QUILOMBO DO AMÉRICA NA
AMAZÔNIA BRAGANTINA: DIÁLOGOS SOBRE IDENTIDADE CULTURAL AFRO-BRASILEIRA E SUA
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
A pesquisa visa analisar as narrativas dos
moradores do Quilombo do América, localizado na Amazônia Bragantina, região
nordeste do Estado do Pará. Analisando as narrativas dos moradores, em relação
a formação do Quilombo. Identificando alguns aspectos identitários e culturais
da população remanescente de quilombo e relacionando com a aplicação da lei
10.639/03, que trata sobre o ensino de história e a cultura afrobrasileira e
africanas nas escolas.
Tratar de quilombo exige compreender
historicamente as modificações e os sentidos atribuídos a esse território. Como
lugar da resistência, o quilombo já foi espaço de luta, e de resistência dos
negros escravizados e também espaço de ações articuladas conjuntamente com o
movimento abolicionista. A origem da formação do quilombo que remete
inicialmente, ao período da escravidão, tinha o sentido de resistência da população
negra cativa, em fuga, fugindo dos abusos e violência sofridos pelo sistema
escravista [MOURA, 2014, p.34].
As fugas individuais ou coletivas revelam a
luta da população negra escravizada contra o sistema escravista de senhores
brancos [MATTOS, 2016, p.130]. Nesse sentido, a formação de quilombos se
configura como uma forma de combate à dominação dos senhores da casa grande.
Conforme indica a literatura que estuda o período da escravidão e a formação do
quilombo.
A historiografia de Mattos [2016, p. 132]
aponta que os cativos fugitivos construíram comunidades, não totalmente
isoladas, mas em interação com outros “grupos sociais, como indígenas”,
“comerciantes” e “agricultores” a fim de comercializar os seus produtos, mesmo
que de forma oculta. No “século XIX, no Maranhão, na Região do Gurupi, as
conexões dos quilombos com os escravos nas senzalas eram permanentes, a ponto
de as autoridades afirmarem que tais e tais fazendas eram verdadeiros
quilombos” [GOMES, 2018, p. 638].
Os principais produtos produzidos e
comercializados pelos negros no quilombo no período pós abolição eram a
mandioca, a casa de fabricação da farinha, “plantações de milho, feijão, favas,
mandioca, amendoim, batatas, abóboras, fumo e algodão de que faziam panos
grossos e fortíssimos com que se cobriam” [GOMES, 2018, p. 52]. Essas produções
culturais estão presentes no Quilombo do América, como o plantio da mandioca e
o fabrico da farinha para o próprio consumo dos moradores.
Na atualidade o conceito de quilombo foi
ressignificando, por meio de um marco regulatório, iniciado a partir da Carta
Magna de 1988, em seus artigos 215 e 216 da Constituição Federal, que trata
sobre preservação da sua própria cultura, o artigo 68, que trata sobre o
direito à propriedade das terras de comunidades remanescentes de quilombos. Na
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT [Dec. 5051/2004],
sobre o direito à autodeterminação de Povos e Comunidades Tradicionais. A Lei
nº 12.288, de 20 de julho de 2010, do Estatuto da Igualdade Racial, o Decreto
Nº 4.887/2003, regulamenta o procedimento de identificação. O Decreto Nº
6.040\2007, instituindo a política nacional de desenvolvimento sustentável dos
povos e comunidades tradicionais.
Desta forma, compreende-se o quilombo como um
espaço de moradores remanescentes quilombolas, de identidade cultural, que se
diferencia do quilombo do tempo da escravidão, entendendo a necessidade de se
despir de uma visão estereotipada de quilombos, conhecidos como lugar de negro
fugido e terra de preto. No dizer da pesquisadora Véronique Boyer, a história
do quilombo, na atualidade, necessita ser “desempoeirada” e “re-semantizada”,
descontruir a ideia de estrutura rural, de resistência à sociedade
escravagista, essa noção histórica do lugar de fuga deve ser superada por meio
de pesquisas, “a fim de transformá-la em um conceito pertinente para apreender
a realidade de novas formas de mobilização política onde as questões fundiárias
são centrais” [BOYER, 2009, p. 133].
A pesquisa analisou o Quilombo do América, a partir
de dois aspectos, no primeiro momento desenvolvendo uma revisão bibliográfica,
para dialogar com o conceito de quilombo e no segundo momento, coletando e
analisando as narrativas dos moradores do quilombo, sobre o seu entendimento em
relação ao conceito de quilombo e identificando os aspectos culturais e
identitários presentes em suas narrativas.
O lócus da pesquisa é a comunidade do
Quilombo do América, localizada no nordeste paraense, no município de Bragança,
na Amazônia Bragantina, entendendo a Amazônia com toda a sua diversidade e
extensão territorial, conforme descreve [ARAGÓN, 2011], situada no entorno da
Reserva Extrativista de Caeté-Taperaçú (RESEX-MAR), proximidade do Rio Caeté.
Distante 8,5 km do centro urbano de Bragança, com acesso pela Rodovia PA 458,
via asfaltada e pela estrada sem asfalto do Tamatateua, Taperaçu-campo Km 5 da
RESEX-MAR. O Quilombo do América foi certificado pela Fundação Cultural
Palmares – FCP, com a publicação no Diário Oficial da União no dia 02/02/2015,
dando início ao processo de regularização da posse de suas terras.
Nas narrativas dos moradores remanescentes
quilombolas é possível identificar a visão que os mesmos possuem em relação ao
conceito de quilombo, a história de sua origem. Entendendo que narrativa “pode
ser sustentada pela linguagem articulada, oral ou escrita, pela imagem, fixa e
móvel, pelo gesto ou pela mistura ordenada de todas estas substâncias”
[BARTHES, 2011, p.19]. Ela é compreendida como resultado das experiências
humanas, por exemplo, “quando alguém faz uma viagem, então tem alguma coisa
para contar, diz a voz do povo e imagina o narrador como alguém que vem de
longe” [BENJAMIN, 1980, p. 23], se transforma de acordo com a história que está
sendo narrada, que liga as experiências do cotidiano à tradição e memória.
Desta forma, descrevemos as narrativas dos
remanescentes quilombolas, falando sobre o conceito de quilombo. Apresenta a
fala de Roseti do Socorro Mello de Araújo, 43 anos, agente de saúde e líder
comunitária do Quilombo do América.
As pessoas que vivem no quilombo são
descendentes de escravos, são pessoas negras, que o Brasil, deve muito pra
gente, nossos pais nossos avôs, foram eles construíram o quilombo, construíram
o Brasil, tem uma história muito bonita e é negada. Então pra mim quilombola
não é só o negro, são os mais importantes e ainda são porque quem constrói as
casas? Quem põe o alimento na mesa? é o caboclo, como a gente fala [...].
[Roseti do Socorro Mello de Araújo, 43 anos].
A narrativa da moradora ao ser questionada sobre
o quilombo, apresenta uma definição ligada a ideia de remanescentes de
quilombolas, por preservar as tradições e as culturas dos povos antepassados,
visivelmente presente no cotidiano do quilombo. Ao dizer “são pessoas negras”,
de certa forma destoa da realidade encontrada no quilombo, pois foi vivenciado
durante a aplicação da pesquisa, um quilombo multiétnico plural. A legislação
descreve o quilombo, constituído por pessoas negras e também pessoas de outras
etnias, brancas, mulatas e indígenas. A narradora logo explica, ao dizer que o
“quilombo não é só negro”, indicando inclusive a presença do “caboclo” e
outros. Desta forma, a fala da moradora contribui para um diálogo com os
autores a respeito do tema, apresenta também aspectos identitários e culturais.
Portanto é possível dizer que foi por meio
das legislações e ressignificada por meio das condições sociais e históricos é
que se constituiu o Quilombo do América, na Amazônia bragantina, integrando
assim, um processo de construção identitária e cultural. Contribuindo para
garantir formação dos “aspectos de nossas identidades que surgem de nosso
“'pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima
de tudo, nacionais” [HALL, 2006, p. 08]. Aspectos esse identificados nas narrativas
a partir de suas memórias;
Quando eu nasci aqui, eu já conheci o tempo,
a América era tudo muito pequenininho, era alguma casas, uma aqui, outra
pra-cu-lá, outrazinha ali, as casinha eram tudo de barro, não tinha nenhuma
casa de alvenaria, nenhuma era tudo casa de barro, casinha de índio, ai vai
indo, vai tempo, passa tempo, ai ela foi...não tinha agua encanada, não tinha
luz, só casa na lamparina. [Maria Augusta Pinheiro, 60 anos].
Ao verificar a fala da narradora Maria
Augusta Pinheiro, 60 anos, a segunda moradora entrevistada com maior idade, em
sua narrativa ela busca na memória relatos de como era o quilombo em sua
infância, como tudo era pequeno, as casas eram distantes uma das outras, as
casas eram pequenas, casas de barro e etc. Relata também a falta de estrutura
da comunidade. São histórias de sua infância enquanto morado do Quilombo do
América.
A buscar as suas lembranças, a memória de sua
infância permite unir o que fomos ao que somos e possivelmente liga ao que
seremos. A perda da memória é uma perda de identidade. Sem memória o sujeito se
esvazia, vive unicamente o momento presente, perde suas capacidades cognitivas,
afirma o autor Joel Candau [2018], ao dizer que “sua identidade desaparece. Não
produz mais do que um sucedâneo de pensamento, um pensamento sem duração, sem
lembrança de sua gênese que é condição necessária para consciência de si”
[CANDAU, 2018, p. 60].
Nas falas dos moradores também é possível
perceber aspectos étnico-raciais, o racismo presente em nossa sociedade. Esses
aspectos estão relacionados com a identidade, pois apresenta uma visão de
pertencimento ao território quilombola. Assim descreve a narradora:
[...] preconceito era muito grande, porque
éramos negros, éramos pretos, sofríamos racismo por onde a gente ia, todo os
lugares, eu estudava em escola em Bacuriteua, todo dia a gente vinha
praticamente chorando, porque éramos pretos, morávamos numa vila de preto, lá
só tinha preto, e a gente vai se formando com isso na mente, mas com o passar
do tempo a gente começou a ver uma melhora, fomos começando a ver o valor que
tínhamos pela cor somos [...] [Katia Rejane Pinheiro, 35 anos]
Na fala da narradora Katia Rejane Pinheiro,
35 anos, dona de casa, afirma que é possível perceber a discriminação racial,
presente em nossa sociedade e também está presente no ambiente escolar, em uma
vila próxima ao quilombo, na Comunidade de Bacuriteua, onde a moradora estudou
quando criança, nota-se a força do racismo, do preconceito nas escolas da
região. O racismo trabalha para inferiorizar o papel das pessoas na sociedade.
Por isso a necessidade de trabalhos as questões étnico-racial nas escolas. Além
de aspectos identitários também é possível perceber aspectos culturais,
relacionado ao trabalho tradicional desenvolvido na comunidade. Conforme é
possível visualizar na figura 1.
Figura 1 – Casa de Farinha do Quilombo do
América.
Fonte: Pesquisa 2019. SANTIAGO K. L.
Conforme é possível visualizar na figura 01,
Os aspectos culturais estão presentes na realidade do Quilombo do América, a
cultura relacionada as tradições do desenvolvimento do trabalho, pois existe
uma relação intrínseca entre cultura e trabalho, ligado ao manuseio da terra,
dos meios de produção e das tradições envolvida nessas relações. A produção de
farinha no quilombo é a parte que finaliza o cultivo da mandioca, que se inicia
no plantio da mandioca, no roçado e na colheita, realizada manualmente pelos
moradores.
O narrador descreve o processo de plantio e
de colheita da mandioca dizendo que são “12 pessoas no rabo da inchada cortando
terra, que dá vontade do senhor chegar lá e avançar pra dentro, todo mundo,
bebe aquela pinga, sim, pra dar um alerta no corpo. Mas é tão bonito e
divertido” [Antônio Pinheiro da Silva, 53 anos]. No relato é possível perceber
como o trabalho desenvolvido pelos moradores é um trabalho realizado de forma
prazerosa e alegre, um momento festivo para a comunidade, praticado com
cantorias e beberagem.
A parte que finaliza o beneficiamento da
mandioca, seu plantio e sua colheita, concluindo com a produção da farinha,
onde a mandioca chega é lavado ralado e retirado o sumo, depois vai para o
forno da casa de farinha, onde é mexido até secar e ficar no ponto. Depois de
pronto, parte é vendido na feira do município e parte é consumido pelo
moradores. É importante também dizer que o sumo, retirado da mandioca se torna
o tucupí, suco de coloração amarelada, com um sabor um pouco azedo, depois
misturado com outros alimentos, principalmente a pimenta e usado na alimentação
da comunidade. Outro produto também produzido é o bejú, um doce que mistura a
mandioca ralada, com açúcar e coco, parte consumido no quilombo e parte vendido
no comércio.
Também é possível perceber um conflito
existente entre as tradições, o novo que não é habitual, um conflito de
classes. O conceito cultural considera a existência de uma base determinante,
uma superestrutura dominante e por outro lado, apontando que o “ser social
determina a consciência”, não que as duas leituras se neguem ou entre em
contradição, porém a leitura conceitual da superestrutura se impõe enquanto uma
visão da força dominante [WILLIANS, 2011, p.46]. A cultura emergente da
comunidade é o novo querendo surgir, novas práticas, novos sentidos e
experiências, em choque com a cultura dominante. Esse choque cultural e
político também está presente nas comunidades tradicionais.
Desta forma, conclui-se pela necessidade de
ampliar os estudos sobre a temática, identificando que o Quilombo do
América/PA. Um território constituído por pessoas negras e de outras etnias,
com cultura e tradições oriundas do período da escravidão, conforme as memórias
nas narrativas dos moradores. A pesquisa possibilitou também identificar os
aspectos identitários, por meio de uma visão de pertencimento dos moradores,
que se sentem pertencentes ao espaço territorial que vivem.
Portanto, também foi possível identificar
aspectos culturais por meio do trabalho desenvolvido na agricultura, na
plantação da mandioca, na colheita e produção artesanal da farinha e seus
derivados. A cultura relacionada ao trabalho artesanal desenvolvido por meio de
tradição. Ao longo dos anos, passado de pai para filho.
Essa realidade identificada e analisada
compreende a realidade da população tradicional, identificada enquanto
quilombolas, possui relação direta com as questões ético-raciais e com a
cultura afro-brasileira, realidade em que os professores necessitam de maior
entendimento e vivencia, para que os mesmos, saibam identificar o racismos em
nossa sociedade e tenham elementos para atuar diante da pratica racista e
preconceituosa, que infelizmente está presente no ambiente escolar. Conforme
está previsto na Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura
afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação
da sociedade brasileira.
Referências
Ketno Lucas Santiago é Mestre em Linguagens e
Saberes pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes da Amazônia –
PPLSA/ Campus Bragança (UFPA). Especialista na Docência do Ensino Superior e
Historiador. Membro do GELCONPE. E-mail: ketnolucas@gmail.com
Ana Paula Vieira e Souza é Professora Doutora
em Educação (UFPA). Professora do Programa de Mestrado em Linguagem e Saberes
da Amazônia, (PPLSA-UFPA Campus Bragança). Coordenadora do GEPTE/Infância.
E-mail: paulladesa@ufpa.br
ARAGÓN, Luis E. Introdução ao estudo da
migração internacional na Amazônia. Contexto Internacional – vol. 33, n. 1,
janeiro/junho 2011. https://goo.gl/vnkCfK. Acessado dia 12/01.
BARTHES, Roland. Análise Estrutural da
Narrativa / Tradução de Maria Zélia Barbosa Pinto; Introdução à edição
brasileira por Milton José Pinto. 7 . ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
BENJAMIN, W. O Narrador. In: BENJAMIN, W.
Textos escolhidos. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Brasil Cultural, 1980.
(Col. Os Pensadores).
BOYER, Véronique. A construção do objeto
Quilombo: Da categoria colonial ao conceito antropológico. Antropolítica
Niterói, n. 27, p. 201-216, 2. sem. 2009.
GOMES, Flávio dos Santos; Dicionário da
escravidão e liberdade: 50 textos críticos / Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos
Santos Gomes (Orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
HALL, Stuart. A identidade cultural na
pós-modernidade / Stuart Hall; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes
Louro-11. ed. - Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
MATTOS, Regiane Augusto de. História e
cultura afro-brasileira / – 2. Ed., 5ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,
2016.
MOURA, Clovis. Rebeliões da Senzala. 5ª
Edição. Editora Anita Garibaldi. Fundação Maurício Grabois. São Paulo-SP, 2014.
WILLIANS, Raymond, 1921-1988. Cultura e
Materialismo / Tradução André Glaser. – São Paulo: Editora Unesp, 2011.
Olá, Ketno e Ana Paula!
ResponderExcluirA partir da leitura atenta foi possível sentir a tamanha potencialidade do texto ao abordar as narrativas de formação e trajetória do Quilombo do América. E essa foi uma questão predominante na abordagem textual. Contudo, ao finalizá-lo, fiquei instigado em compreender um elemento importante descrito como objetivo do texto, neste caso a relação do conjunto de informações apresentadas (e possivelmente outros existentes) com sua aplicabilidade na sala de aula face à aplicação da Lei 10.639/03 e diria mais, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Quilombola na Educação Básica, já que entre ambas há distinções. Fiquei me questionado acerca da aplicabilidade na sala de aula. Pela leitura entende-se que há um direcionamento ao Quilombo do América, mas gostaria de saber qual a atual realidade educacional? De que forma estes elementos podem ser convertidos em ações e/ou estratégias que possam ser de fato implementadas na sala de aula, por professores de história (e outros), frente aos desafios já existentes no que concerne à educação escolar quilombola?
Antonio Jeovane da Silva Ferreira
Oi Antonio Jeovane.
ExcluirAgradeço a leitura do texto e as contribuições apresentadas.
A aplicabilidade do conceito de quilombo em sala foi uma proposta apresentada no título do trabalho, porém pouco desenvolvido na produção textual. Reconheço. Essa fragilidade ocorreu pelo fato da limitação de caracteres, conforme as regras do evento, fato que inibiu a tratar com mais propriedade sobre a temática.
Entendo a necessidade da formação dos professores, para conhecimento da Lei Federal Nº 10.639/2003, que depois foi ampliada pela Lei Nº 11.645/2008, que modificou historicamente a educação no Brasil, ao alterar a LDB Nº 9.394/1996, exigindo a inclusão no currículo temas relacionados ao ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
Bem como os pareceres do Conselho Nacional de Educação e respectivas resoluções: Parecer número 03/2004 e Resolução número 01/2004; Resolução nº 8/2012; Parecer 14/2011 e Resolução nº 03/2012, tendo em vista a implementação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC que foi constituído para ser o documento nacional que normatiza e define a construção das “aprendizagens essenciais” que os alunos brasileiros precisam desenvolver no decurso das etapas e modalidades da Educação Básica, garantindo os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE).
Neste sentido, a Educação para as Relações Étnico-Raciais é um conjunto de práticas, conceitos, e referenciais implícitos e explícitos que pretende formar no âmbito das instituições de ensino público e particular uma cultura de convivência respeitosa, solidária, humana entre públicos de diferentes origens, pertencimentos étnico-raciais presentes no Brasil e que se encontram nos espaços coletivos de aprendizagem.
Conhecer a realidade do Quilombo do América, suas práticas, saberes e culturas constituídas, se insere neste sentido. Também contribui no combate ao racismo, xenofobia e todas os preconceitos e intolerâncias que geram violências nos espaços de educação (escolas, faculdades, centros formativos e etc.).
Neste sentido, apontamos os elementos que podem ser convertidos em ações e/ou estratégias; 1 – Formação dos profissionais da educação. Principalmente os professores de história. Para fugir do conceito de quilombo ligado a escravidão. Se faz necessário resinificar o conceito. Contextualizar no tempos atuais. 2 – Entender a realidade, o funcionamento, o trabalho desenvolvido, as práticas religiosas e a alimentação. Para apresentar para aos estudantes, o contexto social que o quilombo está inserido que se diferencia da realidade urbana. 3 – Possibilidade de trabalhar na sala de aula às identidades, os povos tradicionais e a territorialidade. 4 – Possibilidade de trabalhar na sala de aula o lazer e prática esportiva desenvolvida na comunidade.
Podemos trabalhar a extensão desta pesquisa e aplicar um questionário destinado aos professores da educação escolar quilombo, para aferir as estratégias apresentas, identificar as ações desenvolvidas pelos profissionais da educação. Desta forma, contribui para cobrir as lacunas da pesquisa.
Finalizo agradecendo mais uma vez pelas contribuições apresentadas, sem dúvida ajudou a ampliar o foco da pesquisa.
Atenciosamente
Ketno Lucas Santiago
Mestre em Linguagens e Saberes da Amazônia - PPLSA/UFPA.