LIMA BARRETO E O ENFRENTAMENTO DO RACISMO NA AULA DE HISTÓRIA
Nos anos de experiência que tenho como
professora de história do Ensino Fundamental nas escolas do município do Rio de
Janeiro, e nas escolas estaduais em que lecionei para turmas do Ensino Médio,
ao longo de dezessete anos de experiência, presenciei entre os alunos,
situações de constrangimento diante de diferentes formas de desqualificação
infligidas pelos próprios colegas. Apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas
de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando traços físicos, como a
textura de cabelos e a cor da pele, fazendo pouco das religiões de matriz
africana às quais muitos colegas pertenciam, eram utilizados pelos alunos,
incluindo também alunos afrodescendentes.
O Atlas da Violência de 2018 ao apontar em
seu estudo, que as principais vítimas de homicídios no Brasil é a população
negra, vai na contramão de diversos discursos que afirmam que o país é fruto de
uma nação miscigenada – formada por brancos, indígenas e negros –, que
contribuiu e ainda contribui com sua cultura para a formação da nação
brasileira, e portanto, o racismo não existe. Se não existe racismo no Brasil,
se não somos racistas, então porque depois de 131 anos do fim do escravismo, as
taxas de desigualdades na saúde, educação, no pagamento de salários, número
maior de homicídios, atingem em maior proporção, a população negra?
Após 131 anos da assinatura da Lei Áurea, que
aboliu a escravidão em todo o território brasileiro, as consequências de três
séculos do regime escravista estão presentes na realidade do país, reveladas
através de pesquisas de taxas de mortalidade da população, desigualdades em
relação a empregos, salários, educação e saúde.
Apesar de serem mais da metade da população brasileira [53,6%], negros e
negras são 76% dos 10% mais pobre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística [IBGE]. Os dados apresentados pelo Atlas da Violência 2018:
“vêm complementar e atualizar o cenário de
desigualdade racial em termos de violência letal no Brasil já descrito por
outras publicações. É o caso do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência,
ano base 2015, que demonstrou que o risco de um jovem negro ser vítima de
homicídio no Brasil é 2,7 vezes maior que o de um jovem branco. Já o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública analisou 5.896 boletins de ocorrência de mortes
decorrentes de intervenções policiais entre 2015 e 2016, o que representa 78%
do universo das mortes no período, e, ao descontar as vítimas cuja informação
de raça/cor não estava disponível, identificou que 76,2% das vítimas de atuação
da polícia são negras”. [Ipea, 2018, p. 41]
Os negros, especialmente os jovens negros do
sexo masculino de acordo com os dados do Atlas da Violência 2018, estão mais
vulneráveis a violência do que os jovens não negros, tornando-se o perfil mais
frequente do homicídio no Brasil. Os dados trazidos pelo Atlas apontam também
que os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil
da população carcerária no Brasil. A desigualdade racial no Brasil torna-se
evidente no que se refere a violência letal e as políticas de segurança: a
população negra é a maior vítima. O Atlas da Violência 2019 aponta que os cinco
estados com maiores taxas de homicídios de negros estão localizados na região
Nordeste. Desses estados, Alagoas é o que apresenta maior índice de homicídios
de negros, e ao mesmo tempo ostenta o título de estado mais seguro para
indivíduos não negros [em termos das chances de letalidade violenta
intencional]. [Ipea, 2019, p. 50-51]
Quando se observa os dados sobre feminicídio
no Brasil nos últimos anos, a constatação é de que o número de mulheres negras
assassinadas é maior do que as mulheres não negras. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial
de violência contra a mulher, com a taxa de homicídios bem maior entre as
mulheres negras [5,3] do que entre as não negras [3,1], uma diferença de 71%,
de acordo com dados do Atlas da Violência 2018.
Segundo os dados da pesquisa no período compreendido entre 2006 e 2016,
do mesmo atlas, em relação aos dez anos da série, a taxa de homicídios para
cada 100 mil mulheres negras aumentou 15,4%, enquanto que entre as não negras
houve redução de 8%. [Ipea, 2018, p. 51].
Diante de todas essas dificuldades, muitas
dúvidas e perguntas surgiram. Como
contribuir para tentar diminuir essa triste realidade? Como contribuir para
ajudar os docentes em sala de aula, que, como eu, procuram meios para, através
das aulas de História, a tentar mudar essa situação?
No ambiente escolar hoje a sensação comum
compartilhada por vários professores é que está cada vez mais difícil abordar
temas considerados polêmicos em sala de aula, principalmente no contexto atual
em que lecionamos – em que estão incluídas dificuldades como diminuição da
autonomia dos professores e sua crescente desvalorização, precariedade das
instituições de ensino, principalmente as públicas, intolerância e desrespeito
às opiniões e culturas diferentes.
Quais são as dificuldades dos professores de
história para conseguirem trabalhar temas considerados polêmicos com os alunos?
As dificuldades são muitas. Elas incluem desde o desinteresse dos alunos por
questões ocorridas em um passado recente ou não, até a resistência de alguns
responsáveis que acreditam que o estudo de temas sensíveis não merecem ser
trabalhados porque podem atrapalhar o cumprimento do programa ou influenciá-los
ideologicamente. O interesse em trabalhar com as obras do escritor Lima Barreto
revelou-se um caminho possível para enfrentar essas dificuldades,
principalmente através dos romances Clara dos Anjos, Recordações do escrivão
Isaías Caminha e de seu Diário íntimo. As obras escolhidas para o
desenvolvimento desta Dissertação privilegiam questões relacionadas às relações
étnico-raciais e que contribuam de alguma forma para a denúncia contra o racismo,
a exclusão social e sua permanência na nossa sociedade.
Entendo que a obra literária do escritor Lima
Barreto pode ser um instrumento para auxiliar professores de história em seu
trabalho em sala de aula, especialmente no Ensino Fundamental, e na
disseminação de uma educação antirracista e democrática. E acreditando no
potencial da obra de Lima Barreto, desenvolvi uma pesquisa no âmbito do
Mestrado Profissional em Ensino de História, pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro [PROFHISTÓRIA/UERJ]. O resultado dessa pesquisa foi a elaboração de
um conjunto de seis atividades pedagógicas centradas no ensino de história, a
serem utilizadas em ambiente escolar ou para além dele, que visam despertar o
interesse dos alunos pelos textos literários, através dos trechos selecionados
das obras do escritor Lima Barreto, produzindo, ao mesmo tempo, uma reflexão
sobre discriminação, injúria racial e suas consequências para a sociedade
brasileira no contexto contemporâneo. Desse modo, espero contribuir com os docentes
de História em seu trabalho cotidiano em temas considerados difíceis/sensíveis
de serem abordados com os alunos, além de tentar contribuir para a
conscientização e respeito desses mesmos alunos em relação ao outro e a eles
próprios, visando a uma formação e prática cidadã e antirracista.
Por
que Lima Barreto?
Nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 1881,
Afonso Henriques de Lima Barreto era filho de um culto tipógrafo e de uma
professora, que morreu quando o escritor tinha sete anos de idade. Em 1902, foi obrigado a abandonar a Escola
Politécnica para trabalhar como amanuense no Ministério da Guerra e ajudar a
sustentar a família, pois o pai enlouquecera.
Entre os anos de 1914 até o fim da vida, Lima Barreto alternou períodos
de intensa produtividade e colaboração na imprensa com interrupções para
tratamento no Hospício Nacional de Alienados por duas vezes, devido as
frustrações, depressão e ao alcoolismo. A primeira internação ocorreu no
período de 18 de agosto a 13 de outubro de 1914 e a segunda entre 25 de
dezembro de 1919 e 2 de fevereiro de 1920. Faleceu no dia 1º de novembro de
1922, aos 41 anos, vítima de uma gripe torácica, possivelmente uma pneumonia
[Schwarcz, 2017, p. 485], e de um colapso cardíaco, deixando uma obra da qual
fazem parte, contos, sátiras, novelas, romances, crônicas, artigos em jornais e
diários que é de grande importância para a literatura brasileira. Diversos
textos de Lima Barreto abordam questões polêmicas que permanecem até hoje em
nossa sociedade, como racismo, corrupção na política, militares, violência
contra a população civil, opressão à mulher, parcialidade da imprensa,
violência no futebol, depressão, loucura, literatos esnobes, crenças, costumes,
resistência de antigas tradições, ostentação social, nepotismo, clientelismo e
muitas outras.
O escritor Lima Barreto:
“[...] nasceu em uma conjuntura de mudança.
Ainda menino viu o império ruir, dando lugar a uma república, onde as
estruturas sociais hierárquicas tradicionais assumiam novos conteúdos e
feições, com o fim de reproduzir a desigualdade não mais fundada na escravidão.
[...] na prática a república brasileira resultaria de uma recomposição
oligárquica, pautada nas estruturas básicas da formação econômico-social
brasileira. O setor agroexportador da economia continuou a comandar o processo,
fazendo com que as deformações e arbitrariedades do poder local se
reproduzissem no autoritarismo do estado e na venalidade do exercício da
administração pública e do sistema eleitoral”. [Angelim, 2008, p. 26]
A cidade do Rio de Janeiro, local onde Lima
Barreto nasceu e morreu, foi profundamente atingida por todas as
transformações, que já marcavam presença nos últimos anos do império, resultado
dos recentes episódios de libertação dos escravos e da proclamação da
república. Essas transformações foram uma consequência natural, pois a cidade
era a maior do país [e sua capital], tornando-se o seu centro econômico,
político e cultural. No início do século
XX, com o advento da ordem republicana,
o Rio de Janeiro passou por um grande processo de convulsão política e
social, marcado por crises e pela crescente eliminação na cena política, das
elites tradicionais do império, e o que elas representavam, o
"atraso", o "obscurantismo" em oposição à modernidade,
identificada com o progresso e, portanto, com a república. Atento as contradições
que faziam parte do processo de urbanização e do desenvolvimento do capital
industrial e financeiro do Brasil, Lima Barreto sempre as denunciou em várias
de suas obras [Angelim, 2008, p. 27]. As
reformas urbanas na cidade do Rio realizadas pelos prefeitos Pereira Passos
[1903-1906] e Carlos Sampaio [1920-1922] foram criticadas por Lima que entendia
que o processo de “’regeneração’ da cidade e, por extensão, do país, na
linguagem dos cronistas da época" [Sevcenko, 1995, p. 30] não trouxe os
benefícios do progresso para todos. A "ideologia burguesa propagava que as
benesses seriam estendidas a toda a sociedade" [Angelim, 2008, p. 27], o
que na verdade não aconteceu.
Durante toda a sua vida o escritor Lima
Barreto lutou, sem obter sucesso, contra os obstáculos resultantes de sua
condição de mulato e pobre, que impediram o reconhecimento de sua obra, dentro
de um sistema de apadrinhamento, arrivista e preconceituoso em relação às
camadas humildes, nas quais se incluíam os negros e mulatos. Apesar das imensas dificuldades enfrentadas,
Lima Barreto escolheu um difícil caminho como escritor: o de transformar sua
obra em um instrumento de crítica e luta por mudanças sociais. Lima Barreto expressa em sua obra "[...]
o compromisso com a militância política que fazia de sua literatura uma missão
transformadora da realidade social desigual e discriminatória." [Engel,
2008, p. 33]. Essa missão transformadora levaria o leitor a uma reflexão sobre
seus obstáculos e problemas sociais, despertando nele, a necessidade de
mudança. [Silva, 2011, p. 28]
O racismo foi um dos temas abordados e
denunciados em suas obras, principalmente nos dois romances escolhidos para
esse projeto Recordações do escrivão Isaías Caminha, Clara dos Anjos e o Diário
íntimo. O Recordações do escrivão Isaías Caminha, livro escolhido por Lima
Barreto para ingressar na vida literária nacional e com o qual esperava o
reconhecimento de seus pares, não foi bem aceito pelos críticos literários. Um
dos principais motivos da crítica negativa ao livro foi desmascarar o racismo
na sociedade da época. O romance narra a história do jovem Isaías, que se muda
de uma cidade do interior para a capital da república, a cidade do Rio de
Janeiro, com o sonho de tornar-se "doutor", mas é humilhado, desiludindo-se,
vítima do preconceito.
Em Clara dos Anjos, a vítima da discriminação
racial nos primeiros anos da república na cidade do Rio de Janeiro, é a jovem
mulata Clara. O local onde se desenvolve a história é novamente a cidade do Rio
de Janeiro, e Clara é uma adolescente meiga e ingênua de 16 anos, filha de um
carteiro e de uma dona de casa. A jovem se apaixona por um malandro branco
suburbano, Cassi Jones, que a engravida e a abandona, como já havia feito com
outras jovens humildes. Ao procurar a família do namorado, Clara é vítima do
preconceito por ser negra e pobre.
O Diário íntimo, um livro de memórias que
começou a ser escrito por volta de 1900 e só foi publicado em 1953, o autor
registrou situações vividas ou presenciadas por ele ao longo de muitos anos de
sua vida, como a discriminação racial, a desigualdade social, a descrição de
momentos em que foi tomado pelos sentimentos de esperanças, angústia e
decepções, além de esboços de obras publicadas postumamente, como Clara dos
Anjos.
O uso da obra de Lima Barreto contribui para
confirmar a importância da literatura desse autor carioca para as aulas de
história, um intelectual negro que não obteve, em sua época, o reconhecimento
como escritor, mas que nos dias atuais, se faz necessário, como um instrumento
que ajude no combate ao preconceito, na desnaturalização de estereótipos que
todos nós possuímos e que valorize a importância do diálogo intercultural.
[Candau, 2012, p. 241]
Referências
Ana Lúcia Ferreira de Mattos é professora de
História do Município do Rio de Janeiro e mestre pelo PROFHISTÓRIA/UERJ.
ANGELIM, Daniel Morais. Lima Barreto e a
cidade do Rio. In: ENGEL, Magali Gouveia et al. Crônicas cariocas e ensino de
história. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2008, p. 20-32.
BARBOSA, Francisco de Assis. A vida de Lima
Barreto (1881-1922). 7 ed., Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
BARRETO, Afonso Henriques de Lima. Clara dos
Anjos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1981.
_______________________________. Diário
íntimo. São Paulo: Brasiliense, 1956.
_______________________________. Recordações
do escrivão Isaías Caminha. 8. ed., São Paulo: Ática, 1998.
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Diferenças
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ENGEL, Magali Gouveia et al. Crônicas cariocas e ensino de história. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2008, p.
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<https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180604_atlas_da_violencia_2018.pdf>.
Acesso em 10 out. 2018.
(CUTI) LUIZ, Silva. Lima Barreto.
São Paulo: Selo Negro, 2011.
SANTOS, Lorene dos. Ensino de história e
cultura afro-brasileira: dilemas e desafios da recepção da Lei 10.639/03. In: MONTEIRO, Ana Maria; PEREIRA, Amilcar
Araújo. (orgs.). Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas.
Rio de Janeiro: Pallas, 2013, p.57- 83.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como Missão: tensões sociais e
criação cultural na Primeira República.
4 ed., São Paulo: Brasiliense, 1995.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Triste visionário. 1. ed., São Paulo:
Companhia das Letras, 2017.
Cara Ana, Nicolau Sevcenko escreve em sua Tese que a literatura do Lima Barreto era militante, o meu questionamento é se você concorda com essa afirmação e também se considera essa obra um texto auto-biográfico, e se sim qual a sua opinião a esse respeito.
ResponderExcluirMônica Abramchuk
Concordo. Sevcenko usa a literatura de Lima Barreto como exemplo de crítica a política, ao racismo, as mazelas da república no Brasil do início do século XX.
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ResponderExcluirOlá, parabéns pelo seu trabalho. Para mim, o fim do Império e a Primeira República são assuntos do ensino básico que tem grande relação com os dias atuais e nos trazem questões que reverberam até hoje. Além disso, Lima Barreto faz uma "literatura de si", como defende Lilia Schwarcz, podendo sua escrita configurar um testemunho de época. Além de Lima Barreto você indicaria outros escritores para serem usados na sala de aula sobre essa temática? Obrigada.
ResponderExcluirLetícia Stiehler Machado
Olá Letícia! Obrigado! Sim, o fim do Império e a Primeira República são assuntos do ensino básico que possuem semelhanças com os dias atuais no Brasil.Concordo totalmente com você. Existem sim, outros escritores como João do Rio, por exemplo, cuja obra também pode ser usada em sala de aula.
ExcluirOlá Ana Lúcia, belo trabalho! e o texto veio em um momento em que ocorrem situações que só comprovam cada palavra que você nos coloca. O terrorismo de Estado está aí, vivo e ceifando a vida de tantos adolescentes e jovens negros, como é o caso do pequeno João Pedro, que morreu no Rio de Janeiro, com um tiro, dentro da sua própria casa, em uma operação da Polícia. Esse é o mais recente, mas quantos outros casos estão acontecendo bem diante dos nossos olhos. Seu texto mexe com a minha angústia em relação a uma educação que contemple crianças e jovens negros, sabendo da dificuldade que é trabalhar temas que vão de encontro com isso. Parece que ao se falar de racismo, de preconceito racial a gente está fugindo do currículo escolar, e ainda, temas que deveriam ser discutidos transversalmente se reduzem ao professor de História. Eu como formada em Letras-Língua Portuguesa, sinto que posso usar a literatura ao nosso favor. Enfim, gostaria de saber se você trabalha somente Lima Barreto ou outros autores, uma vez que existem vários autores e autoras da Literatura Afro-brasileira que estão discutindo racismo, por exemplo Conceição Evaristo que tem uma obra magnífica.
ResponderExcluirLeidiane Lopes da Silva
Saudações. Belo texto, parabéns. Gostaria de saber como nós, professores de história, podemos utilizar a literatura barretiana para pensar o contexto pós abolicionista da Primeira República e como podemos auxiliar os alunos na produção ativa de consciência histórica democrática e antirracista para que possam utilizar, fora de sala de aula, esse conhecimento na desestruturação do racismo?
ResponderExcluirWAGNER CAVALCANTE FARIAS
Boa noite, Professora Ana Lúcia. Obrigada por nos proporcionar um texto tão lúcido e necessário, ainda mais no momento do qual estamos vivendo. Devo confessar que como negra passei parte da minha infância e adolescência sendo vítima do racismo e do bullying dentro do ambiente escolar, por isso compreendo com clareza sua explanação. Acho que sua atuação neste projeto de disseminação da história da população negra através de obras literárias escritas por Lima Barreto, que contemplam a trajetória de personagens negrxs foi espetacular. Pois, sabemos que a historiografia tem invisibilizado eventos históricos e personagens negros, assim como Lima Barreto foi por muito tempo. Portanto gostaria de saber qual a reação dos seus alunxs com a implementação desse projeto? Houve alguma relação afetiva, de identidade ou representação?
ResponderExcluirObrigada!
- Mariana Prudente da Silva
Olá bom dia Professora Ana Lúcia, eu já tive experiência com Lima Barreto em um movimento étnico racial e penso quanto importante é em uma aula de história como enfrentamento à violência gerada pelo racismo e em geral e no tocar das busca do autoafirmação da identidade e da tomada de consciência crítica que tanto Paulo Freire nos colocou, vejo que foi um belo trabalho iniciativas de mudanças. Portanto como os alunos e demais professores criticaram, houveram críticas para além das fortunas críticas das ideias do autor nas obras com contextualização com o atual?
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ResponderExcluirSensacional a pesquisa. Lima Barreto é o meu autor favorito do período moderno da literatura brasileira, principalmente, por expor a realidade do jovem negro no Brasil. É muito importante debatermos como os negros vem sendo excluídos e tentar criar caminhos para ajudar a metade da população branca que não desfruta de conhementos étnicos (por incompetência ou falta de oportunidade) e acaba alimentando o racismo estrutural no país, é necessário sim, falar em sala de aula, essas vozes precisam ser ouvidas e desmitificar certos mitos, como a "liberdade" do negro perante a Lei Áurea.
ResponderExcluirGabriel Vinícius Moraes Rodrigues
Acho que a pesquisa poderia abordar outros textos que também podem contribuir para o questionamento. Triste fim de policarpo quaresma também trás a tona problemáticas de um Brasil elitista, o presidente negro, de Monteiro Lobato (mesmo que seja racista, reflete o pensamento segregacionista do autor e da realidade do país).
ResponderExcluirGabriel Vinícius Moraes Rodrigues
Oi, Ana Lúcia, muito importante seu trabalho. Gostaria de te perguntar sobre os contos do Lima Barreto, que também contém temáticas interessantíssimas. Você poderia recomendar algum (s) deles em especial, para trabalhar em sala de aula o combate ao racismo? Muito obrigada.
ResponderExcluirIvanize Santana Sousa Nascimento
ResponderExcluirOlá,Ana Lúcia! Estou aqui, num recanto da Bahia lisonjeada com o seu artigo, pois,creio que sua prática pedagógica se pauta em levantar bandeiras contra o racismo e o preconceito...E trazer Lima Barreto, dar uma emoção e tanta ao ensino,pois, sua voz ecoava pelos textos denunciadores daquilo que ele mesmo sofreu na pele. E hoje, infelizmente,apesar das ações afirmativas, ainda existem gesto e falas discriminatórias. Recentemente, uma colega de trabalho foi apresentar um projeto no rio de Janeiro. Uma das colegas participante, admirada, exclamou: "Na Bahia tem gente inteligente?" Que frase desprezível!Sou negra e também já fui vítima desse BRANQUEAMENTO SOCIAL. Na minha quinta-série IA TER I DESFILE DE 7 DE SETEMBRO. UMA DAS ALAS SAUDAVA AS RELIGIÕES. PEDI PARA SER MARIA DE NAZARÉ E A DIRETORA RESMUNGOU(EU OUVI):" AH, ELA? NÃO, ELA NÃO PODE SER..."É...HÁ MUITO O QUE FAZERMOS PARA CORTAR ESTE MAL...TRABALHO MUITO LIMA BARRETO NO NONO ANO! PARABÉNS!!!!AVANTE!!!!!