VAMOS FALAR DE RACISMO NA
ESCOLA?
A pergunta que intitula este texto é uma
provocação. Por força jurídica e moral, só tem uma resposta: Sim! Como falar de
racismo? Essa é uma dúvida potente e suscita reflexões nas famílias,
educadores, estudantes e na sociedade como um todo. Não se pretende encontrar
respostas fáceis ou definitivas, mas se buscar ações comprometidas com uma
educação sem discriminação ou preconceito racial.
O racismo é uma crença compartilhada e que
estrutura as formas como nos relacionamos com as pessoas. Ele inspira práticas
concretas de discriminação e de preconceito racial, desde não aceitar alguém
para brincar ou namorar, até não oferecer emprego ou um lugar num restaurante,
por causa da cor da pele.
A presente escrita objetiva compreender os
obstáculos existentes para a efetivação de ações de combate ao racismo na
educação escolar. Inicialmente, será descrito o contexto histórico e social que
possibilitou a implementação da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) em
diferentes esferas da sociedade, especialmente na escola. Por fim, caberá uma
análise prévia do documento norteador da educação básica brasileira, a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), e de seu correspondente a nível estadual, o
Referencial Curricular Gaúcho (RCG), no que tange à abordagem do racismo na
disciplina de História.
O
Movimento Negro e a luta política pela educação antirracista
Observando a trajetória da população negra
desde o período pós-abolição, ou seja, desde 1888, percebe-se que estes
ocuparam majoritariamente espaços marginalizados nos empregos e nas áreas
urbanas das grandes cidades brasileiras, processo resultante da exclusão e do
racismo estrutural que sempre marcou o Estado brasileiro, cujas políticas
(terra, trabalho e educação) privilegiaram sempre as populações brancas de
ascendência europeia, em detrimento daquelas de ascendência ameríndia ou
africana. Todos os espaços ocupados pelas pessoas negras nas instituições e na
vida social brasileira resultam de seus esforços e agenciamentos individuais e
coletivos, através de associações de ajuda mútua, irmandades religiosas,
espaços artísticos, educativos e culturais.
Entre os coletivos negros mais organizados, o
acesso à educação sempre foi uma das lutas prioritárias, visto que a
analfabetismo era um dos principais obstáculos no mercado de trabalho. Ao longo
do século XX, a imprensa negra teve papel de destaque como porta-voz das lutas
contra o racismo e a crença na inferioridade cultural e intelectual do negro.
Na década de 1930, a organização da Frente Negra Brasileira deu mais força à
pauta da educação, através da criação de escolas e cursos de alfabetização de
crianças, jovens e adultos. Na década seguinte, coube ao Teatro Experimental do
Negro (TEN), liberado por Abdias do Nascimento, a iniciativa de alfabetizar a
população negra e fomentar a luta por maior participação social.
Essas organizações contribuíram para o
surgimento do Movimento Negro Unificado (MNU) em 1979. Segundo Nilma Lino
Gomes, essa organização foi a “[...] principal responsável pela formação de uma
geração de intelectuais negros que se tornaram referência acadêmica na pesquisa
sobre relações étnico-raciais no Brasil” (GOMES, 2017, p. 32). O MNU
fortaleceu-se a partir da abertura política do final do período militar, na
década de 1980, e se articulou com mais intensidade no período da Assembleia
Constituinte (1986-1988). Uma significativa vitória do movimento foi a
promulgação do racismo como crime inafiançável e imprescritível, através do
Art. 5, inc. XLII da Constituição Federal de 1988, fortalecendo ainda mais as
lutas do movimento negro.
Nos anos 1990, a pressão social prosseguiu e
garantiu a criação de políticas públicas destinadas aos negros, como forma
compensatória e de inclusão nos campos socioeducativos. A partir da Marcha
Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada em
Brasília, no dia 20 de novembro de 1995, o presidente Fernando Henrique Cardoso
instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População
Negra.
Essa articulação política culminou na
participação efetiva na III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação
Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em Durban, na
África do Sul, em 2001. O Brasil teve um papel de destaque, ao discutir
previamente as questões relativas à conferência, e, durante o evento, exercendo
um protagonismo junto ao grupo de trabalho ligado aos “temas do passado”,
conforme manifesta seu documento final, a Declaração de Durban.
“Reconhecemos os sofrimentos causados pelo
colonialismo e afirmamos que, onde e quando quer que ele tenha ocorrido, deve
ser condenado e impedido de ocorrer novamente. Ademais lamentamos que os
efeitos e a persistência dessas estruturas e práticas sejam dos fatores que
contribuem para as desigualdades sociais e econômicas duradouras em muitas
partes do mundo de hoje (Alves, 2002, p. 212)”.
Nessa conferência, o Brasil se reconheceu
como um país racista em sua estrutura e, por isso, comprometeu-se com criar
ações afirmativas de reparação histórica às populações vítimas do racismo e dos
crimes de lesa humanidade inculcados pela escravidão no período colonial e
imperial.
A partir de 2003, no governo Lula, quando
muitos militantes negros alcançaram postos de governança, foi homologada a
inclusão do artigo 26A, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conhecida
como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A lei nº 10.639 que
criou esse artigo, assinada em 9 de janeiro de 2003, alterou a legislação
educacional brasileira para incluir no currículo a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-brasileira” desde a educação básica até o ensino
superior. Essa é uma ação afirmativa, no campo do currículo escolar.
A
ERER na sala de aula
A promulgação da Lei nº 10.639 foi encarada
como uma grande vitória pelo Movimento Negro, mas o que se verificou na
sequência foi a necessidade de um amplo esforço para implementação dessa
legislação, a partir da escrita de outros documentos legais que explicitassem o
que era esperado que se propusesse para atender ao dispositivo legal. Assim,
surgiram um parecer e uma resolução que instituíram as Diretrizes curriculares
nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana (DCNERER), que foram aprovados
pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em março de 2004 e homologados pelo
Ministério da Educação (MEC) em junho do mesmo ano.
A despeito da temática étnico-racial já
constar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados a partir de
1997, como tema transversal Pluralidade Cultural, a lei e as diretrizes possuem
um tom mais político, visto que evidenciam a questão do combate ao racismo a
partir da execução de políticas afirmativas, entendidas como um “[...] conjunto
de ações políticas dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais,
orientadas para oferta de tratamento diferenciado com vistas a corrigir
desvantagens e marginalização criadas e mantidas por estrutura social
excludente e discriminatória”. (Brasil, 2004, p. 4).
O documento conceitua sua compreensão da
educação das relações étnico-raciais e do ensino da história e cultural
afro-brasileira e africana, descrevendo seus objetivos principais, bem como
formas e agentes de implementação, conforme sintetizado no quadro a seguir:
Quadro 1: Síntese das orientações principais
das Diretrizes
Fonte: STRÖHER; KASPARI, 2018, p. 186-7.
As diretrizes estabelecem, assim, os
princípios norteadores para o planejamento, a execução e a avaliação da Lei nº
10.639, conferindo responsabilidades a todos os agentes envolvidos em sua
implementação, nas esferas federal, estadual e municipal. Fica evidente também
que a ERER se constitui uma política mais abrangente, pois “justifica e
fundamenta as determinações de caráter normativo” (Brasil, 2004, p. 10) do
ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.
Na sequência, a Lei 11.645/08, que contemplou
as populações indígenas, estendeu a obrigatoriedade para o estudo da história e
cultura indígena para todos os estabelecimentos de ensino fundamental e de
ensino médio, públicos e privados. Dessa forma, em 2009, visando acompanhar a
implementação das leis, o governo federal lançou um Plano nacional de
implementação das diretrizes curriculares nacionais para a educação das
relações étnico-raciais e para o ensino das histórias e das culturas
afro-brasileiras, africanas e dos povos indígenas, que buscou “[...] sistematizar
essas orientações, focalizando competências e responsabilidades dos sistemas de
ensino, instituições educacionais, níveis e modalidades” (BRASIL, 2009, p. 16).
O plano federal também previu planos estaduais e municipais subsequentes. É
importante salientar que somente em 2017, ou seja, oito anos após a publicação
do plano nacional, que o estado do Rio Grande do Sul lançou seu plano estadual.
A educadora Nilma Lino Gomes entende que as
reivindicações do Movimento Negro para a educação tiveram um importante avanço
com as leis 10.639/2003 e 11.645 para as diversas esferas, dando maior
visibilidade para a pesquisa acadêmica dessas temáticas, assim como as mudanças
na formação de professores, a proliferação na produção de materiais didáticos e
o aumento das publicações literárias e artísticas de matriz africana,
afro-brasileira e indígena. Todas essas atividades fazem parte do que ela chama
de descolonização do currículo. Apoiada em Boaventura Santos, Nilma Gomes
afirma que esse processo envolve um conflito, condição essencial para a
construção de projetos educativos emancipatórios.
“Portanto, a descolonização do currículo
implica conflito, confronto, negociações e produz algo novo. Ela se insere em
outros processos de descolonização maiores e mais profundos, ou seja, do poder
e do saber. Estamos diante de confrontos entre distintas experiências
históricas, econômicas e visões de mundo. Nesse processo, a superação da
perspectiva eurocêntrica de conhecimento e do mundo torna-se um desafio para a
escola, os educadores e as educadoras, o currículo e a formação docente”
(GOMES, 2012, p. 107).
O desafio citado por Gomes, de colocar em
prática efetivamente um currículo que não seja branco e eurocentrado, que
subverta à lógica da historiografia e da própria formação de professores de
História, é um dos aspectos limitadores para implementação da lei 10.639/2003.
Nesse tocante, convém olhar para os
documentos que atualmente balizam o currículo escolar nacional e estadual: a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Referencial Curricular Gaúcho (RCG).
A BNCC foi construída partir de 2015 e, entre muitas versões, mudanças e
percalços políticos e sociais – troca de ministros e de presidentes no período
–, foi finalizada e homologada em 2017 (Educação Infantil e Ensino Fundamental)
e 2018 (Ensino Médio). Já o RCG foi elaborado a partir do documento nacional e,
portanto, posteriormente a ele, inserindo as características regionais a esse
currículo, que ao longo de 2019 foi debatido nos municípios para a construção de
seus documentos locais.
Para o exercício analítico proposto nesse
trabalho, realizou-se uma busca textual na BNCC e no RGC do Ensino Fundamental,
correspondente ao 1º ao 9º ano,no componente curricular História. Buscou-se
inicialmente a palavra “racismo” e suas cognatas “raça” e “racial” no singular
ou plural, bem como a palavra composta “étnico-racial”. O resultado apresentou
ao total 12 menções relacionadas a esses termos, as quais estão expressas
sinteticamente no quadro a seguir:
Quadro 2: Ocorrência do termo racismo e
correlatos na BNCC e RCG
Fonte: BNCC (BRASIL,2017) e RCG (RIO GRANDE
DO SUL, 2018)
Analisando de forma quantitativa, percebe-se
inicialmente uma maior prevalência das menções no documento estadual, com 8 das
12 menções. É importante ressaltar que os currículos estaduais não podiam
suprimir objetos de conhecimento e habilidades na Base Nacional, apenas
acrescentar as que consideravam relevantes para sua realidade, resultando,
dessa forma, em documentos mais prolixos.
Conforme a historiadora Joelza Esther
Domingues, “a habilidade explicita uma aprendizagem, isto é, o processo
cognitivo previsto para ser desenvolvido. Ela é indicada pelo verbo (descrever,
discutir, explicar, conceituar, analisar etc.) e seu detalhamento (objeto de
conhecimento e modificador)” (Domingues, on-line). Para a autora, que analisa
as 141 habilidades do componente curricular de História previstas ao longo de
todo o Ensino Fundamental e as classifica de acordo com o nível de complexidade
da aprendizagem previstos na Taxomonia de Blomm, a maioria das habilidades
concentram-se nas categorias de lembrar e compreender (as mais básicas) e
analisar (intermediária). Nessa categorização, a categoria “criar” (a mais
complexa), expressa por verbos como “propor, solucionar, modificar, adaptar,
construir” não consta em nenhuma habilidade da BNCC.
Na BNCC, há uma habilidade relacionada à
formação do território e da sociedade brasileira, mas que enfatiza a
pluralidade dos grupos humanos e não as relações desiguais e colonizadas entre
eles: “(EF07HI12) Identificar a distribuição territorial da população
brasileira em diferentes épocas, considerando a diversidade étnico-racial e
étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática)” (Brasil, 2017, p.
423).
O termo racismo, por exemplo, aparece somente
em um objeto de aprendizagem do 8º ano intitulado “Pensamento e cultura no
século XIX: darwinismo e racismo”(Brasil, 2017, p. 426), que se desdobra na
habilidade “(EF08HI27) Identificar as tensões e os significados dos discursos
civilizatórios, avaliando seus impactos negativos para os povos indígenas
originários e as populações negras nas Américas” (ibidem, p. 427). O RCG
aprofunda essa habilidade: “(EF08HI27RS-1) Conhecer e discutir os efeitos dos
discursos civilizatórios, nascidos no contexto das ideologias raciais, para as
populações indígenas e negras nas Américas” (Rio Grande Do Sul, 2018, p. 174).
Os impactos da escravidão negra e indígena
constam indiretamente em relação aos termos pesquisados na habilidade “(EF08HI20)
Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os
legados da escravidão no Brasil e discutir a importância de ações afirmativas”
(Brasil, 2017, p. 423). Ou, de forma mais contemporânea, em habilidades
previstas para o 9º ano, em que o período do século XX é estudado com mais
ênfase: “(EF09HI23) Identificar direitos civis, políticos e sociais expressos
na Constituição de 1988 e relacioná-los à noção de cidadania e ao pacto da
sociedade brasileira de combate a diversas formas de preconceito, como o
racismo” (Brasil, 2017, p. 431).
O Referencial Curricular Gaúcho mais que
triplicou as habilidades da Base ao propor 354 para a disciplina de História,
por isso também apresenta maior detalhamento de menções da temática pesquisada,
mas na maioria das vezes apenas desdobrando em palavras similares as
habilidades nacionais. Uma exceção é a relação entre as seguintes habilidades:
BNCC - (EF03HI03) “Identificar e comparar
pontos de vista em relação a eventos significativos do local em que vive,
aspectos relacionados a condições sociais e à presença de diferentes grupos
sociais e culturais, com especial destaque para as culturas africanas,
indígenas e de migrantes” (BRASIL, 2017, p. 411).
RCG - (EF03HI03RS-2) “Observar criticamente
se há algum tipo de discriminação ou racismo em sua comunidade, auxiliando para
difundir uma cultura de inclusão social e de respeito às diversidades étnicas e
culturais” (Rio Grande Do Sul, 2018, p. 126).
Percebe-se, comparando os textos das
habilidades, que a do Referencial Gaúcho é mais específica e enfoca de forma
explicita a questão do racismo, especialmente se considerarmos que ela está
prevista para o 3º ano do Ensino Fundamental, ou seja, sinaliza a questão das
marcas do racismo já visíveis na infância.
Considerações
finais
Ao fazermos o cruzamento da trajetória das
populações negras e sua luta por educação e pela inclusão de suas histórias nos
currículos escolares com o documento curricular nacional contemporâneo expresso
pela BNCC e seus documentos correlatos exemplificados pelo Referencial Gaúcho,
percebe-se um esvaziamento evidente. Não há uma proposta nas habilidades
apresentadas de ressaltar o protagonismo das lutas das pessoas negras em
movimento (Gomes, 2017) e do próprio Movimento Negro ou mesmo de lideranças
indígenas ao longo da história, mesmo que citadas superficialmente ou
indiretamente em alguns trechos. Esse apagamento pode ser considerado uma marca
da permanência da colonização dos currículos e da continuidade de parâmetros
eurocentrados de abordagem histórica.
Não seria esse o momento do avanço? Não seria
esse o momento de colocar, na forma de conteúdo curricular o que as Diretrizes
propõem desde 2004? No caso do ensino fundamental, por exemplo, os objetivos
permanecem centrados na história narrada a partir da colonização e da
escravização, um currículo que permanece colonizado e eurocentrado. Os
indígenas e os negros são narrados apenas a partir do impacto do encontro com
os europeus e não são buscados em suas memórias, patrimônios e histórias
específicas.
Diante disso, retomamos a questão inicial:
Como vamos falar de racismo na escola? Para seguir nossa obrigação ética, moral
e legal, temos que falar equitativamente de povos de ascendência ameríndia,
africana e europeia. Para isso, temos que buscar os posicionamentos políticos,
historiográficos e pedagógicos do professor de História e de sua sensibilidade
em tratar a ERER para além da dimensão curricular. Cabe, portanto, assumir o
compromisso de tratar da dimensão relacional, ou seja, discutir, debater nossas
relações raciais no cotidiano da vida dentro e fora da sala de aula, quebrando
o tabu forjado pela crença numa falsa democracia racial, já destituída de
verdade na Conferência de Durban, em 2001.
Isso implica em considerar, em um mesmo
espaço, a existência de posições divergentes, marcadas pelo racismo estrutural,
possibilitando o surgimento de conflitos que são potenciais para a mudança de
concepções e práticas pedagógicas. “Ou seja, a efetividade da lei se dá no
contato, na interação entre discursos conflitantes, quando processos simbólicos
podem ser desestabilizados e podem colocar em jogo práticas racistas
naturalizadas no campo da educação” (Oliveira; Silva, 2017, p. 187).
Apenas não podemos divergir no compromisso da
educação com a vida em plenitude para todos, contra qualquer ato de
discriminação ou preconceito racial. O racismo não é tema, a ERER não é tema, é
proposta educacional para construção de um outro projeto de humanidade, livre
da opressão entre pessoas e grupos distintos.
Referências
Carlos Eduardo Ströher é Mestre e doutorando
em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Licenciado em
História e Geografia. Professor das redes municipais de Bom Princípio e
Tupandi/RS.
Carla Beatriz Meinerz é Doutora em Educação.
Docente do Departamento de Ensino e Currículo e do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
ALVES, J. A. Lindgren. A Conferência de
Durban contra o Racismo e a responsabilidade de todos. Rev. Bras. Polít. Int.
45 (2): 198-223 [2002].
BRASIL. Lei nº 10639, de 9 de janeiro de
2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 9 jan. 2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10639.htm>.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes
curriculares nacionais para a educação das relações Etnicorraciais e para o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC, [s.d.].
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/003.pdf>. Acesso
em: 20 jan. 2020.
BRASIL. Resolução n. 1, de 17 de junho de
2004. Brasília: MEC, 2004. Disponível em:
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BRASIL. Ministério da Educação. Base
Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pd.
DOMINGUES, Joelza Ester. Blog Ensinar
História. Disponível em:
https://ensinarhistoriajoelza.com.br/por-dentro-da-bncc-2-as-habilidades-da-base-para-o-ensino-de-historia/.
GOMES, Nilma Lino. Relações
Étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo Sem
Fronteiras. v. 12, n. 1, pp. 98-109, Jan/Abr 2012.
______. Movimento Negro educador: saberes
construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
OLIVEIRA, Míria Gomes de; SILVA, Paulo
Vinícius Baptista da. Educação Étnico-Racial e Formação
Inicial de Professores: a recepção da Lei 10.639/03. Educ.
Real. [online]. 2017, vol.42, n.1, p.183-196.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da
Educação. Departamento Pedagógico. Referencial Curricular Gaúcho: Humanas.
Porto Alegre, 2018 V1.
STRÖHER, Carlos Eduardo; KASPARI, Tatiane. Da
tinta da lei ao quadro e giz: a recepção da Lei 10.639 e da Educação das
Relações Étnico-Raciais por professores da educação básica. Identidade!
Faculdades EST, V. 23, N. 1 (2018), p. 181-196.
Apesar de se entender que a ampliação da BNCC trouxe algumas outras discussões a serem feitas enquanto âmbito acadêmico, ainda se tem uma visão fixada em um período histórico. Como podemos, enquanto futuros professores, abordar questões sobre a africanidade e os aspectos afro-brasileiros em sala, fora do aspecto da colonização, ou desenvolvimento econômico, obtido pela escravidão, e sim pelas questões ligadas as culturas e costumes oriundos de tais vertentes, sem parecer um distanciamento completo dos assuntos que se ligam as demais corrente ideológicas, ainda mais com uma base científica majoritariamente composta por lugares de fala dos europeus colonizadores ??
ResponderExcluirJosé Jadson Medeiros da Silva
(Jardim de Piranhas/RN)
Olá, José Jadson. Obrigada pelo diálogo. As Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais sugerem ações bem concretas para responder tua bela questão. Uma delas é trazer para oa espaçoa acadêmicos e escolares pessoas negras com seus conhecimentos. Outra é o uso das referências negras positivadas, personagens históricos ou personalidades contemporâneas. Nosso texto tentou demonstrar que os agenciamentos positivos das pessoas negras em.mocimento foram capazes de contruir dádivas no campo educacional e educativo. Temos que agradecer e seguir seus exemplos, nunca desistir de combater o racismo, mesmo que a Bncc não tenha ajudado a avançar muito.
ExcluirBoa noite professor Carlos Eduardo e professora Carla Beatriz. Como podemos falar de racismo em sala de aula, atualmente, diante da falta de visibilidade da trajetória de conquistas e lutas da população negra e da desvalorização de sua história?
ResponderExcluirOlá Ana Lúcia. Obrigada pelo diálogo. A resposta pode estar contida na tua bela questão. a invisibilidade é perversa e, muitas vezes, a própria visibilidade negativa é igualmente perversa. Um exemplo, falar de negros associados à escravidão e não aos agenciamentos positivos que as pessoas negras tiveram e tem construído ao longo dos tempos, é perverso, então vamoa fazer de outra forma, como sugerem as Diretrizes Nacionais para a Educaçao3 das Relações Étnico-Raciais. Uma resposta que tentamos dar é que o racismo é mais que um tema para tratar, são relações cotidianas para observar e questionar em nossaa aulas e vidas. Conversar sobre quantos brancos e negros estão na escola e sala de aula? que lugares ocupam? a maioria de privilegiados tem que cor? por que? Tratar disso pode ser um começo.
ExcluirPrezado e Prezada, autor(a).
ResponderExcluirFace ao cenário atual de desmonte das Politicas Públicas, como vocês enxergam a efetivação de uma educação antirracista no sistema educacional e na escola?
Olá Clenia. Obrigado pelo diálogo. Os desafios do combate ao racismo no Brasil são grandes, pois vivemos num país racista e racializado. No atual contexto de desmontes e de compartilhamento explícito de ideias racistas e fascistas, os desafios são multiplicados. Temos gestores públicos que pouco se importam com vidas ceifadas, pois defendem a tortura, o desmatamento, difamam indígenas e quilombolas. Isso é sério! Mais do que nunca temos que unir forças com quem defende um projeto de humanidade com lugar pata todos e não somente para alguns. Esse projeto tem inspiração quilombista, como defendeu Abdias Nascimento. Cremos que as respostas da sociedade civil organizada contra esses desmontes, ainda é possível, como foi o processo judicial contra o texto difamatório publicado na Fundação Palmares, na semana passada. E nós também podemos construir ações de combate ao racismo nas escolas, como tentamos dizer no texto.
ExcluirNa opinião de vocês o que faltou para os negros a luta para ter ensino público foi. Falta de políticas públicas por parte do governo que reconhecesse a necessidade de uma educação para os libertos? Ou foi a falta de um movimento social por parte dos negros para reagirem a discriminação entre outros, antes do Teatro Experimental do Negro que deu inicio na década de XXX do século passado?
ResponderExcluirRogério Silva de Mesquita
Olá Rogério. Gratidão pelo diálogo. Difícil pensar no que faltou quando tratamos de uma sociedade onde as oportunidades são desiguais e a correlação de forças é igualmente sem medidas equitativas. Seguimos os apontamentos de Nilma Lino Gomes, 2017, no livro O Movimento Negro Educador" com ela defendemis que as pessoas negras em movimento, criaram os agenciamentos possíveis, apesar do racismo institucionalizado nas políticas públicas, principalmente do pós-abolição. Faltou política pública, sim! Ainda falta! Faltou saberes e lutas emancipatórias aos negros, não! Temos que nos unir e seguir o combate ao racismo, seguindo o exemplode quem sofreu e sofre os piores cortese segue. Temos que seguir combatendo o racismo pela educação.
ResponderExcluirMuito obrigada por trazer esse tema de extrema importância para a nossa formação, gostaria de tornar essa reflexão, quais são as ações afirmativas previstas de combate à educação eurocentrista que temos, pois se torna um ciclo, um aluno que sempre foi ensinado a história dos negros e indígenas pela vitimização, não foi explicitado as suas formas de conquistas e resistências, esse mesmo aluno vira um professor que vai passar a mesma coisa pros alunos, sem a construção de algo totalmente novo,a não ser que ele se incomode com isso,e busque a mudança, até quando essa história vai ser narrada a partir do encontro com os europeus, essa tal mudança no currículo quando vai ocorrer, se a gente tem a África como berço da humanidade de quem lhe foi retirado todos os seus direitos autorais, então a história deveria começar por lá a partir das suas narrativa e contextualização, até quando vamos obter esse ensino eurocentrista e mesquinho?
ResponderExcluirAmanda Karem Falcão Da Silva.
Olá, Amanda, agradeço sua contribuição. Teu questionamento, colocado como provocação diante da permanência de práticas curriculares eurocentradas transmitidas por gerações a alunos e muitas vezes reproduzidas pelos professores de forma semelhante ao qual tiveram como estudantes, coloca o docente na obrigação de quebrar esse "ciclo vicioso" racista e excludente. Posso te dizer, por experiência própria, que a virada só ocorre no momento em que esse professor branco (como é meu caso) se sente efetivamente implicado na questão racial e assume o compromisso político de colocar em prática a legislação e tornar-se agente e educador das relações étnico-raciais. Isso passa por assumir seu "lugar de fala", como ressalta Djamila Ribeiro, e assumir a condição de privilégios simbólicos e materiais que a branquitude instalou na sociedade brasileira, e reconhecendo a riqueza e a pluralidade das epistemologias indígenas, africanas e afro-brasileiras para toda a sociedade.
ExcluirBom dia professores, parabéns pelo excelente trabalho. Sou pardo e tive muitos problemas com Bulling, principalmente nos anos de ensino fundamental. Mas minha pergunta não se refere a isso.
ResponderExcluirGostaria de saber a opinião de vocês sobre o sistema de cotas. Ele realmente cumpriu seu papel de diminuir a desproporção da presença entre negros e
brancos em universidades ou não?
Oi Marcos! Muito obrigado pela sua contribuição nesse debate! Se olharmos pela perspectiva quantitativa, o sistema de cotas tem contribuído para a ampliação de negros e indígenas em universidades, ao mesmo tempo em que as estatísticas vem minando o argumento arrogante de queda no desempenho desses estudantes, tema tão discutido no início da implementação da política pública. Obviamente a política de cotas não é uma questão resolvida - nem de longe - visto que dizer quem é sujeito de direito das cotas é algo bastante polêmico e dependente das particularidades sociais e culturais de cada lugar. Ou seja, ser negro no Rio Grande do Sul ou na Bahia tem uma diferença gigantesca, e está vinculado a forma como cada sujeito é "lido" socialmente, e de que forma o racismo afeta mais ou menos o indivíduo em cada lugar. Enfim, é um debate ainda extenso e profundamente necessário.
ExcluirProfessores Carlos e Carla, cumprimento-os tanto pela qualidade da análise quanto pela seleção do tema. O texto marcou-me particularmente por uma de suas afirmações finais, que defende que racismo e ERER não são temas, mas sim uma proposta educacional. Como professora de literatura, verifico que os marcos legais incidiram sobre a produção de livros didáticos, que passaram a inserir a "literatura africana em língua portuguesa". Na imensa maioria, porém, essa produção é relegada ao último capítulo do último ano do Ensino Médio. Quanto à produção indígena, ainda não tenho visualizado sua inserção nos materiais didáticos. Diante desse contexto, compartilho uma dúvida (que, a seu modo, é também uma angústia) de que maneira instrumentalizar os docentes, sobretudo da escola pública, para que efetivem de maneira ampla e frequente a ERER?
ResponderExcluirOlá, Tatiane, agradecemos sua participação em nosso debate. De fato, a implementação da ERER traz consigo o compromisso de efetivação não somente na educação básica - nível mais discutido inclusive -, mas também no ensino superior, em especial nos cursos de formação de docentes. Pela nossa experiência nesse nível de ensino, eu e a professor Carla conhecemos os desafios que também existem no âmbito acadêmico, em que também há muita resistência a mudanças e a ERER é visto como uma pauta das "minorias" e portanto menos relevante que os cânones tradicionais. No entanto, a maior divulgação de pesquisas acadêmicas nesse campo, bem como obras literárias e historiográficas, além dos próprios movimentos sociais organizados de negros e indígenas vem enriquecendo o debate e forçando a queda de barreiras. Evidentemente, há muito que evoluir ainda, especialmente de olharmos o cenário político atual de ataques e tentativas de desmonte de políticas públicas dirigidas a esses grupos, mas as lutas emancipatórias dessas etnias também têm gerado repercussões positivas e que devem ser celebradas e divulgadas.
ExcluirOlá Carlos e Carla
ResponderExcluirQuando comecei a ler o textos de vocês, não imaginava que a discussão fosse transcorrer da forma que ocorreu. Sou sincero e não havia notado essa anulação dos temas sobre racismo em todos os anos. Ficou evidente mesmo a ausência da temática em muito períodos do ensino fundamental - anos finais. Como estamos longe da escolas mas trabalhando mais do que nunca com as aulas EAD, essa semana eu trabalhei com todas as turmas os 132 da tida abolição, procurando trazer uma análise dos dias atuais. Procurando romper com essa ideia de boazinha da P. Isabel e ver como estamos hoje. Passei para os alunos uma reportagem que mostra um jovem que foi preso correndo com uma tv embaixo do braço "ele estava correndo para chegar na loja de reparo antes de fechar, mas foi visto como "ladrão". Também mostrei outra matéria de um homem branco que fez um teste e correu no mesmo caminho por 4 horas nada aconteceu. Isso assunta muitos deles. Acho que é uma saída para fugir da ausência do assunto.
Vocês acreditam que essas atividades podem colaborar com o tema do racismo na escola(conteúdos?
Abraço
Anderson da Silva Schmitt
Oi Anderson. Certamente todas as iniciativas de abordagem da questão étnico-racial de forma crítica são relevantes, ainda mais problematizando produtos culturais e gêneros textuais diversos. Em relação ao comentário da BNCC, vale a pena aprofundar o estudo do processo de construção da proposta de História, desde a primeira versão em 2015, acusada até mesmo por historiadores de ser "afro entrada" e que foi desmantelada pela versão final, que manteve a perspectiva eurocêntrica, conforme nosso texto abordou. Mesmo assim, acredito que há espaço para aplicar a ERER no currículo, visto que ele não é uma "camisa de força", mas um caminho que permite inúmeros trajetos.
ExcluirOlá Carlos e Carla, a discussão sobre o racismo em escolas é fundamental, no entanto como devemos tratar sobre autores e obras clássicas consideradas racistas na visão contemporânea?
ResponderExcluirDou como exemplo Monteiro Lobato, uma grande figura da literatura brasileira, que há algum tempo atrás ele e algumas de suas obras foram consideradas racistas.
Eduardo Augusto Barreto de Queiroz.
Olá, Eduardo. Obrigado por sua participação. Sobre o teu questionamento, acredito que seja importante analisarmos os autores e suas obras em seu contexto histórico próprio, sob risco de sermos anacrônicos em nossa análise. No caso de Monteiro Lobato, um expoente da literatura brasileira, em especial da infantil, acredito que seja perigoso eliminá-lo das bibliotecas e mesmo das salas de aula sob o risco de "jogar fora o bebê com a água do banho". Vários estudos e análises apontam os elementos racistas na biografia e em algumas obras de Monteiro, porém é importante assinalar que esse pensamento era hegemônico na época e deve ser visto sob essa ótica. Obviamente, o olhar contemporâneo pode - e deve - tecer críticas a esses posicionamentos, porém é saudável e até mesmo necessário que elas sejam debatidas em espaços educacionais, como aulas de História ou Literatura, observando, é claro, a maturidade de cada grupo de alunos e os objetivos da abordagem. Carlos.
ExcluirBoa noite, Carlos Eduardo e Carla Beatriz. Obrigada pela explanação maravilhosa e enriquecedora. Mesmo com a implementação da Lei n° 10.639 e com a ampliação da BNCC e dos respectivos currículos, percebemos que os livros didáticos ainda permanecem presos as amarras de um passado construído numa perspectiva eurocêntrica, da qual ainda reproduz a história da população africana e afro-brasileira a partir do sistema escravagista durante o período colonial e imperial, chegando a romantizar alguns eventos relacionados aos escravizadxs, assim como: as relações entre senhores e escravxs, leis abolicionistas e também a não problematização da simplista Lei Aurea , além disso, não se debruçam em apresentar a cultura africana e suas contribuições na formação da sociedade brasileira. Doravante aos questionamentos mencionados acima, pergunto a vocês como o (a) docente pode contornar a carência dos materiais didáticos e se aprofundar na cultura africana (religião, sexualidade, crenças, etc.) em sala de aula vislumbrando eliminar o desconhecimento e o racismo relacionado aos povos africanos num período de forte negacionismo da ciência? Quais métodos?
ResponderExcluirObrigada!
- Mariana Prudente da Silva
Olá, Mariana. Agradecemos tua colaboração no debate. Passados quase 20 anos da lei 10.639/2003 podemos afirmar com convicção que já houve um grande avanço na produção de materiais didáticos, historiográficos e literários sobre a história e a cultura africana, afrobrasileira e indígena. Os próprios livros didáticos melhoraram bastante a abordagem desses temas - até porque esses itens constam nas obrigações de programas como o PNLD - a despeito de alguns problemas persistirem. Acredito que o desafio maior atualmente seja a formação continuada - pois muitos professores tiveram pouca ou nenhuma abordagem desses temas em sua formação inicial - e o comprometimento político e ético do/a professor/a em abordar essas temáticas na perspectiva curricular e principalmente relacional, como explanamos em nosso texto. Saudações, Carlos
ExcluirBoa noite, ótimo texto! Na escolha do tema de meu artigo para o evento eu fiquei em dúvida se falava exclusivamente de racismo, através das denúncias das letras de RAP ou se pensava algo em outro sentido. Optei trilhar outro caminho e não em focar no racismo, ainda utilizando o RAP como narrativa, eu e minha colega tentamos construir uma alternativa para se trabalhar a questão da falha do currículo na questão do ensino da cultura afro-brasileira. Nosso artigo é voltado para usar as letras de RAP para enaltecer a população e a cultura negra, tentando assim resgatar o sentimento de pertencimento à história que por conta da colonização do conhecimento insiste em reservar pequenos textos dentro do livro didático para debater sobre a diáspora africana assim excluindo toda uma gama de pessoas e culturas.
ResponderExcluirNesse sentido, minha dúvida se da no caráter de transportar essa educação antirracista para dentro da sala de aula. Vocês acham pertinente usar dessas diferentes narrativas (música, arte e etc) para se debater dentro de sala de aula?
Obrigado! Lucas Felipe Duraek.
Olá, Lucas. Obrigado por contribuir com nosso trabalho. Com certeza a abordagem que você escolheu é apropriada e muito importante, especialmente porque dialoga com as culturas juvenis e permite a elaboração de contra narrativas não colonizadas e que valorizem a pluralidade cultural.
ExcluirOla, bom dia.
ResponderExcluirAs Elites ainda seguem marginalizando os negros e pobres, igualmente como faziam a dez anos atras por exemplo. Embora a luta tenha sido incisiva e persistente, não vejo que foi o suficiente. Como lidar de forma satisfatória a questão de cotas em sala de aula, levando em consideração que muitos ainda acham que cotas é um privilegio e não reparação de divida histórica? ainda nessa questão, sabemos que existem muitos tons de pele negra, como ajudar um aluno negro de pele mais clara a se identificar como negro?
Olá, Ana Paula! Conforme respondido no comentário acima do Marcos, a questão das cotas exige um diálogo ampla e uma luta ainda longa. A sala de aula é um espaço em que essa questão deve ser debatida. Uma sugestão é trabalhar com o Jogo do privilégio branco (https://www.youtube.com/watch?v=MuOE3IJZoZU). Sobre a segunda questão, dos tons de pele, é importante também problematizar a dificuldade em estabelecer a cor de cada indivíduo no Brasil e como a categoria pardo é ambígua e sofre com essa indefinição, especialmente no momento de pleitear o direto às cotas. Saudações!
ExcluirOlá, Carlos Eduardo e Carla Beatriz parabéns pelo texto e pela luta, que torna concreta uma questão aparentemente óbvia: do racismo que merece um tratamento institucional. Por parecer óbvia esta face do racismo permaneceu silenciada muito tempo entre nós. É visto que por todo o Brasil não existe o merecido reconhecimento às causas do racismo no âmbito escolar em quaisquer órgãos educacionais. Tendo em vista ser uma pesquisa de âmbito regional, como os autores tratam o papel do Estado em nível nacional, no que se refere ao racismo institucionalizado nas escolas?
ResponderExcluirNey Iared Reynaldo
Olá, Ney. Obrigado pela participação. Conforme mencionado em nosso texto, o combate ao racismo é uma política de Estado no Brasil - desde a Conferência de Durban em 2001 e a lei 10.639/03 e os documentos dela decorrentes. Obviamento o racismo institucional é um desafio premente e que possui suas particularidades regionais, as quais devem ser entendidas e problematizadas. A nível nacional, é necessária a luta para evitar maiores retrocessos e apostar nas micro ações de movimentos sociais e organizações não governamentais.
ExcluirSaudações cordiais,professor Carlos e professora Carla, o que vocês pensam das críticas que as cotas raciais tem recebido da sociedade?
ResponderExcluirMaria Aparecida Pereira da Silva- história /CPNA
Olá, Maria Aparecida. Acredito que as respostas dos comentários anteriores já tenham atendido, ao menos parcialmente, teu questionamento. Obrigado pela tua participação.
ExcluirBoa Noite!Quero parabenizar ao professor e à professora pelo trabalho. Gostaria de saber o que pensam sobre a "flexibilização" da lei 10.639, no sentido de ser cada vez mais negada, deixada de lado nas práticas docentes em muitas escolas.
ResponderExcluirObrigada,
Vitória da Silva Dias
Olá, Vitória. O ocultamento da aplicação da lei 10.639 é um desafio constante desde o início da legislação. Nesse ponto, é interessante citar a fiscalização que o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE) vem realizando desde 2015 nos municípios do Estado, buscando averiguar a aplicação do artigo 26-A. Essa iniciativa colabora na execução da lei e exerce uma pressão pra além dos movimentos sociais. Obviamente, não dá conta de resolver toda a questão, mas auxilia nesse processo de conscientização, que deve ser constante e persistente.
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