Dulceli de Lourdes Tonet Estacheski


O IMPACTO DAS LEIS 10.639/2003 E 11.645/2008 NO ENSINO DE HISTÓRIA


Os governos reformulam constantemente os instrumentos normativos, planos, programas e projetos que constituem o que chamamos de políticas educacionais. A implementação de ações referentes a estas políticas visam (re)configurar a realidade dos sistemas educacionais brasileiros marcados por dificuldades históricas. Nos últimos anos as políticas de acesso à educação foram ampliadas, no entanto, há muito a se fazer em relação à qualidade de ensino e às condições de trabalho docente. É fundamental entender que o acesso à matrícula escolar não significa possibilidade de permanência e nem de efetiva inclusão e aprendizagem. Com isso quero salientar que as dimensões de uma política educacional implicam na historicidade que conduziu ao seu surgimento e nas possibilidades e restrições de sua aplicabilidade. Para Antonio Cabral Neto e Magna França (2016) na obra ‘Políticas educacionais: dimensões e perspectivas’, as leis, planos e programas contemplam ações que não se materializam plenamente na ponta do sistema o que é problemático para um país em que o acesso da população à educação escolar já iniciou de forma retardatária.

Essa reflexão inicial, embora soe pessimista, nasce da inquietação de quem percebe que mais de uma década se passou desde a promulgação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 e ainda hoje é preciso salientar sua relevância e fomentar sua implementação, pois essa política educacional não se concretizou em grande parte das escolas. Pensar em seus impactos, portanto, é pensar em duas vias, por um lado, nos benefícios que sua efetividade gera e por outro lado, nas mazelas educacionais que dificultam a concretização destas políticas educacionais. Antes de aprofundar tais questões cabe destacar o que a legislação visa impactar, o que pretende modificar no ambiente escolar e, por conseqüência, que mudanças sociais ela almeja.

As leis 10.639/03 e 11.645/08 alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996) tornando obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena na escola de educação básica nas redes públicas e particulares. Pelo texto da lei deve-se abordar:

“diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.” (BRASIL, 1996)

Define-se ainda que tais conteúdos devam ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, especialmente, mas não exclusivamente, nas áreas de Educação artística, Literatura brasileira e História.

No ensino de História a proposta é trabalhar com a trajetória de pessoas que foram marginalizadas e silenciadas no decorrer da história brasileira, reconhecendo também a luta dos movimentos sociais que viabilizaram a elaboração das leis, pois elas não são fruto de vontade política do Estado. Para Renilson Rosa Ribeiro (2016) em ‘A cunha pós-colonial no currículo eurocentrado’, a emergência dessa legislação tem a potencialidade de romper com conteúdos, narrativas e temporalidades consagradas no ensino de História, vinculado ao modelo quadripartite eurocêntrico do currículo escolar (História antiga, medieval, moderna e contemporânea). Isso possibilitaria pensar a formação do nosso país e nação de maneira diferente, não firmando o protagonismo europeu como tem sido feito na trajetória histórica da disciplina. Para o autor essa é uma proposta de descolonizar a educação escolar brasileira.

No livro ‘Decolonialidad de la educacion’ organizado por Alexander Ocaña, María Arias e Zaira Conedo (2018) há um belíssimo texto de abertura, ‘El Abya-Yala: un paraíso para decolonizar’. A narrativa destaca que a América Latina, Abya-Yala, a terra em plena maturidade, era habitada por uma multiplicidade de povos, de etnias, de culturas mescladas, já antes da vinda dos colonizadores e depois, ganhou outras cores, outras faces, outros traços culturais. A obra trata da pedagogia decolonial que visa superar a colonialidade do poder, do saber e do ser, reflexão que nos remete a autores/as como Aníbal Quijano, Enrique Dussel, Luciana Ballestrin, entre outros/as e aponta Paulo Freire como um dos principais pensadores da Educação, cujos escritos contribuem para essa perspectiva. Quero destacar aqui, a realidade da diversidade cultural brasileira que antecede a história da colonização e, portanto, pensar a interculturalidade no ensino de História no Brasil não é apenas justificável, é fundamental.

O Brasil precisa se pensar em uma perspectiva multicultural, intercultural e decolonial que supere a folclorização das diferenças advindas do ‘mito da democracia racial’ que marcou profundamente a escrita e o ensino de História. Para Ricardo Henriques em ‘Educação anti-racista’ (SOUZA, 2005), entender o racismo no cotidiano escolar é condição fundamental para arquitetar outro projeto de educação que possibilite inserção social equitativa, destravando o potencial intelectual dos sujeitos. Para o autor, o silêncio sobre o racismo contribui para que diferenças sejam entendidas como desigualdades naturais e isso impede o “florescimento de mentes”, pois gera auto-rejeição, baixa auto-estima, timidez, desânimo, dificuldade de aprendizagem e evasão escolar.

O ensino de História em uma abordagem intercultural reconhece a sala de aula como espaço da diversidade, cabendo o conceito de ‘entre lugares’ de Homi Bhabha (1998 p. 20), definido por ele como “terreno para a elaboração de estratégias de subjetivação – singular ou coletiva – que dão início a novos signos de identidade e postos inovadores de colaboração e contestação, no ato de definir a própria ideia de sociedade”. Reconhecer essa realidade possibilita pensar uma educação que compreenda a riqueza da diversidade para o aprendizado mútuo e não que busque impor uma única perspectiva cultural que exclui e se configura em um ensino não significativo para grande parte dos sujeitos da sala de aula e que, por consequência, não estimula a aprendizagem.

(Re)conhecer a história das populações negra e indígena na formação da população brasileira é tocar no que Verena Alberti, na obra organizada por Amílcar Araújo Pereira e Ana Maria Monteiro (2010), ‘Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas’, chama de temas controversos e sensíveis, muitas vezes evitados em sala de aula. No entanto, fazê-lo é fundamental para uma educação antirracista que proporcione visibilidade e afirmação identitária aos sujeitos da sala de aula. Para Kabengele Munanga (1988), o Brasil deveria tratar dessas questões com muito mais força, pois é um país que nasceu do encontro das culturas. Ao pensar a ‘negritude’, o autor destaca que a população negra foi vítima de terríveis tentativas de desumanização e de destruição/negação de suas culturas. A população indígena sofreu processo semelhante e não é mais possível negligenciar esses sujeitos na pesquisa e no ensino da História brasileira. A legislação, resultado de lutas sociais, é um instrumento importante para que isso ocorra. Trata-se de enfrentar e superar injustiças no sistema educacional brasileiro.

Voltemos, então, à questão central: quais impactos efetivos desta legislação são perceptíveis? Aponto para três perspectivas: 1) Desenvolvimento de pesquisas na área, ampliando o debate, 2) Mudanças na formação docente, e 3) Ações nas escolas de educação básica.

No primeiro aspecto, desde a promulgação das leis os debates em relação à temática têm crescido significativamente, pesquisas têm sido desenvolvidas, grupos de estudos, formações, eventos científicos e publicações diversas surgiram. Em uma pesquisa rápida no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES realizada no dia 15 de janeiro de 2020 encontramos 195.680 trabalhos com o termo de busca ‘cultura afro-brasileira’ e 123.155 teses e dissertações com o termo de busca ‘cultura indígena’.

Algumas questões podem ser levantadas aqui pelo fato de termos um número maior de pesquisas sobre cultura afro-brasileira em relação às pesquisas sobre cultura indígena. A legislação que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro são anteriores à legislação sobre a obrigatoriedade do ensino da cultura indígena. Isso teria dado mais tempo para o desenvolvimento de pesquisas na área? Em caso afirmativo, significa que a legislação, a obrigatoriedade, é fundamental para suscitar pesquisas? Por outra perspectiva, a trajetória do Movimento Negro no Brasil nos ensina que desde o século XIX havia um entendimento de que a escrita seria uma arma poderosa na luta pela liberdade e pelo empoderamento dos sujeitos (SILVA, 1987). Tal premissa motivou uma produção escrita maior sobre a história e cultura afro-brasileira? As pesquisas sobre a temática indígena também tem crescido na última década. Seria resultado da legislação? Das políticas de cotas e criações de cursos específicos nas universidades? Há muitas possibilidades de reflexão sobre o impacto dessas políticas educacionais no desenvolvimento da pesquisa sobre os temas no Brasil.

No segundo aspecto, sobre o impacto na formação docente, pesquisei no dia 11 de junho de 2019 nos sites de 27 universidades federais do país as matrizes curriculares de cursos de Licenciatura em História. Em apenas 11 desses cursos há uma disciplina obrigatória sobre História Indígena. Em 22 deles há a disciplina de História e Cultura Afro-brasileira e em três desses cursos nenhuma das duas é obrigatória, elas aparecem apenas como disciplinas optativas. A importância de inserir as disciplinas na matriz curricular como obrigatórias é indiscutível, pois mantê-las como optativas apenas, significa que nem todas as pessoas que estão se graduando em licenciatura em História precisam aprender sobre estes temas, podendo escolher ou não cursar as disciplinas, o que é um evidente equívoco. Vale ressaltar mais uma vez que esta legislação não é tão recente assim tendo, portanto, havido tempo hábil para reformulações de cursos. A menos que o que não tenha sido atualizado sejam os sites institucionais, com a disponibilização das matrizes curriculares recentes, o que seria outra questão discutível.

Sobre o terceiro aspecto, é perceptível que destes debates nasceram ações efetivas em salas de aula da educação básica. Docentes, sobretudo negros/as e indígenas, passaram a trabalhar a temática em seus espaços de atuação. Projetos extensionistas de universidades também passaram a desenvolver atividades focando nessa legislação promovendo o conhecimento da história e da cultura negra e indígena. Resultados positivos são constatados em relatos de estudantes que passam a (re)conhecer sua história, sua cultura sendo trabalhada em uma perspectiva positiva. Em uma sala de aula de 6º ano do ensino fundamental na qual lecionei há anos atrás, ao abordar o tema da cultura afro-brasileira uma aluna começou a explicar para a turma sobre o terreiro de umbanda que frequentava com a família. As demais crianças ouviram atentas e fizeram perguntas para a colega. No final da aula a menina me disse que pela primeira vez foi ouvida pelos/as colegas que, majoritariamente cristãos/ãs, em outros momentos na escola haviam expressado desprezo por suas práticas religiosas. São vários os exemplos semelhantes propagados em diversos relatos de experiência sobre o ensino da história e da cultura da população negra e indígena que se configuram em um impacto extremamente positivo. Wilma e Mauro Coelho (2013) em ‘Os conteúdos étnico-raciais na educação brasileira’ narram uma mudança positiva na percepção de si de uma criança que se sentia mal por ser negra e muda com a abordagem da questão étnicorracial na escola. (Re)conhecidos, estes sujeitos se percebem inseridos no contexto escolar e motivados a desenvolver seus potenciais de aprendizagem.

Constatados os impactos, passo a refletir sobre a outra via mencionada no início do texto que se refere às mazelas que dificultam a implementação dessa política educacional. Ainda são majoritariamente docentes negros/as e indígenas que assumem para si essa demanda, enquanto os/as demais docentes não se percebem como responsáveis pela temática. Mauro e Wilma Coelho (2013) chamam essa prática de “voluntarismo docente” já que secretarias de educação municipais e estaduais pouco interferem na aplicação da lei. Ambos destacam ainda que muitas vezes a temática é abordada como uma espécie de formação ética e moral no combate ao racismo, mas não como enfrentamento dos conteúdos disciplinares. Cabe destacar que a obrigatoriedade é fruto da luta de movimentos sociais negros e indígenas, mas a temática deve inserir-se no currículo, não como tema esporádico a ser tratado apenas por militantes (o que não significa que não devam fazê-lo). A temática deve reconfigurar os conteúdos escolares de História e ser trabalhada por todos/as os/as docentes, pois como bem argumenta Nilma Lino Gomes (2005) em ‘Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil’, a questão racial não deve interessar somente a pessoas negras, assim como as questões indígenas não devem interessar somente ao povo indígena, mas a todos/as os/as brasileiros/as. Concordo com Renílson Rosa Ribeiro (2016) que afirma tratar-se do desafio de “trazer os sujeitos historicamente excluídos e silenciados na história para o palco principal, juntamente com os demais personagens e grupos históricos que lá sempre estiveram ou foram fixados pela história tradicional”.

O que se vê ainda é que em algumas escolas o tema sequer é abordado, enquanto em outras fica restrito a datas comemorativas (dia do índio, dia da consciência negra) ou em semanas da cultura ou feiras de ciências. A crítica a essas experiências isoladas vem no sentido da continuidade da folclorização das diferenças. Para Wilma e Mauro Coelho (2013) esse tipo de abordagem por meio de feiras, com caráter lúdico, reitera uma compreensão mítica de que a população negra e indígena apenas contribuiu na formação do Brasil com sua alegria, com suas festas e alimentos, enquanto o trabalho e o desenvolvimento do Brasil são atributos do branco.

Em algumas escolas a questão étnicorracial só é trabalhada em virtude de projetos extensionistas e de ensino de universidades que nelas são implementados. Em minha experiência na docência na disciplina de estágio supervisionado constatei que docentes da educação básica repassam essa responsabilidade a estagiários/as alegando pouco conhecimento historiográfico para fazê-lo.

O que é preciso para que a legislação seja mais impactante no ensino de História? Hebe Mattos (2003) em ‘O ensino de história e a luta contra a discriminação racial no Brasil’ alerta para a necessidade de novos contornos na formação docente em História destacando alguns pontos como desenvolver condições para uma abordagem da História da África no mesmo nível de profundidade com que se estuda a história europeia e suas influências no continente americano e historicizar o processo de racialização da população negra nas Américas. Ressalto aqui a necessidade de historicizar a questão das práticas de desumanização e negação de culturas negras e indígenas. Tais pontos são importantes, pois quando os temas são tratados como externos ao currículo, seja no curso de licenciatura em História, seja na educação básica, acabam tratados como curiosidades, como anexos informativos e não são internalizados e por isso não sustentam alterações. O estudo sistemático alimenta a percepção da necessidade de uma reformulação curricular que redimensione os conteúdos da educação básica em História. Convém considerar que a obrigatoriedade do ensino dos temas trouxe à tona o despreparo docente para lidar com eles e não se trata apenas de desconhecimento, pois isso é remediável, a questão está no desinteresse de muitos/as e nos preconceitos/as que se perpetuam, reforçando a necessidade de mudanças estruturais na formação docente.

Complemento tais pontos com o alerta dado por Jörn Rüsen (2010) em ‘O livro didático ideal’ para que historiadores/as prestem atenção e insistam para que “o estado de investigação de sua matéria chegue sem grande demora aos livros didáticos”. As condições reais da docência nas escolas públicas brasileiras fazem com que o livro didático seja um dos instrumentos mais utilizados no cotidiano escolar e para muitos/as ele é o configurador do currículo. Passada mais de uma década da legislação e o que temos de mudança nos materiais didáticos de história ainda é pouco significativo. Profícuas são as sugestões de Verena Alberti (2012) no artigo ‘Proposta de material didático para a história das relações étnico-raciais’ que sugere o uso das tecnologias da informação e da comunicação para divulgar e dar acessibilidade a fontes e materiais históricos diversos, no entanto, ressalto a relevância de que os conteúdos integrem o livro didático, pois ele chega às escolas nas quais as tecnologias digitais ainda não chegaram ou não chegaram de forma ampla para acesso em sala de aula ou laboratórios de informática.

A análise dos impactos das leis 10.639/03 e 11.645/08 no ensino de História, portanto, traz à tona expectativas extremamente relevantes, realidades educacionais que apresentam dificuldades de implementação, experiências práticas que confirmam os resultados positivos na inclusão social e no desenvolvimento da aprendizagem de estudantes e desafios a serem ainda superados. O diálogo entre a academia e os movimentos sociais e a articulação entre a produção teórica, as discussões políticas e o campo educacional, como bem destaca Nilma Lino Gomes (2005), é essencial para que as mudanças aconteçam e os impactos sejam cada vez mais efetivos e significativos.

Referências
Dra. Dulceli de Lourdes Tonet Estacheski é professora do curso de História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina.
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS/MEC – Brasil.

ALBERTI, Verena. Proposta de material didático para a história das relações étnico raciais. Revista História Hoje. V. 1. N. 1, 2012.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.
BRASIL. Lei. 11.645 de 10 de março de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm.
CABRAL NETO, Antonio; FRANÇA, Magna (Orgs.). Políticas educacionais: dimensões e perspectivas. Campinas/SP: Mercado das Letras, 2016.
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GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre as relações étnico-raciais no Brasil. In: SOUSA, Andréia Lisboa de [et all.] Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n° 10.639/03/ Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
MATOS, Hebe. O ensino de história e a luta contra a discriminação racial no Brasil. In: ABREU, Martha & SOHIET, Rachel. Ensino de História. Conceitos, temáticas e Metodologia. Rio de Janeiro: FAPERJ/Casa da Palavra, 2003.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 1988.
OCAÑA, Alexander Ortiz; ARIAS, María Isabel; CONEDO, Zaira Esther Pedroso. Decolonialidad de la educacion: emergencia/urgencia de una pedagogía decolonial. Colombia: UniMagdalena, 2018.
PEREIRA, Amilcar Araujo & MONTEIRO, Ana Maria (Orgs.) Ensino de História e Culturas Afro-Brasileiras e Indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. PINTO, Ana Flávia Magalhães. A imprensa negra no Brasil do Século XIX. São Paulo: Selo Negro, 2010.
RIBEIRO, Renilson Rosa. A cunha pós-colonial no currículo eurocentrado. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; FRONZA, Marcelo (Orgs.). Consciência histórica e interculturalidade: investigações em Educação Histórica. Curitiba: WA Editores, 2016.
RÜSEN, Jörn. O livro didático ideal. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (orgs.). Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: UFPR, 2010.
SOUSA, Andréia Lisboa de [et all.] Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n° 10.639/03/ Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
SILVA, Petronila Beatriz Gonçalves e. Histórias de Operários Negros. Porto Alegre: EST Edições, 1987.

69 comentários:

  1. Olá professora.
    Neste texto você apontou que desde a aprovação das leis 10.639/03 e 11.645/08 ouve um crescimento significativo nas pesquisas referente às a temática cultura africana e afro-brasileira assim como indígena.
    Mas que na prática, isto é na sala de aula os professores da educação básica a implementação das leis ainda é tímida e você fez uma crítica aos professores que atua na educação básica ao afirmar em que:
    “Em minha experiência na docência na disciplina de estágio supervisionado constatei que docentes da educação básica repassam essa responsabilidade a estagiários/as alegando pouco conhecimento historiográfico para fazê-lo.”
    Pergunto a você: Será que as universidades principalmente do curso de ensino de História não tem falhado na questão da didática com esse professor que é formado pelas Universidades?
    Se ocorreu aumentando de produções sobre a temática, porque estas produções não significa “resultados positivos na inclusão social e no desenvolvimento da aprendizagem de estudantes e desafios a serem ainda superados.”?
    Onde nós professores da Educação Básica e o Ensino Superior está falhando?

    Nome: Luciana Martinez de Oliveira Costa

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    1. Bom dia Luciana... não foi exatamente uma crítica a docentes da educação básica, mas uma constatação de uma realidade, a de que muitos/as passam a responsabilidade a estagiários/as afirmando não terem formação para tal abordagem... a crítica, portanto é ao conjunto: a não formação continuada relativa a esses temas (pensando em docentes que se formaram antes da legislação, a pesquisa acadêmica que demora a chegar à escola, aos materiais didáticos, aos cursos de licenciatura que ainda não se adequaram para formar a contento... ou seja... minha questão é de que todos/as devemos assumir nossas responsabilidades no estudo e ensino do tema.

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  2. Olá!
    Tenho preocupações reais e acredito que não sejam só minhas quanto a aplicabilidade dessas leis nos anos iniciais do Ensino Fundamental, e a ausência de aprofundamento das mesmas para a formação de Pedagogas e Pedagogos, que reforça o que já temos e dificulta a descolonização da educação brasileira citada no texto.
    E não podemos desconsiderar também que num país como o nosso, que é racista, os atores da escola e seu corpo docente não estão livres de pessoas racistas e de um racismo velado, pessoas essas que não dão a minima importância para o trabalho com essas leis, e um ponto do texto que reforça isso é quando cita que o trabalho com etnias se da em datas comemorativas, reforçando a folclorização dessas culturas e desses povos que construíram o Brasil com suor, lágrimas e sangue.
    Dito isso, gostaria de aprofundar o dialogo sobre formas possíveis de descolonização da educação brasileira e de que formas práticas isso pode acontecer?
    Beatriz Honório Moreira

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    1. Bom dia Beatriz... entendo que é fundamental e urgente uma discussão séria sobre currículo. E é preciso assumirmos posturas coerentes com nossas teorias... Criticar a pedagogia tradicional e adotar práticas tradicionais não é coerente, assim como propor a descolonização do currículo e manter os conteúdos eurocentrados...

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  3. Bom dia Beatriz... entendo que é fundamental e urgente uma discussão séria sobre currículo. E é preciso assumirmos posturas coerentes com nossas teorias... Criticar a pedagogia tradicional e adotar práticas tradicionais não é coerente, assim como propor a descolonização do currículo e manter os conteúdos eurocentrados...

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  4. Boa tarde, Dulceli.
    Uma das coisas q mais me entristeçe na aplicação das referidas leis é a falta de interesse dos professores. As reclamações são grandes e com razão, mas não devemos nos abater mesmo com a falta de formação continuada e material didático. A luta do Movimento Negro no Brasil foi longa e se faz necessário trabalhar as questões etnico-racial e indígenas nas escolas. Uma luta difícil mas fundamental para extinguir de vez o racismo, o preconceito e a discriminação do nosso país. Parabéns pelo texto. Aline Nunes Rangel

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    1. Obrigada Aline... sabemos que há muitas fragilidades no processo formativo em relação ao tema, mas é fundamental que tenhamos interesse e empenho para o estudo e ensino do tema.

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    2. Oi boa noite Aline realmente é uma verdade o que você asseveras no que diz respeito á resistimos continuar a trabalhar sobre as questões de Africa em sala, temos que abordar-las de forma cotidiana para que nossos alunos sintam-se representados no currículo .Conforme afirma Nilma Lino Gomes para que a escola e a sociedade cumpram um papel na superação da discriminação racial não basta a denuncia é necessário a adoção de práticas e políticas um processo de desconstrução dos estigmas e esteriótipos construídos historicamente sobre o povo brasileiro.

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  5. Boa tarde!
    Tive experiências enquanto bolsista do pibid durante minha graduação, e atuando em uma das escolas parceiras na educação básica, encontrei os mesmo desafios que você destacou no seu texto para a aplicação das referidas leis, no que tange o aprendizado mais aprofundado sobre essas temáticas. O que mais me deixou preocupado durante essa experiência foi a total falta de desinteresse e desenformaçao por parte da gestão da escola, e do corpo docente para se pensar em formas de se aplicar essa temática tão fundamental para se entender os moldes da sociedade brasileira, quem somos, nossas origens e cultura, não só presa ao passado, mas principalmente ao nosso presente também. Concordo com o fato de que o erro está não só na questão eurocêntrica, como também do próprio livro de didático, na forma que é transmitido esse assunto, e principalmente na falta de matérias específicas sobre a questão afro e indígena nas universidades, também ressalto a importância que se tem de estudar esse assunto em outras áreas que não seja da História. Só assim terenos eficácia na aplicação da referida lei, quebrando moldes e desconstruindo esses esteriótipos criados pela a sociedade.

    Vitor Feitosa Santos

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    1. Boa reflexão Vítor, partilho de suas inquietações.

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  6. A notoriedade de uma abordagem multicultural, intercultural e decolonial evidencia-se ao passo em que tomamos conhecimento da realidade escolar brasileira do ponto de vista de sua multiplicidade cultural e social. Quando somado a um racismo velado e enraizado nas entranhas das nossas percepções acerca da sociedade, essas evidências adquirem ainda mais relevância. No entanto, as mudanças na formação docente não se adequam ao nosso entendimento de tal realidade, como muito bem trabalhado no presente artigo. Uma vez que as matrizes curriculares de parte considerável dos cursos de história ainda sustentam grades de viés eurocêntrico. Um pouco além desta perspectiva, há um outro problema, que diz respeitos aos professores formados em períodos anteriores a promulgação das leis aqui analisadas. Nesse sentido, que soluções poderíamos propor acerca deste problema?

    Caio Cesar Honório Moreira

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    1. Obrigada Caio... Em relação a docentes formados em período anterior, a formação continuada deveria dar suporte... Cursos de extensão universitária seriam uma boa solução... se não esbarrassem na grave questão da carga horária de docentes da educação básica que é elevada, com pouca possibilidade de dedicação à formação, estudo, pesquisa... as secretarias estaduais e municipais de educação deveriam pensar em estratégias formativas que suprissem essa carência, permitindo, por exemplo, a participação de docentes em cursos de extensão dentro da carga horária docente.

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  7. Olá!
    Como professora no ensino superior de estágio supervisionado, e também de História do Brasil, vejo muitas dificuldades dos estudantes e professores de irem além do livro didático, que ainda é superficial nas temáticas de história da África, e infelizmente ainda reproduzem estereótipos da população africana e afro-brasileira. Como romper com esse problema dos livros didáticos? Já que ele é o principal recurso na sala de aula.

    Priscila Santos da Glória

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    1. Olá Priscila... os livros didáticos obedecem a demandas governamentais e comerciais... No primeiro aspecto, vivemos tempos difíceis, com mais retrocessos do que avanços... no segundo aspecto... o Plano Nacional do Livro Didático ajudaria a pressionar as editoras se, no processo de escolha dos livros, docentes se recusassem a escolher livros que não tratem a temática a contento. As editoras, para vender, formulariam livros melhores. Parece simplista... mas seria um caminho... É evidente que docentes teriam que escolher livros da lista proposta e sabemos que nem sempre os livros escolhidos são os recebidos, mas pressionar é um caminho. Outra questão a pontuar é a responsabilidade das universidades em produzir materiais para as escolas... a preocupação em publicar em revista A1 é tão desesperadora que muitos se esquecem que produzir materiais acessíveis a docentes e estudantes da educação básica tem um extremado valor que não deve ser ignorado. As universidades muitas vezes só dialogam entre pares, se esquecem da educação básica, isso é um problema que deve ser superado.

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  8. Boa noite professora Dulceli.
    Suas digressões sobre as dificuldades de implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, em sala de aula, são muito oportunas. Em determinado momento você cita que, a obrigatoriedade da aplicação das citadas leis, perdem sustentação diante da discricionariedade do próprio professor, o qual está vinculado a uma questão de identidade, seja ela pró ou contra. Seguindo essa lógica, você acredita que se trata de uma postura relacionada a geração dos professores, formados antes ou após o advento das leis em questão, ou ainda atinge todas as gerações? existe algum estudo nesse sentido, sobre o assunto?

    Sérgio Mauro Nunes de Souza

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    1. Boa noite Sérgio... Docentes formados antes da legislação podem ter tido ausência de discussões e de disciplinas que tratassem da temática durante sua formação inicial... É evidente que isso por si só não justifica a ausência de formação posterior, continuada, mas entendemos que estes/as tenham maior dificuldade. No entanto, uma questão que não pode ser negligenciada é a do preconceito que faz com que docentes, mesmo tendo a formação necessária, se recusem ou se esquivem de trabalhar com o tema... O livro Educação Anti-racista, disponível em pdf na internet, é uma boa leitura...

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  9. Bom dia. Em relação a esse texto, se percebe que ele aborda de forma ampla as leis 10.639/ 03 e 11.645/08 que são legislações educacionais que valorizam o ensino da História e Cultura afro brasileira e também, a História da cultura indígena. Neste sentido, vale pontuar que desde a aprovação das leis 10.639/03 e 11.645/08 houve um aumento bastante considerável das temáticas referentes a cultura africana e afro-brasileira assim como a indígena.
    Assina: Francielcio Silva da Costa

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  10. O que dificulta para que o ensino de História e Cultura africana e afro brasileira e indígena, ocorra de forma efetiva nas escolas brasileiras em geral?
    Assina: Francielcio Silva da Costa

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    1. Podemos definir como dificuldades os fatores apontados no texto, como a carência formativa, a demora na inserção de disciplinas específicas nos cursos de licenciatura e de mudança nos livros didáticos e, também, a falta de interesse de algumas escolas, docentes e/ou secretarias de educação.

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  11. •Foi uma leitura muito interessante e enriquecedora. Foi perceptível o impacto das leis dentro do ensino e da educação em escolas, desse modo, gostaria de saber se o principal motivo que ocasiona a falta de interesse nos estudos sobre a história e a cultura afro-brasileira e indígena é realmente a falta de conhecimento historiográfico ou se existem outros fatores que ocasionam tal problema, como por exemplo a falta de interesse? Além disso ainda existe a necessidade da implementação de novas leis para assegurar a continuidade desses estudos e preservação da memória?

    ANA CAROLINA ALVES TIBÚRCIO

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    1. Bom dia Ana... não seriam necessárias novas leis, mas a implementação das existentes. Não é apenas falta de conhecimento e de de interesse, mas também de tempo (carga horária docente elevada em sala de aula na educação básica), recurso e incentivo para a formação continuada, entre os demais fatores apontados no texto...

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  12. professora Dulce sua forma de abordar os temas são maravilhosas!!! a pouco tempo realizei um trabalho na Disciplina de História e Cultura Afro Brasileira sobre as Diretrizes curriculares para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, relendo as diretrizes percebi vários pontos, entre eles as políticas de reparação estabelecidas como uma forma de garantir reparações na educação voltada aos negros, como garantia que esses teriam acesso a educação. Isso me fez refletir o ensino como um todo, como a desigualdade ainda é grande, e como o preconceito existente dentro da sociedade faz com que isso piore. cheguei a conclusão que por mais falhas que a educação possua essa ainda é o melhor caminho para combater a desigualdade e o preconceito. penso que uma forma de mudar esse cenário e a maneira que os conteúdos são apresentados aos estudantes, pois na maioria o que é repassado em sala sobre a população negra é aquela visão de escravos, não que isso não seja importante para analisar, mas penso que mostrar a cultura dos povos africanos e afro-brasileiros as formas de se vestir, as danças, cantos comidas e até mesmos os intelectuais negros, possa mudar essa visão. pois se conseguirmos levar até os alunos a consciência de que todos construíram e fazem parte da História do Brasil e que ninguém merece ser descriminado pela cor da pele ou raça que pertence, esse abismo de desigualdade possa começar a diminuir. Gostaria de saber mais sobre a opinião da professora sobre esse assunto, que outras maneiras e atitudes podemos tomar enquanto educadores para evitar que essa questão se prolongue. Franciele Marcos Velho

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    1. Obrigada Franciele... saudades de você! Compartilho de sua percepção sobre o tema. Há tantas maneiras diferentes para abordar o tema, há tantos aspectos culturais relevantes a serem estudados... Uma das coisas que defendo é que temos que valorizar intelectuais negros/as, precisamos ler suas obras, inserir nas referências bibliográficas dos nossos planos de ensino. Há muita coisa produzida que não é devidamente explorada.

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  14. Boa noite! Sabemos que o racismo está presente na sociedade brasileira de forma estrutural. Os avanços obtidos para trazer soluções para esse problema foram conquistados pelo movimento negro. Como a senhora entende que esse elemento presente na subjetividade do docente possa ser trabalhado? Obrigada. Telma Almeida da Silva

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    1. As lutas e conquistas do movimento negro precisam ser respeitadas, valorizadas e ensinadas na escola. Essa legislação não existiria sem o empenho do movimento negro. Creio que docência e militância tem uma relação profunda... a educação, quando libertadora, é uma luta diária por uma sociedade mais humana. Docentes envolvidos com o movimento negro defenderão essa pauta na escola, docentes feministas defenderão a equidade de gênero em sala de aula e assim por diante, e isso é importante... mas é fundamental entendermos que essas temáticas devem ser trabalhadas por todos e todas... devem integrar o currículo, não podem ser menosprezadas por alguns, por exemplo, docentes brancos/as não podem se esquivar do estudo e do ensino da cultura afro e indígena afirmando que deixarão isso a militantes. São temas que devem, de fato, compor o currículo escolar e são responsabilidade de todos/as. Como docentes, precisamos aprender sempre para desempenhar melhor nossa profissão.

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    2. Concordo com suas palavras no que concerne as lutas dos movimentos sociais para a garantia de direitos de negras e negras que infelizmente sente na pele o que é ser negro num país que infelizmente perdura uma cultura racista onde corpos negros são assassinados todos os dias.Trabalho com os anos iniciais do ensino fundamental e tenho essa sensibilidade em abordar sobre a história da África em sala de aula pois esse trabalho tem que ser iniciado desde de tenra idade.

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  15. As lutas e conquistas do movimento negro precisam ser respeitadas, valorizadas e ensinadas na escola. Essa legislação não existiria sem o empenho do movimento negro. Creio que docência e militância tem uma relação profunda... a educação, quando libertadora, é uma luta diária por uma sociedade mais humana. Docentes envolvidos com o movimento negro defenderão essa pauta na escola, docentes feministas defenderão a equidade de gênero em sala de aula e assim por diante, e isso é importante... mas é fundamental entendermos que essas temáticas devem ser trabalhadas por todos e todas... devem integrar o currículo, não podem ser menosprezadas por alguns, por exemplo, docentes brancos/as não podem se esquivar do estudo e do ensino da cultura afro e indígena afirmando que deixarão isso a militantes. São temas que devem, de fato, compor o currículo escolar e são responsabilidade de todos/as. Como docentes, precisamos aprender sempre para desempenhar melhor nossa profissão.

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  16. Bom dia. Depois da aprovação da leis 10.639/03 e 11.645/08, de modo geral podemos afirmar que os livros didáticos nacionais brasileiros passaram realmente a abordar a história da cultura africana e afro brasileira e indígena?
    Assina: Francielcio Silva da Costa

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    1. Infelizmente não... é evidente que alguns livros inseriram alguns conteúdos, mas ainda é muito pouco. Nem todos abordam e nem todos que abordam o fazem de forma adequada, consistente.

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  17. Bom dia professora Dulceli, parabéns pelo excelente texto. Com a homologação das leis, trouxe uma obrigatoriedade para as instituições escolares e os docentes a promoverem a história étnico-racial. Gostaria de saber se não fossem as leis, com o atual cenário politico continuariam despertando o interesse de estudos e pesquisas?
    Lucivaine Melo da Silva

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    1. Obrigada Lucivaine... infelizmente, creio que se não fossem as leis, o tema seria abordado e pesquisado apenas pelos/as que militam nas causas. Por isso é tão importante a reformulação curricular que pede a legislação.

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  18. Boa tare!

    Professora adorei o texto a lei 10639/2003. foi um grande marco para sociedade brasileira. Eu gostaria e saber se o termo raça foi e fato abolido?
    Pois ainda vejo muita resistência como aborar esse tema no cotidianoem sala de aula?
    Porque vejo esse conceito aina muito vivo.

    Diêgo Luiz Góes Santos Menezes

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    1. Obrigada Diego. A ideia de raça é ainda muito presente na sociedade brasileira e daí temos o racismo estruturado... É evidente que a ideia de raça que nos séculos XVIII e XIX, por exemplo, apontavam para a existência de raças superiores e inferiores foi rejeitada pela ciência, no entanto, o termo ainda é pensado para problematizar a construção histórica das hierarquias sociais. "se o racismo existe é porque a sociedade que o abriga admite a existência de raças." (Dicionário de Conceitos históricos, p. 348)

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    2. Obrigado pela resposta, o que é uma pena que ainda exista racismo e sociedade aceite isso, pois as ideias de Darwi, foram desviadas como pesquisei dando origem ao Darwinismo Social, sendo essa uma das teorias.

      Diêgo Luiz Góes Santos Menezes

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  19. A história da África tem que ser valorizada no Brasil evido ao seu legado a cultura brasileira. É impossível se pensa a história do país sem enaltecer a grande herança não quals herdamos.

    Diêgo Luiz Góes Santos Menezes

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  20. Aqui na região amazônica na ufpa está havendo uma reformulação do currículo para os alunos do curso de história no sentido de ampliar a carga horária para os estudos sobre África, há uma única disciplina na grade curricular obrigatória no sétimo semestre com carga horária inferior as demais disciplinas como história antiga, medieval, do Brasil que possuem várias disciplinas ao longo do curso, ou seja, há uma deficiência dentro das próprias universidades que se refletem no ensino básico, mesmo após as leis que regulamentam o ensino sobre ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena na escola de educação básica nas redes públicas e particulares. Ainda há uma dificuldade em colocar tais assuntos ao longo de todo o currículo letivo anual das escolas e uma preparação para os professores atuarem em suas aulas sobre tais temas.
    Nesse sentido quais medidas podem ser tomadas para que ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena na escola de educação básica possam ter um outro olhar que não seja em dias específicos e para que não haja uma visão superficial e estereotipada sobre tais temas?

    Angela Ferreira Ribeiro

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    1. Bom dia Angela... Essa reformulação do quadro de disciplinas dos cursos de licenciatura é urgente. É preciso uma inserção efetiva de disciplinas que tratem da história da África, da Cultura afro-brasileira e indígena para que docentes em formação tenham acesso a esses conteúdos com a mesma intensidade dos demais.

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  21. Olá Dra. Dulceli, a percepção trazida por você é bastante similar ao que eu estou trazendo em minha pesquisa de TCC, comungo das questões levantadas acima, pesquiso a inserção da História Indígena nas escolas aqui do Amazonas. Sabe-Se que as leis citadas estão prontas e devem ser cumpridas, e pelo tempo que elas estão em vigor já deveria haver resultados mais consistentes nesta área. Você acredita que a mera importância dada desse tema para alunos que estão ainda no fundamental I é uma das razões atenuantes de hoje haver essa discriminação com os povos nativos? O fato de não conhecerem na fase inicial de sua construção da educação básica pode comprometer a sociedade como um todo depois que estes estiverem jovens/adultos?
    Sara Moreira dos Reis Gomes.

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    1. Bom dia Sara... ótima temática para o TCC, parabéns. A inserção desses temas desde a educação infantil é fundamental para a importante questão de representatividade, de sentimento de pertencimento, de entendimento de si enquanto sujeitos históricos. Isso interfere, sem dúvidas, na constituição da subjetividade de estudantes.

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  22. Boa tarde, quero parabenizar pela temática tendo em vista ser um tema pouco debatido no âmbito educacional. É muito importante que essa lei se materialize no chão das escolas para dar vozes a este grupo de pessoas que excluídos de forma velada pela sociedade capitalista.

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  23. João Pedro Furlan dos Santos20 de maio de 2020 às 19:41

    Boa noite, excelente texto. A abordagem das culturas afro-brasileira e indígena é essencial no Brasil, um país tão vasto e misto em culturas, costumes e etnias. Quando cita em seu texto as dificuldades da aplicação das leis no Ensino de História, a professora fala sobre o currículo das universidades, sobre os docentes da educação básica e sobre os livros didáticos. Sobre a dificuldade com os docentes; qual seria a melhor forma de fazer com que estes professores passem a abordar e trabalhar com a temática das culturas afro-brasileiras e indígenas? Cursos de extensão/aprimoramento? Maior fiscalização por parte das secretarias de educação?

    João Pedro Furlan dos Santos

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    1. Bom dia João Pedro... É preciso dar subsídios a esses docentes para que possam trabalhar com a temática. Formação é essencial, material didático é importante. Agora, comprometimento é fundamental, tanto de docentes quanto das secretarias estaduais e municipais. É preciso interesse efetivo.

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  24. Olá,Boa noite!
    Gostaria de saber como poderíamos quebrar esses paradigmas e opiniões sobre a África, essa África cristalizada.uma boa forma de intervenção poderia ser a melhora nos livros didáticos, sem uma visão eurocêntrica da África?
    Lucas Gomes de Lima

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    1. Com certeza Lucas... a mudança nos materiais didáticos é essencial para que a temática tenha outra abordagem na escola. Isso, obviamente, aliado a uma formação continuada que de suporte a docentes.

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  25. Boa Noite.
    Como você mesmo cita no texto, as políticas de acesso à educação foram ampliadas. Porém, queria saber por que há um grande impasse no avanço e na implantação dessas políticas educacionais nas escolas?

    Loize de Souza Gama

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    1. Loize... precisamos entender que acesso à educação não é apenas direito à matrícula. É preciso condições de aprendizagem e isso esbarra em vários pontos apontados no texto, entre outros. É preciso estrutura para implementação das políticas de acesso à educação.

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  26. Quando falamos da aplicabilidade das leis 10.639/03 e 11.645/08 em sala de aula, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, esbarramos em várias questões, e uma que me intriga, principalmente na Educação Infantil, onde na maioria das vezes o tema se limita apenas as datas comemorativas e ao reconto de histórias infantis que passam pela temática é que muitos professores não se sentem capacitados para tratarem do assunto com crianças tão pequenas, por considerarem um tema complexo para a idade. Durante minha experiência, já ouvi vários relatos de colegas que diziam não perceber em sala nenhuma situação de racismo ou preconceito e por isso não viam a necessidade de aprofundar no tema, desconsiderando a vivência desse mesmo aluno fora do âmbito escolar. Como trazer de forma mais eficaz, esse tema para as aulas na Educação Infantil?

    Lauana Angelica Souza Almeida

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    1. Ótima reflexão Lauana... uma das questões que considero fundamental é a adequação da formação docente inicial à essa legislação, ou seja, não apenas a matriz das disciplinas dos cursos de história precisam de alteração, mas das outras licenciaturas também, sobretudo pedagogia. A disciplina sobre a história da África e cultura afro-brasileira e indígena deve ser inserida e dar base para o trabalho com a educação infantil. Essa carência formativa faz com que comentários como o da complexidade do tema surjam... todos os temas são complexos! Conseguem ensinar a história da cidade e não conseguem ensinar outras histórias? Percebe que é uma justificativa esvaziada de sentido e é muito mais uma carência formativa? Quanto ao não perceber racismo na escola reflete, muitas vezes, uma não atenção ao tema, não vemos o que não queremos enxergar... evitar temas controversos tem sido a tônica de muita gente, infelizmente.

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  28. Como profissional da educação e graduanda de pedagogia considero muito pertinente o termo "voluntarismo docente" que trouxe no texto, pois é essa a situação que particularmente me deparo em toda minha formação e em minha atuação profissional. Os dados trazidos sobre o currículo nas licenciaturas de história são necessários para pensarmos de forma crítica em como esses professores estão sendo formados. Você considera que a falta de obrigatoriedade de disciplinas sobre as histórias dos povos negros e indígenas é um projeto para perpetuar a marginalização deles na sociedade?

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    1. Oi Amanda... na verdade, com essa legislação os cursos de História devem sim adequar-se e inserir as disciplinas. O que ocorre é uma morosidade, muitas vezes proposital, em não inserir. Há resistências ao trabalho com esses conteúdos que perpetuam, sim, essa marginalização. Há um pensamento colonizado, eurocêntrico, que desmerece as temáticas e os sujeitos. É preciso lutar contra isso... Os movimentos negros e indígenas conquistaram a legislação, agora é preciso que docentes assumam a responsabilidade e atuem na implementação dela.

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  29. Mayris de Jesus da Silva Lisbôa

    Temos que observar que a lei é nova, ela é de 2003. Se observarmos nossa história que é antes de 1500.

    Temos que observar que temos inúmeras faculdades e universidades, mas, são algumas que lidam com a questão de formação a nível de graduação que trabalham com a questão formativa histórica-sócio-cultural brasileira.

    Temos a Universidade Federal do Maranhão, a única que trabalha a nível de graduação, no eixo Universidade pública. Fazendo a observação que a primeira turma se formou em 2019.

    Temos ainda que lembrar que a maioria dos profissionais não tem acesso as novas legislações e os poucos que tem acesso, possuem um leque de dificuldade que os furtam de uma atitude que façam com que a lei funcione.

    Que a lei não seja trabalhada numa leitura romantizada. Pois, em práticas de sala de sul, tenho o arbítrio para falar que não é fácil trabalhar com a lei.

    Nossos superiores hierárquicos, não possuem qualificações para trabalhar com a lei, além de sua maioria serem praticantes do racisMo velado e intolerantes religioso.

    Vejo, que mesmo com todas as dificuldades que envolvem a aplicabilidade da lei. O pouco ou quase nada, que esta sendo trabalhado nesse imenso Brasil. Já da sua cara, seus efeitos. Isso podemos constar nos laços de comportamento que olhamos nas ruas.

    Pretos e pretas se aceitando com todos os seus genótipos e fenótipos. Sem querer ir em busca de um enfraquecimento enlouquecendo, imposto principalmente pelas mídias televisivas tendenciosas.

    Logo, pergunto se a dificuldade maior da aplicabilidade da lei se faz pelo sistema ou é a ausência de formação dos professores?

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    1. Oi Mayris. As duas coisas. O sistema dificulta ao não dar estrutura e a formação docente (que faz parte desse sistema) precisa avançar nesses temas. Agora, penso que 17 anos da promulgação de uma lei não é recente. Ela foi amplamente difundida, todas as universidades, escolas, secretarias de educação tomaram conhecimento dela desde antes de ser promulgada, quando estava em discussão. Então é uma questão de empenho dessas instituições em colocá-la em prática.

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  30. Olá Dulceli de Lourdes Tonet Estacheski,
    Meus cumprimentos pelo trabalho, pela reflexão, sua discussão aponta questões relevantes para o professor de História, para o professor formador de professores, enfim, para docentes que atuam tanto na educação básica como no ensino superior. Concordo e acompanho suas notas e críticas em relação a quase uma ausência dos povos indígenas no ensino de História e nos materiais didáticos. O currículo de História, muitos livros didáticos ainda trabalham com a imagem do indígena aprisionado na história do Brasil colonial, ignorando a diversidade de povos indígenas, sua cultura, suas línguas, sua história, desprezando as nações e populações indígenas do Brasil atual, como se não existissem mais indígenas. Em relação a presença dos negros no currículo/no livro didático/nas aulas de História, observamos marcas vivas da História eurocêntrica, que subordina, que subalterna a história e a cultura afro-brasileira e africana às narrativas históricas eurocêntricas, colonialistas. A História do Brasil ainda é contada a partir do quadripartismo francês. Você aponta conquistas (leis 10.639/2003 e 11.645/2008), desafios na produção de material didático e formação de professores, nos cursos de graduação (disciplinas de História Indígena e Ensino de História e cultura afro-brasileira e africana) e pós-graduação (panorama das pesquisas). Observo na graduação, mesmo no curso de licenciatura, que formam professores para atuar na educação básica, que temas e objetos relacionados ao ensino de História, a docência têm uma atenção menor. As questões/problemáticas que você apresenta não estariam relacionadas a este problema - atenção à formação de professores? Que formas de enfrentamentos sugere diante desses obstáculos epistemológicos, didáticos e formativos?
    Saudações!!!
    Atte.
    Eliane Brito Silva

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    1. Bom dia Eliane... ótimas reflexões... No curso de História em que atuo temos pensado muito e buscado fortalecer a formação docente. Somos licenciatura e precisamos ter em mente que formamos para a docência. De fato, há cursos de licenciatura em que as disciplinas específicas da história e a formação para a pesquisa acadêmica em história recebem uma maior valorização do que a formação para a docência e para as pesquisas relacionadas ao ensino. É uma questão a ser problematizada, com certeza. E por mais cansativo e angustiante que possa ser, o enfrentamento parte sempre daquelas e daqueles que compreendem a relevância de tais discussões e pressionam para que as mudanças acontençam. Precisamos falar mais, publicar mais, insistir mais, até que a lei seja implementada.

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  31. Francisco Otávio Araújo dos Santos22 de maio de 2020 às 00:37

    Ser professor no Brasil é um imenso desafio. No contexto negacionista e de avanços conservadores, sobretudo no campo da Educação, avanços sociais tão significativos como promulgação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, correm o risco de serem boicotados, mesmo antes de sua plena efetivação, em nome não apenas da promoção de uma forma única de pensar, mas movido sobretudo, pela colonialidade racista, que deseja sufocar outras formas de ver o mundo que não aquela gestada pela razão europeia. Por muitos séculos o universo cultural afro-descendente foi colocado na condição de inferioridade e de marginalização, enquanto o conhecimento sistematizado e a cultura europeia era objeto de admiração e inspiração. Mesmo depois de quase 20 anos da aprovação da 10.639/2003, o que se observa é que temos um longo caminho a percorrer, mesmo em tempos de embrutecimento é preciso alimentarmos as esperanças em dias melhores. Até lá, como educadores, mesmo diante dos desafios devemos fazer da escola o lugar da esperança, tendo em vista que muitas crianças negras só descobrem o racismo quando passam a frequentar a escola, de modo que para essas crianças a escola se torna o lugar do sofrimento e da negação.

    Francisco Otávio Araújo dos Santos
    Rondonópoli-MT
    Licenciado em História/UFMT/CUR.

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    1. Bom dia Francisco, compartilho de suas inquietações e também de sua esperança! Amo ser professora, amo a escola, a universidade pública e toda a transformação social que ela pode promover! Por um mundo sem racismo, sem machismo e sem homofobia!

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  32. Olá Dulceli. Meus parabéns pelo seu texto, a discussão e problematização em torno da teoria (lei) e a prática (ensino) foram excelentes. Meu objeto de pesquisa está dentro dessa temática e, por este motivo, escolhi seu artigo para ler e discutir. O ensino das relações étnico-raciais pode ser realizado por meio da pesquisa de biografias? Os lugares de fala, com destaque para as memórias, pode ser um instrumento para positivações do que é ser negro no Brasil? Como a senhora se posiciona diante do uso das datas históricas (21/03, 13/05 ou 20/11) no ensino das relações étnico-raciais?

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