O CONTINENTE AFRICANO E SUAS
REPRESENTAÇÕES NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA
A presente pesquisa buscou abordar a
representação da África em três livros didáticos do Ensino Médio, pois este
material é o mais acessível, e utilizado tanto pelos alunos quanto pelos
professores. Ressalta-se que um dos livros foi publicado antes da promulgação
da lei 10.639/2003 e os outros dois são posteriores à mesma. O objetivo
consistiu em problematizar a narrativa proposta nos livros que chegam aos
alunos da rede pública de ensino, haja vista a importância deste tema nos
currículos escolares da atualidade, bem como analisar se a representação sobre
o continente sofreu mudanças com o advento da Lei em questão. Como mencionado o
livro didático também é uma das ferramentas mais utilizadas pelos professores,
portanto, a análise buscou, evidenciar as representações presentes em
diferentes narrativas para que os professores possam pensar possibilidades de
abordagem com relação ao conteúdo.
É comum quando iniciada uma discussão a respeito
do continente africano, a mesma limite-se a questões como, escravidão,
diáspora, economia, e em alguns casos, aos grandes impérios do continente, como
o Império de Gana, Mali, Songai, etc. Não que estes Impérios não tenham a sua
notoriedade e importância, porém, precisa-se ir além destas abordagens,
problematizando as fontes de forma crítica, para que outras interpretações
sejam articuladas. Com a aprovação da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o
Ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira nas escolas de todo o
país, é necessário que professores tanto do ensino básico como universitário
estejam a par destas discussões, para não cometerem certos erros e/ou
reproduzirem um conhecimento estereotipado para os estudantes.
A lei 10.639 aprovada no ano de 2003 pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não pode ser considerada, segundo
Pereira (2015) “bondade” de um governo, mas sim resultado de uma grande luta do
Movimento Negro politicamente organizado, para que a população negra passasse a
ter visibilidade e voz na educação nacional, por meio de políticas públicas
educacionais voltadas a inclusão da população negra. Como mencionado a lei não
surge somente da iniciativa do governo, não que este não tenha grande
importância no processo, mas, até chegar ao momento de sua aprovação foram anos
de luta. Desde a abolição da escravidão em 1888 a população ficou desamparada,
totalmente a margem da sociedade, segundo Domingues (2006) os (as) negros (as)
foram ter um avanço em suas pautas a partir da década de 1930, onde foi fundado
em São Paulo a Frente Negra Brasileira (FNB).
Com a chegada da década de 1950, a população
negra inspirou-se em conquistas dos negros estadunidenses e as pautas de
políticas educacionais voltadas para os negros começaram a ser discutidas
novamente no país. Neste período foi realizado o I congresso do Negro
Brasileiro. Mas o rumo das reivindicações e lutas perderam força com a Ditadura
Militar na década de 1960, já que tais movimentos passaram a ser reprimidos por
expressar suas opiniões, demandas e manifestações. Um dos movimentos de maior
destaque no período militar foi o Movimento Negro Unificado (MNU), que segundo
Pereira (2015), o movimento discursava contra o racismo, e não diretamente
contra o governo, apesar de o mesmo interpretar que as manifestações eram
totalmente de cunho político.
Segundo Marinho (2010) é na década de 1990
que o Movimento Negro ganha certa notoriedade e suas reivindicações começaram a
surtir efeito, lutando e resistindo contra um sistema educacional que por muito
tempo vem invisibilizando a história do Continente Africano e da Cultura Afro
brasileira:
“Certamente coube aos movimentos negros o
maior protagonismo na pressão pela modificação nos currículos escolares no
sentido de incorporar a história da África, dos africanos e seus descendentes
na formação social brasileira. Vem de longe a luta desses movimentos contra o
racismo e pela inclusão social que passa, especialmente, pelo acesso dos negros
à educação. Nas primeiras décadas do século XX, a luta das organizações negras
se batia por uma melhor formação escolar da população negra através do acesso
ao sistema formal de ensino sem, no entanto, haver um questionamento deste
sistema como intrinsecamente inadequado ou excludente a esta população. O
objetivo de fazer do negro um cidadão brasileiro sobre o qual não pesasse o
estigma racial era condizente com o projeto Nacional assimilacionista então
vigente.” [PEREIRA, 2010, p.4]
A lei 10.639 instituída em 2003 é incorporada
a lei 11.645 em 2008, onde é acrescentada as temáticas a respeito da História
Indígena e suas diferentes configurações culturais, porém na discussão presente
buscamos ter como base a primeira lei, por se tratar do recorte temático sobre
o continente africano.
Cabe ressaltar que o processo de abolição da
escravidão no Brasil em 1888, lembrando que o Brasil foi o último país das
Américas a abolir a escravidão, foi um processo um tanto quando complexo em
relação a população negra, pois vemos uma dualidade neste processo, por um lado
os africanos escravizados estavam livres das condições desumanas estabelecidas
por um sistema escravocrata, porém, por outro lado o governo não assegurou com
políticas públicas, medidas que possibilitassem a inserção com dignidade, dessa
população na nova configuração econômica social.
Com isso, compreendemos que a lei não foi um
privilégio estabelecido por um governo, mas o resultado de grandes lutas, e com
isso as temáticas trabalhadas em sala de aula, que por muito tempo estavam
vinculadas à visões eurocêntricas e estereotipadas merecem agora uma nova
problematização, pois os conteúdos em relação ao continente africano não
estavam desconexos destes problemas.
Analisando o percurso do sistema educacional
brasileiro, Segundo Pereira (2010) é na década de 1970 que surgem questões
curiosas a serem pensadas a respeito dos jovens e crianças negras (os) no
sistema educacional:
“Nos anos 1970, a partir da emergência dos
modernos movimentos negros na cena nacional, tem início uma reavaliação do
próprio sistema de ensino como desempenhando um papel importante na exclusão do
negro no sistema escolar. Durante muito tempo o fracasso escolar de crianças
negras, maior que o de crianças brancas, era atribuído a fatores
extraescolares, relacionadas à classe social do alunado: pobreza, nível de
instrução familiar mais baixo, necessidade de conciliar trabalho e estudo,
entre outros. Nos anos 1980 contudo, quando começaram a ser realizadas
pesquisas específicas e mais qualitativas sobre a presença negra no espaço
escolar, outras explicações para o fracasso escolar foram encontradas. Entre
elas, a inadequação do currículo escolar, dos livros didáticos e a postura
diferenciada dos professores frente aos alunos de diferentes origens raciais.”
[PEREIRA, 2010, p.5-6]
Diante disso, é possível uma melhor
compreensão a respeito do material didático distribuído aos alunos da rede
pública de ensino, pois a representação da África, bem como a representação do
negro no livro didático é de extrema importância na questão da representatividade
com os estudantes, os jovens, e crianças que se deparam com uma história
africana abordada sem estereótipos pelo livro didático e pelos professores, e
contextualizada de forma correta, se identificam com o meio em que estão
inseridos, e assim problemas como evasão podem ser minimizados, e uma das
questões mais importantes neste meio, que é a inclusão social, se torna mais
sólida.
Com isso identificamos que, o livro didático
faz parte da cultura escolar e de certa forma, organiza um currículo a ser trabalhado
em sala de aula. Neste sentido, o livro didático, a partir dos critérios mais
rígidos dos editais do MEC que visam a seleção desse material, passam a exigir
a presença de discussões sobre o continente africano e sua representação no
território brasileiro, bem como abordar a questão da invisibilização do
continente e de seus povos.
A partir desses elementos algumas questões
perpassaram a análise dos materiais. Há diferenças de narrativas sobre o
continente? Já que os editais do PNLD, passaram a ser mais criteriosos com
relação às atualizações historiográficas. Há um esforço das narrativas dos
materiais em se diferenciar das representações homogeneizantes dos textos
anteriores a lei? Os textos pós lei ressaltam as relações entre os dois
continentes?
Com isso, para o desenvolvimento da pesquisa
foram selecionados três livros didáticos destinados a estudantes do Ensino
Médio. Refletiu-se sobre a narrativa presente no material didático, onde um dos
materiais é do período anterior a lei e outros dois posteriores.
Após a seleção das obras foi realizado o
levantamento teórico e historiográfico. Cabe ressaltar que a base conceitual da
pesquisa foi o conceito de representação de Roger Chartier.
O conceito de representação é fundamental
para esta discussão, onde nos permitiu compreender as representações em relação
ao continente africano presente nos livros.
Roger Chartier ao discutir o conceito em seu livro “História Cultural
entre práticas e representações” e também em seu texto “O mundo como
representação”.
A representação é um conceito discutido a
partir da história cultural, que segundo Chartier (2002), tem como objetivo
identificar o modo como em diferentes espaços e momentos, uma determinada
realidade social é construída, pensada e dada a ler, ou seja, trabalhar com as
representações do social é entender que não se trata de discursos neutros. As
narrativas são produzidas a partir de estratégias e práticas sociais, escolares
e também políticas:
“Por isso esta investigação sobre as
representações supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de
concorrências e de competições cujos desafios se anunciam em termos de poder e
de dominação. As lutas de representações têm tanta importância como as lutas
econômicas para compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou tenta
impor, a sua concepção do mundo social, os valores que são os seus, e o seu
domínio. Ocupar-se dos conflitos de classificações ou de delimitações não é,
portanto afastar-se do social- como julgou muito tempo uma história de vistas
demasiado curtas, muito pelo contrário, consiste em localizar os pontos de
afrontamento tanto decisivos quanto menos imediatamente materiais.” [CHARTIER,
2002, p. 17]
Na presente pesquisa foram analisados três
livros didáticos destinados a estudantes do Ensino Médio da rede pública de
ensino. Tal análise mostra-se importante na medida em que, a despeito da
historiografia sobre História da África ter se ampliado, com relação aos
materiais didáticos, que estão cotidianamente presentes no dia a dia da sala de
aula, essa historiografia atualizada, muitas vezes, deixa de ser contemplada na
narrativa do livro. Assim, apesar do Programa Nacional do Livro Didático coloca
como obrigatório o acolhimento da lei, muitos elementos referentes a esta são
desenvolvidos de forma a ser um apêndice da própria narrativa do material.
Neste sentido, torna-se importante analisar como esses materiais estão
abordando o tema, em um momento em que a área de Ensino de História ressalta o
desenvolvimento do pensamento histórico do aluno e o combate a cristalização de
uma “história verdade/ tradicional”. Além disso, os materiais didáticos
apresentam-se como elementos importantes, por sua presença e apropriação
cotidiana, de formação de representações/ ideias históricas nos alunos.
O primeiro livro é das autoras Sonia Irene do
Carmo - Doutora em Educação pela Universidade Estadual de São Paulo e Eliane
Couto - professora de História da rede particular de ensino. O livro tem como
título “História passado presente- da pré-história a sociedade feudal”,
destinado a alunos do primeiro ano do Ensino Médio, publicado em 1997 pela
editora Atual, aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático. O livro está dividido em seis unidades e
vinte e seis capítulos, onde o continente africano está presente em três
capítulos.
Neste livro não estão presentes longas
problematizações a respeito do continente. O continente ainda é apresentado
como a África e não as Áfricas, pois a grande característica desta região é sua
multiplicidade cultural. Neste livro está presente com maior ênfase a história
política das poucas sociedades africanas apresentadas no livro. No caso da
sociedade egípcia são identificados fatores políticos e econômicos e, como
isso, provocando alguns silenciamentos como por exemplo a ausência de
abordagens relacionadas aos aspectos culturais da sociedade egípcia e, também
da multiplicidade de sujeitos que compõem tal sociedade.
Neste livro ainda não há a obrigatoriedade de
discussões a respeito do continente africano, porém, a partir deste material já
é possível ter uma melhor compreensão sobre a efetivação da lei 10639 no ano de
2003.
O segundo livro analisado é referente aos
autores: Antônio Pedro - Doutor em história pela Universidade de São Paulo;
Lizânias de Souza Lima - Mestre e História Social pela Universidade de São
Paulo e Yone de Carvalho - Mestre em história Medieval pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. O livro foi publicado em 2005 pela editora
FTD e aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático.
Este livro trata-se de um volume único
referente ao Ensino Médio, nele não há um capítulo específico tratando do
continente africano, são apenas pequenas discussões entrelaçadas a outras
abordagens somando um total de onze tópicos que se referem as populações africanas
e, também, a questão afro-brasileira.
No presente livro o continente mesmo que
resumidamente trabalhado já apresenta alguns pontos positivos em relação ao
livro anterior, as atividades presentes já têm um caráter reflexivo, ou seja,
uma preocupação com a questão do desenvolvimento do pensamento histórico no
aluno relacionado ao tema. Questões como o tráfico negreiro já são abordadas
neste livro e, a partir disso, o livro analisa também a multiplicidade cultural
do continente, mesmo o pouco espaço destinado a esta temática, já possibilita o
professor (a) a identificar a questão:
“Tradicionalmente identificam-se pelo menos
dois grandes grupos étnicos a que pertenciam os negros que vieram ao Brasil: os
bantos, da Guiné, Congo, Angola e Moçambique; e os sudaneses, vindos
principalmente do Sudão egípcio e da costa da Guiné. Temos hoje pouquíssimas
condições de conferir com precisão esses dados, pois os traficantes, de modo
geral, destruíam os documentos alusivos ao comércio de escravos. Dentro do
grupo dos sudaneses, existia um importante subgrupo, que manteve vivas algumas
fortes raízes culturais. Trata-se dos iorubas, responsáveis pela predominância
dos elementos dessa cultura no candomblé e mesmo na nossa língua” [PEDRO, 2005,
p. 193]
É possível observar o início de uma
problematização a respeito da multiplicidade cultural do continente neste
texto, com algumas limitações, porém a discussão está presente. Destaca-se ao
longo do texto a utilização de alguns boxes, a presença destes demonstra uma
preocupação com a organização didática do livro, já que esses “espaços” são
destinados para destacar explicações conceituais relacionadas ao conteúdo. Há,
também a utilização de mapas, elementos importantes para trabalhar a questão do
espaço com os alunos, ressaltando a sua extensão territorial e,
consequentemente, a sua multiplicidade cultural. A questão afro-brasileira já
se encontra presente neste livro, ainda uma discussão pouco difundida e
trabalhada, porém já é possível identificar a questão das populações africanas
no Brasil.
Outro ponto que se apresenta positivamente
neste livro é a questão da África contemporânea, diferentemente do livro
anterior que apresenta o continente recortado em um espaço e tempo, este já
traz questões como o processo de descolonização da África, alguns personagens
importantes também são representados como a figura de Nelson Mandela.
O terceiro Livro publicado em 2013 pela
editora IBEP, trata-se do manual do professor do primeiro ano do Ensino Médio,
tendo como seu autor Divalte Garcia Figueira, Mestre, Bacharel e Licenciado em
história pela Universidade de São Paulo. Tal material é importante, pois pode
trazer Referências e sugestões de atividades para o professor que não está
presente no livro destinado ao aluno.
Este livro está dividido em sete unidades,
onde uma unidade discute as populações africanas, bem como sua relação com
outros povos. Este livro é publicado aproximadamente dez anos após a efetivação
da lei e, evidencia os reflexos dos editais mais criteriosos do MEC com relação
aos conteúdos historiográficos das obras, descortinando uma abordagem mais complexa
a respeito do continente.
No capítulo vinte, intitulado “África: das
primeiras civilizações ao contato com os europeus” o autor realiza
problematizações que permitem que o professor trabalhe juntamente com os
estudantes a principal característica de África, como mencionada, a sua
multiplicidade cultural.
Através deste capítulo é possível compreender
as culturas presentes no continente África, sua relação com outros povos, como
por exemplo com os árabes. Além disso, há a preocupação em trabalhar o tema da
escravidão na África antes da chegada dos europeus. A discussão que é pouco
abordada nos materiais anteriores já está presente neste livro. O livro destaca
a multiplicidade dos sujeitos históricos e a multiplicidade cultural, por
consequência.
É importante ressaltar, que mesmo com as
transformações positivas nas narrativas do material didático, os(as)
professores (as) ainda sentem dificuldades ao trabalhar o tema em sala de aula,
devido ao currículo ainda estar vinculado a visões eurocêntricas da história, o
material não abordar de forma coerente a temática, e a formação continuada não
ter a efetividade necessária. Com isso é necessário que a luta para o
cumprimento da lei seja seguida diariamente, que se torne uma prática cotidiana
nas escolas, para que as identidades brasileiras sejam sempre reconhecidas e
valorizadas.
Considerações
finais
A partir disso compreendemos a importância da
história da África na educação brasileira, como elemento importante para se
discutir a questão da identidade nacional e problematizar e combater ao racismo
e a exclusão. A história da África juntamente com a questão afro-brasileira
deve ser enfatizada na formação de professores e em cursos de formação
continuada para que a produção historiográfica mais atualizada faça parte da
formação dos docentes para estes tenham condições de lidar com os
silenciamentos dos materiais em relação a narrativa histórica, bem como estejam
preparados para problematizar as representações cristalizadas no material
didático.
Através da pesquisa foi possível
compreendermos que, mesmo com alguns limites em relação a representação da
História da África nos materiais didáticos, nos últimos anos, percebe-se que a
forma de apresentar o continente passou mudanças positivas. Assim, é possível encontrar
nos livros- pós lei e com editais de seleção do PNLD mais rígidos quanto à sua
produção – a tentativa de evidenciar o continente dentro de sua multiplicidade
cultural, territorial e étnica, bem como ressaltar sua presença na nossa
formação nacional.
Referências
Edson Willian da Costa, Licenciado em
História pela Universidade Estadual do Centro- Oeste (UNICENTRO).
Dra. Carmem Lúcia Gomes De Salis, professora
do Departamento de História/G da Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO).
CHARTIER, ROGER. A História Cultural entre
práticas e representações. Portugal: DIFEL, 2002.
____. O mundo como Representação. In Estudos
avançados. São Paulo, v.5, n.11, p. 137 jan/abr. 1991.
DOMINGUES, P. Movimento Negro brasileiro:
Alguns apontamentos históricos. SCIELO. Vol. 12 n.23 (março, 2007) p.100-122.
MARINHO, V.A. A educação da relações
étnico-raciais como reflexão da luta dos movimentos sociais negros. Revista
Fórum identidades. Vol. 7 n.4 (Janeiro/Junho 2010) p.41-52.
PEREIRA, N.D. A trajetória histórica dos
negros brasileiros: da escravidão a aplicação da lei 10.639 no espaço escolar.
Curitiba: UFPR, 2015, Monografia (especialização).
PEREIRA, Luena Nascimento. O ensino e a
pesquisa sobre África no Brasil e a lei 10639.Revista África e africanidades.
n.11, novembro, 2010.
Livros didáticos analisados:
CARMO, Sonia Irene Silva do. Da pré-história
á sociedade feudal/ Sonia Irene Silva do Carmo, Eliane Frossard Bittencourt
Cout. São Paulo: Atual, 1997.
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História 1º Ano:
Ensino Médio. São Paulo: IBEP, 2013.
PEDRO, Antonio. História do Mundo Ocidental:
Ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.
Gostei do texto!Realmente nos últimos anos tivemos alguns avanços na inclusão da história do continente africano nos livros didáticos. Entretanto, percebo que ainda temos muito o que avançar. Eu sou professor da rede estadual em Minas Gerais, e quando vou trabalhar sobre algum tema que envolva a África sempre tenho que recorrer a materiais complementares. Dentre eles, está a "Síntese da Coleção História Geral da África", que apesar de ser de difícil entendimento, é uma opção. Através disso, quero saber se você tem a mesma percepção que a minha, no quesito de ter um currículo a seguir, e esse documento ainda prioriza a Europa em detrimento a outros temas, como a África e a Ásia, por exemplo. Você concorda com essa indagação?
ResponderExcluirAtenciosamente, Edivaldo Rafael de Souza.
Olá Edivaldo, realmente nos últimos anos foi possível identificarmos algumas mudanças positivas em relação ao Ensino de História da África. Após a promulgação da Lei 10639/2003 o continente teve uma abordagem mais clara nos materiais didáticos, possibilitando uma melhor compreensão em sala de aula. Apesar de que, necessitamos ainda de muitos avanços em relação a temática, e com isso a historiografia vem tendo pontos positivos nos últimos anos, as pesquisas sobre História da África e cultura Afro-brasileira vem a cada dia ganhando mais espaço, e com isso criando mais possibilidades de abordagens do tema em sala de aula. Acredito que sim, mesmo com os avanços mencionados, ainda encontramos uma visão sobre o continente presa a (pre)conceitos eurocêntricos, vejo que isso talvez esteja ligado a formação acadêmica, visto que, em nossa formação ainda lemos em grande parte, autores/as europeus, e talvez isso molde de certa forma as problematizações a respeito do continente africano.
ResponderExcluirAtenciosamente, Edson Willian da Costa e Carmem Lúcia Gomes De Salis.
Prezado(a) autor(a)
ResponderExcluirParabéns pelo artigo!
Tenho desenvolvido algumas oficinas para professores sobre questão a Representação do Negro no Livro Didático e sempre inicio com o levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto, para observar se esta é uma preocupação dos docentes na escola. Tenho me deparado com realidades de invisibilidade nesse sentido. Embora a Lei número 10639/2003 tenha contribuído para que o PNLD apresentasse editais que banissem desse contexto, obras que representam a cultura e a história africana estereotipada, temos outras questões igualmente importante e desafiadora que é a formação desses sujeitos para ler de forma crítica textos e imagens que sutilmente ainda estão postos nessa ferramenta, ou que ausentam o negro da história e memória da construção do conhecimento . Nesse sentido como vocês enxergam a importância da formação dos professores que culminem para um olhar antirracista do Livro Didático?
Olá Clenia, obrigado pela leitura do texto e pela pergunta.
ExcluirMesmo com alguns avanços positivos a partir da promulgação da lei, como pontuamos no trabalho, e como você pontou em relação a experiência com a oficina, ainda encontramos dificuldades em relação alguns docentes sobre trabalhar a temática. Com isso, compreendemos a importância de uma formação sólida, com discussões que reforcem o olhar crítico do docente sobre o material didático, e as fontes em geral. Não somente a formação em si, mas a formação continuada também é de grande importância, para que se concretize de melhor forma o processo de ensino e aprendizagem e o combate ao racismo.
Att, os(a) autores(a)