidade, como afirma em Casa Grande & Senzala). Na realidade, o racismo é uma pratica muito presente na sociedade brasileira.

O ensino predominantemente eurocêntrico nas escolas faz com que não haja discussão sobre as questões étnico-raciais, perpetuando a imagem do negro como escravo e passivo, sem valorizar sua cultura, esquecendo as origens africanas e de percebê-lo como sujeito social ativo. Por esse motivo vemos a importância de uma educação que vise incluir diferentes culturais, ainda mais nas comunidades quilombolas.

PET-História: Consciência social para uma formação global.
Para poder compreender o porquê da realização dessa extensão pelo Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), é preciso percebê-lo como parte de uma organização maior, que está vinculada a um conjunto de grupos com uma concepção filosófica em comum. O PET tem como objetivo maior uma formação mais qualificada dos discentes que nele estão vinculados e ainda uma maior contribuição da universidade com o meio social.

A concepção filosófica dos grupos PET, presente no Manual de Orientações Básicas (MOB) do PET tem uma mensagem bastante explicita de que estes devem prezar por uma posição de responsabilidade coletiva possuindo um compromisso com o social, sendo isso realizado a partir de uma postura cidadã que demonstra a importância de que o grupo PET esteja sempre em contato com a realidade social, discutindo temáticas éticas, sociopolíticas, cientificas e culturais que estejam na pauta do nosso país e também que dizem respeito a prática profissional de cada grupo.

O PET-História da UFCG realiza a alguns anos parcerias com instituições de ensino públicas, que estão atreladas a realidade social de Campina Grande, buscando colocar em prática a pesquisa, o ensino e a extensão, realizando a produção de material, como também a extensão levando alunos bolsistas e voluntários vinculados ao grupo para o contato direto com o seu métier, a sala de aula. No ano de 2017 o PET - História resolveu dar maior abrangência na sua extensão trazendo aos alunos da graduação vinculados ao programa um desafio; realizar três diferentes tipos de extensão voltados para diferentes públicos, buscou-se para além da extensão voltada ao ENEM, que já era realizada, desenvolver extensões voltadas para a educação do campo e também a educação quilombola.

Uma experiência única, recíproca e enriquecedora: Escola M. de E. I. e F. Manoel Joaquim de Araújo e os Quilombolas.
No dia 6 de outubro de 2017 iniciamos aquilo que seria uma experiência única em nossa formação enquanto professores e também, principalmente, como cidadãos, estávamos indo ao encontro a uma realidade diferente daquilo a qual estávamos habituados, mesmo com os anos de extensões em escolas públicas de periferia da cidade de Campina Grande – PB. O ato de sair da nossa cidade e ir em busca de novos horizontes e, com isso, conhecer novas realidades, foi um desafio que se tornou extremamente instigante, era uma a oportunidades do grupo estar em contato com crianças e jovens quilombolas que cursavam as turmas do 6º, 7º, 8º e 9º anos.

Nosso período de estadia na Escola M. de E. I. e F. Manoel Joaquim de Araújo, foi do dia 6 de outubro até 24 de novembro de 2017, período no qual foram realizados cerca de 5 encontros, desenvolvendo nossas atividades com base no “Módulo Didático História do Povo Negro no Brasil” produzido pelos petianos, Aldrey Ribeiro Brito, Jean Lucas Marinho Cavalcanti, Jhon Lenon de Jesus Ferreira e Lorrane Rangel Agra Lopes e organizado pelo Tutor do PET - História José Luciano de Queiroz Aires, módulo que logo está disponibilizado no site do PET-História.

As aulas foram ministradas pelos petianos, Fernanda Borges de Brito, Jhon Lenon de Jesus Ferreira e Rosa Michele Vieira de Oliveira, sempre acompanhados pelo Tutor do PET ou por colegas mais experientes. Os conteúdos ministrados tinham como foco a história do povo negro no período Colonial, Imperial e Republicano adentrando em cada uma dessas temporalidades em assuntos importantes para se compreender a construção a imagem dos negros na atualidade e os preconceitos que os cercam, buscando através dessas reflexões instigar nos alunos, uma posição mais crítica em relação a sua realidade vivida sem naturalizar condutas racistas, e sim combatê-las de maneira incisiva e se colocando politicamente a frente da sociedade. Foram temas discutidos em sala, a função dada aos negros na colonização brasileira, seu local de origem, a forma como se era posto o sistema escravista brasileiro, a formação e organização dos quilombos, religiões africanas e afro-brasileiras, como também uma problematização acerca da criação da lei áurea.

Com isso buscamos em nossas aulas, abranger questões que estão presentes na vida desses (as) jovens através de determinados conteúdos, como o racismo e identidade, sempre buscando realizar uma maneira de fazer com que esses pensassem sobre os assuntos, que questionassem aquilo que estava sendo colocado, tentando instigar os (as) alunos (as), buscamos usar os conceitos de Paulo Freire (1977), sobre a extensão, enxergando-a como um movimento entre pessoas igualmente pensantes, no nosso caso, entre educador e educando como uma via de mão dupla, onde os envolvidos sempre estão ao mesmo nível em uma constante busca por conhecimento, enxergando a educação como um instrumento de libertação.

Da atividade: sua recepção e de seus resultados.
Passando especificando para a análises das atividades realizadas a partir da convivência tida por nós com os alunos e também a partir de questões suscitadas através das leituras realizadas por nós sobre a educação quilombola, podemos perceber alguns pontos interessantes para abordar, uma delas seria que se refere a identidade “negra” e também a “quilombola”, as quais nós conseguimos perceber que não era plenamente assumida pelos alunos. Para discutir isso, nós nos auxiliaremos no texto de Josemir Camilo (2016), no qual ele discute a construção do discurso em torno da palavra “negro” e toda a carga negativa que essa ganha a século atrás e que ainda é presente nos dias atuais na sociedade, como também a palavra “quilombo ou quilombola” que teve uma grande carga negativa também e que acabou sendo pouco utilizada de forma respeitosa, sendo segundo ele, reutilizada nos dias atuais sem que aqueles que façam parte dessa comunidade consigam se enxergar como quilombola.

Em relação a esse “enxergar-se como quilombola” é interessante que se cite uma passagem de nossas aulas, quando tratamos, dos quilombos da época colonial, onde ao questionar os alunos sobre como eram o seu quilombo e ao fazer comparações as condições de vida das pessoas no período colonial, ao tentar mostrar a resistência daquelas comunidades, a maneira como viviam, por meio da agricultura, por meio da criação de animais, a estrutura política, percebemos que eles se identificaram com aquilo, e perceberam que as lutas de seus antepassados como também a deles que ainda hoje continua é importante para a sua vida. Podemos perceber a partir disso como é importante para esses jovens terem contato com esse seu passado e de suas lutas para que continuem buscando seus direitos e tenham orgulho daquilo que são, negros e quilombolas buscando sempre o respeito e seus direitos.
Outro ponto, que podemos ressaltar de nossa atividade se refere ao racismo. nós percebemos que o racismo é reproduzido entre os alunos como algo naturalizado, chamam um ao outro de “escravo” por ter a pele um pouco mais escura que a sua, falando que o cabelo do outro é “ruim” por ser crespo,  sem compreender o porquê da existência do preconceito ou dessas “piadas” de muito mal gosto utilizadas entre eles. Para entendermos como analisar certas práticas, buscamos a leitura do texto de Élio Chaves (2016), no qual ele trincha lutas contra a “democracia racial” realizadas no pós-abolição da escravidão, ressaltando o sentimento de negritude, enfatizando que é a partir da valorização da cultura negra que se pode construir uma sociedade em que os negros se identificassem com a causa Negra, necessitando a compreensão de como foi a abolição, como os negros foram tratados nesse pós-abolição, a formação e a participação política da população negra se faz, portanto, essencial.

Nesse sentido, buscamos em nossa convivência exaltar aquilo que é a beleza negra, enxergando-a, não como um objeto, exótico e ingênuo, mas sim pensando a beleza negra sem ter por base os padrões impostos pelos brancos e seus ideais, sem perceber a cor da pele como associado a algo pejorativo, sem a hipersexualização recorrente na sociedade. Exaltando a cultura negra, através de suas músicas, seus poemas, das religiões afro-brasileiras e da cultura do seu próprio Quilombo do Grilo, mas sem pensá-los fora do meio social, evitando os enxergar como isolados da cultura corrente na contemporaneidade, entendendo que esses em sua maioria são evangélicos ou católicos, que ouvem as músicas de estilos que hoje fazem sucesso, como o funk, o sertanejo e o pop, tentando usar desses para envolve-los com a temática e tentar fazer com que no processo de aprendizagem e de comunicação entre nós e eles, fosse construído o conhecimento referente a história do povo negro de forma com a qual essa possa ser por eles utilizada em diferentes momentos de sua vida e também com a intenção de que esses meninos e meninas percebam a necessidade e importância de sua ação política, para buscar os seus direitos e continuar a resistir aos racismos e imposições sociais.

Sobre as atividades que trabalhamos com nossos alunos, vale primeiro esclarecer que as atividades se resumem, no geral, a questões que provocamos na sala e pedimos para que respondessem em casa e nos entregassem na aula seguinte. Obtivemos algumas respostas interessantes quando pedimos para que eles (as) escrevessem sobre si, para conhece-los (as) um pouco melhor, pedimos para que eles escrevessem um pequeno texto se descrevendo e descrevendo a sua vida, com essa atividade buscávamos entender como esses meninos e meninas se identificavam, com o principal intuito de enxergar como eles se viam como membros da comunidade quilombola.

Nesse sentido, tivemos algumas surpresas, uma boa parte dos alunos que fizeram a atividade relatavam que moravam “no sítio quilombola”, “no Quilombo do Grilo” ou na “comunidade Quilombola”, o que demonstra certa identidade com o seu local, entretanto, tivemos alguns outros casos, em que esse local foi ocultado de seus textos, por outra forma de descrição que seria “no Grilo”, “no sítio Grilo” ou “perto do campo”, esse fato, traz para nós a existência de um certo receio com a palavra “Quilombo” ou “Quilombola”, esse receio pode vir muito pelo preconceito que esses meninos e meninas ainda sofrem, através de comentários preconceituosos naturalizados. Durante essa mesma atividade, pudemos perceber que poucos se identificam como negros, na verdade, na grande maioria das atividades, tivemos a omissão dessa informação, em apenas uma a aluna se referiu a sua cor, no entanto, se dizendo “morena” e não negra, questão que também podemos levantar como uma consequência de todo o racismo, sendo preferível se intitular “moreno”, a ser negro e se afirmar como tal, devido a toda a carga negativa colocada sob essa palavra ao longo dos anos, como é colocado por Josemir Camilo (2016).

Outra atividade, tratava sobre dois expoentes negros, o autor Castro Alves e Zumbi dos Palmares, sobre o primeiro, foi feito a leitura do poema “Navio Negreiro” em sala e visto um vídeo que encena as passagens desse poema, a partir disso, foi pedido aos alunos aquilo que eles compreenderam sobre o poema relacionando a como era a vida do negro no Brasil colonial. Sobre Palmares, pedimos após nossa aula sobre os Quilombos no período Colonial, para que entrevistassem seus pais, avôs, tios etc. sobre quem era Zumbi dos Palmares. O que há de se notar nessas duas atividades é o fato de os alunos terem se sentido representados com os dois personagens, ao que se refere a resistência e também indignação com a escravidão.

Por fim, a última atividade, refere-se ao envolvimento da Igreja Católica com a escravidão, nessa, percebemos que devido à forte presença do cristianismo entre esses meninos e meninas existiu uma forte resistência ao fato de que a igreja permitiu a escravidão, trouxemos a discussão na aula devido ao fato da crença ferrenha de que a Igreja não teria se envolvido com a escravidão e sim lutado contra, por boa parte dos alunos. Nessas atividades, percebemos, a citação de versículos da Bíblia, justificação de que a escravidão sempre existiu, apontamentos de que a escravidão teria sido quase extinta na idade Média, e por fim, a afirmação de que não existia uma lei que protegesse os negros da escravidão e por isso a Igreja não teria culpa de não se opor.

Com base, em todas essas afirmações percebemos que ainda é raso aquilo que eles conhecem sobre a escravidão, ao ponto de defenderem a Igreja que se uniu a Portugal e Espanha, para aumentar o seu poder religioso no mundo ao cristianizar os “povos descobertos”. Os alunos, com o intuito de realizar essa defesa, buscaram na internet passagens sobre a Igreja católica, que não são mentiras, mas que se referem a períodos anteriores a escravidão moderna que ocorreu na América, sobre a afirmação de que não existiu uma lei que protegesse os negros, acreditamos, que muito pode se tirar desse pensamento, no entanto, preferimos deixar apenas uma questão: por que deveria existir uma lei que protegesse o negro, se não era necessário a existência de uma lei para a proteção dos brancos para que não fossem escravizados?

Diante dessas atividades, compreendemos que é existente em boa parte dos alunos a identificação com o Quilombo e de certa forma com o ser Negro, entretanto, é necessário ainda que esses meninos e meninas, tentem cada vez mais, com o apoio de grupos que trabalhem a temática, seus pais, e a própria comunidade, cheguem a eles e busquem discutir sobre a questão do negro no Brasil e esse foi o intuito do PET-História em está com esses jovens, discutir e compreender o que aconteceu no passado que faz com que hoje exista tantos preconceitos.

Referências
Fernanda Borges de Brito é graduanda em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG-Campus I) e membro do Programa de Educação Tutorial do curso de História (PET-História).
Rosa Michele Vieira de Oliveira é graduanda em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG-Campus I) e membro do Programa de Educação Tutorial do curso de História (PET-História).

FILHO, Giuseppe Emmanuel Lyra. ROCHA, Solange Pereira da. “Antigos sujeitos, novas identidades: a história na construção de uma educação para as relações étnico-raciais”. In:
“Por uma educação para os novos tempos” - Ariosvalber de Souza Oliveira ... [et al], organizadores. João Pessoa: Editora do CCTA, 2018. 43-61p.
FLORES, Elio Chaves. "Negritude e Quilombismo" IN: "Visões da África, cultura histórica e afro-brasilidades" / Elio Chaves Flores. - João Pessoa: Editora da UFPB, 2016. Recurso digital; Formato: e-PDF. p 59-105
FREIRE, Paulo. “Extensão ou comunicação?” Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira / Prefácio de Jacques Chonchol. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977. 93p.
MELO, Josemir Camilo de. “Negro e Quilombola. Um Diálogo Entre a (Auto) Interdição da Identidade Negra e a (Alter) Identidade Quilombola à Luz da Memória-Discurso” In: “Ubuntu: educação, alteridade e relações étnico-raciais”, Ariosvalber de Souza Oliveira...[et al.], organizadores. João Pessoa: Editora do CCTA, 2016. 205-230p.
OLIVEIRA, Ariosvalber de Souza. “UMUNTU NGUMUNTU NGABANTU: Refletindo Sobre os Desafios e Possibilidades do Ensino da História e Cultura das Áfricas à Luz da Lei 10.639/03. ” In: Nas confluências do Axé: refletindo os desafios e possibilidades de uma educação para as relações étnico-raciais. Ariosvalber de Souza Oliveira, Moisés Alves da Silva, José Luciano de Queiroz Aires (Organizadores).- João Pessoa: Editora do CCTA, 2015.p. 15-36.
SILVA, Eleonora Félix da. "Por uma educação para as relações étnico-raciais: entre desafios e possibilidades." IN: Nas confluências do Axé: refletindo os desafios e possibilidades de uma educação para as relações étnico-raciais". Ariosvalber de Souza Oliveira, Moisés Alves da Silva, José Luciano de Queiroz Aires (Organizadores). João Pessoa: Editora do CCTA, 2015. p. 201-216.

2 comentários:

  1. Antonio Jeovane da Silva Ferreira21 de maio de 2020 às 11:51

    Olá Fernanda e Rosa,
    Após a leitura atenta à experiência retratada neste projeto de extensão, fiquei interessado em entender duas questões bem específicas. No texto é possível compreender que a ação de extensão ocorreu em uma escola que recebe alunos advindos da CRQ do Grilo, neste sentido, entende-se que há também uma interação direta com alunos/as não-quilombolas. Diante dessa diversidade de sujeitos, como vocês conseguiram analisar a relação construída pela escola no sentido de aplicação da Lei 10.639/03 e, concomitantemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Quilombola na Educação Básica? Como isso se dá na prática?
    O segundo questionamento diz respeito à própria extensão. Os conteúdos ministrados e que tiveram foco sobre a trajetória da resistência negra no Brasil a partir de diferentes nuances e questões, de certa forma fixaram-se em uma temporalidade (Colônia, Império, República) e após o seu desenvolvimento foi possível constatar uma fragilidade na construção e fortalecimento da identidade quilombola. Bom, considerando a importância de aproximação temporal, gostaria de saber se em algum momento houve um panorama da formação da própria CRQ do Grilo, sua trajetória, luta e construção identitária... de forma a fortalecer e contribuir para a percepção étnica dos alunos/as não-quilombolas face aos quilombolas (o que, por vezes, devido o não conhecimento recai no reforço dos estereótipos e do próprio racismo).

    Antonio Jeovane da Silva Ferreira

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  2. Olá, Antônio, obrigada pela leitura atenciosa e pelos questionamentos.

    Começando por sua última pergunta, no ano de 2017, nós estávamos começando o trabalho com a Escola Manoel Joaquim de Araújo, havíamos construído o módulo de uma maneira a qual já estávamos habituados, por já termos trabalhados em outras escolas com o ensino voltado para o ENEM, então acabamos percebendo na prática que deveríamos procurar outras formas de realizar o que estávamos propondo. Ao nos depararmos com a realidade da escola que era, de fato, totalmente diferente do que estávamos acostumados, percebemos que essa forma de enfoque não era a mais ideal para o trabalho. Por esse motivo, nos anos de 2018 e 2019, o PET-História continuou o trabalho com uma dinâmica bem diferente, optando bem mais por oficinas e atividades voltadas para as artes (música, HQ, etc) problematizando temáticas que estão presentes na Colônia, no Império e na República a partir de temáticas mais atuais, criando elos entre o passado e o presente.

    Já sobre a questão que trata da aplicação da Lei 10.639/03 na escola, no ano de 2017 período retratado em nosso artigo, ainda não era possível enxergar na escola claramente práticas voltadas para ensino da história e cultura afro-brasileira, na verdade, pelo que pudemos perceber conversando com professores e observando a dinâmica da escola, esse assunto não era levantando no dia-a-dia da escola. Entretanto, nós do grupo PET a partir do Professor Dr. Luciano Queiroz apresentamos essa proposta como uma opção para a direção, coordenação, professores da escola, também a Secretária de Educação de Riachão do Bacamarte e, principalmente, aos pais dos alunos da escola, quilombolas ou não, através de reuniões com os mesmos. A partir desse diálogo notamos que todos se propuseram a abraçar essa causa, a escola e os professores se empenharam cada vez mais para trazer a perspectiva da Cultura e História afro-brasileira para a realidade dos alunos, para além do trabalho realizado pelo PET-História, chegamos a participar de algumas outras atividades da escola (como ouvintes) onde eles fizeram apresentações de dança, poesia, capoeira, muito voltada para essa pespectiva. Então hoje na escola vemos muitas atividades voltadas para a construção da identidade negra, há a valorização da cultura deles através de feiras e mostras na escola.

    Sobre o CRQ do Grilo e se fora realizado um panorama sobre sua história e trajetória de luta e construção identitária, a partir do ano de 2018, nós do PET-História conseguimos criar laços mais fortes com a escola e com a comunidade, dessa forma, passamos a ter encontros na comunidade, com todos os alunos quilombolas ou não, levando-os para passar um dia ouvindo os mais velhos e conhecendo o quilombo, na conversa pontos importantes são puxados como: como se deu a conquista de sua terra, as lutas que eles travaram, as dificuldades sociais que enfrentam, como trabalham nas terras, as tecnologias utilizadas por eles, entre outras, histórias que foram contadas pelos moradores mais velhos do Quilombo, dessa forma, tentamos mostrar a rica história do povo da comunidade do Grilo para os seus filhos mais novos como também para aqueles que não são quilombolas, buscando instigar a sua percepção étnica.

    Atenciosamente,

    Fernanda Borges de Brito e Rosa Michele Vieira de Oliveira.

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