Wiliane Barbosa G. de Moura e José Petrúcio de F. Júnior


MITO, RELIGIÃO E PODER: O CRIACIONISMO ASTECA NA SALA DE AULA



Sabemos que o estudo do passado deriva de nossas próprias inquietações ou indagações. Ao fazer isso, conectamo-nos com uma série de narrativas e elementos da cultura material que exprimem diferentes modos de agir e pensar, visões de mundo e expectativas sobre a vida singulares. Ao observar os processos históricos das sociedades antigas, percebemos a natureza complexa de continuidades e transformações, ou seja, elementos político-culturais que são agregados e que se (re)combinam, conforme as demandas ou inclinações sociais que se configuram no tempo. As narrativas criacionistas, produzidas na Antiguidade, por exemplo, ocupam ainda hoje um papel privilegiado em muitas comunidades religiosas e produzem significativas dissensões tanto políticas como culturais.

Nesse sentido, defendemos a relevância do estudo das narrativas criacionistas, seus diálogos e duelos, nos currículos de História da Educação Básica com a finalidade de refletir sobre como tais narrativas afetavam(am) configurações sociais como política e religião.
 
Na Antiguidade, até meados do I Milênio a.C, os mitos criacionistas eram uma narrativa central e estruturante de diferentes organizações sociais. Por meio de relatos que contemplam a intervenção dos deuses na ordem dos acontecimentos, seu principal propósito versa sobre a origem do universo e do homem, por isso tais narrativas ajustam-se à categoria dos “mitos de origem”.  É preciso destacar que essa construção mitológica fornece uma estrutura fundamental para dinâmica dos rituais religiosos bem como confere inteligibilidade a seus principais atores, os sacerdotes, que, em geral, atuam em sintonia com os demais agentes de poder: o monarca, seus aliados políticos e os escribas, em geral, ideólogos dos projetos de poder monárquico.

Isso posto, as narrativas míticas colaboram para conferir um sentido à relação entre o cosmos e a humanidade, além de constituir, como afirmamos, uma forma de compreender a origem do universo e dos seres humanos por meio de um universo simbólico inerente às circunstâncias históricas e condições político-culturais de produção de tais discursos.

Para Strass, a mitologia está inserida em uma etnologia religiosa, que “[…] rejuvenessem as velhas interpretações: sonhos da consciência coletiva, divinização de personagens históricos, ou o inverso. Qualquer que seja o modo em que se consideram os mitos, parecem todos reduzirem-se a um jogo gratuito ou a uma forma superficial de especulação filosófica” (1995, p.230) (Tradução da autora) . Nota-se que, para o estudioso, o mito está atrelado ao campo da filosofía, já que procura dar respostas a inquietações sociais, ou seja, trata-se de uma investigação ancorada em necessidades sociais específicas.
Além disso, a narrativa mítica, como se situa no campo da linguagem, constroi-se a partir de relações de causa-efeito e exprimem a forma como as relações interpessoais e as práticas culturais foram concebidas por figuras de autoridade como os sacerdortes, logo o mito manifesta o ponto de vista dos que estavam à frente da gestão das instituições políticas e religiosas.

Ao contrário de Strass (1995), Eliade enfatiza o caráter ‘sagrado’ ou ‘sobrenatural’ presente nas narrativas míticas:

“[...] o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do "princípio". Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma "criação": ele relata de que modo algo foi produzido e começou a ser [...] Os personagens dos mitos são os Entes Sobrenaturais. Eles são conhecidos sobretudo pelo que fizeram no tempo prestigioso dos "primórdios". Os mitos revelam, portanto, sua atividade criadora e desvendam a sacralidade (ou simplesmente a "sobrenaturalidade") de suas obras. Em suma, os mitos descrevem as diversas, e algumas vezes dramáticas, irrupções do sagrado (ou do "sobrenatural") no Mundo. É essa irrupção do sagrado que realmente fundamenta o Mundo e o converte no que é hoje. E mais: é em razão das intervenções dos Entes Sobrenaturais que o homem é o que é hoje, um ser mortal, sexuado e cultural. [...] é importante frisar, desde já, um fato que nos parece essencial: o mito é considerado uma história sagrada e, portanto, uma "história verdadeira", porque sempre se refere a realidades. O mito cosmogônico é "verdadeiro" porque a existência do Mundo aí está para prová-lo; o mito da origem da morte é igualmente "verdadeiro" porque é provado pela mortalidade do homem, e assim por diante”. (ELIADE, 1972, p.9)

Eliade também nos informa que a narrativa mítica permite o compartilhamento de saberes, concebidos pelo grupo social que o constroi como ‘verdadeiros’, por meio dos quais os sujeitos orientam suas experiências cotidianas. Assim, tais discursos, além de serem concebidos como ‘verdadeiros’, assumem um papel paradigmático à vida social.

Ambos Eliade (1972) e Strauss (1995), concordam que o mito dialoga com um universo simbólico de seu tempo, porquanto la mitología será considerada un reflejo de la estructura social y de las relaciones sociales do momento histórico em que foi construído (1995, p.230).

Por se tratar de uma narrativa chancelada pelos deuses, logo portadora de uma ‘verdade’ de caráter universal, que incide sobre a dinâmica da vida social:

“Em um mito tudo pode acontecer; parecia que a sucessão dos acontecimentos não está subordinada a nenhuma regra de lógica ou de continuidade. Todo sujeito pode ter qualquer predicado; toda relação concebível é possível. E, no entanto, esses mitos, aparentemente arbitrários, se reproduzem com as mesmas características e, muitas vezes, com os mesmos detalhes nas diversas regiões do mundo”. (STRAUSS, 1995, p. 230- 231) (Tradução da autora)

Como se observa, a logicidade da narrativa não é o aspecto definidor de sua legitimidade social, mas sim os autores envolvidos em sua composição, a saber: os sacerdotes ou governantes e a revelação divina de que afirmam ser portadores.

Para os mexicas, a narrativa que trata da criação do mundo chama-se a “Leyenda de Los Soles” e se exprime na cultura material da sociedade asteca de modo significativo, o que sinaliza a relevância desses discursos para a compreensão do cenário político-cultural das sociedades antigas. Mais do que uma narrativa, o mito, para Eliade, imprime um modo de viver e pensar:

"Viver" os mitos implica, pois, uma experiência verdadeiramente "religiosa", pois ela se distingue da experiência ordinária da vida quotidiana. A "religiosidade" dessa experiência deve-se ao fato de que, ao reatualizar os eventos fabulosos, exaltantes, significativos, assiste-se novamente às obras criadoras dos Entes Sobrenaturais; deixa-se de existir no mundo de todos os dias e penetra-se num mundo transfigurado, auroral, impregnado da presença dos Entes Sobrenaturais. [...] O indivíduo evoca a presença dos personagens dos mitos e torna-se contemporâneo deles. Isso implica igualmente que ele deixa de viver no tempo cronológico, passando a viver no Tempo primordial, no Tempo em que o evento teve lugar pela primeira vez. [...] Em suma, os mitos revelam que o mundo, o homem e a vida têm uma origem e uma história sobrenaturais, e que essa história é significativa, preciosa e exemplar” (ELIADE, 1972, p.18).

Como se observa, o mito possibilita o compartilhamento de saberes comuns que delineiam os processos identitários de uma sociedade na medida em que constroi uma base comum de comportamentos, práticas, princípios e valores sociais que, autorizados pelos ‘Entes Sobrenaturais’, passam a ser aceitos, reconhecidos e valorizados pelos integrantes da comunidade. Além disso, ao se reportar às origens do cosmos e do homem, o mito idealiza um passado comum que confere inteligibilidade à vida de cada sujeito e promove a integração social, reforçada por meio de práticas ritualísticas que atualizam, nos sujeitos, o sentimento de pertencimento à comunidade:

“Em suma, trata-se de rituais coletivos de uma periodicidade irregular, incluindo a construção  de  uma  casa  de  cultos  e  a  recitação   solene   dos   mitos   de   origem de estrutura cosmogônica. O beneficiário  é  a  comunidade  inteira  incluindo os vivos e os mortos. Por ocasião da reatualização dos mitos, a comunidade inteira é renovada; ela reencontra as suas "fontes", revive as suas "origens". A idéia de uma renovação universal produzida pela  reatualização  cultural de um mito cosmogônico é  encontrada  em  muitas  sociedades  tradicionais” (ELIADE, 1972, p.29-30).
A reatualização do mito cosmogônico por meio de práticas ritualísticas que ocorrem em geral nos templos construídos para esta finalidade possibilitam a integração social e renovam os ‘pactos’ culturais e ideológicos por meio dos quais as instâncias de poder legitimam suas ações junto à coletividade. 

Por fim, convém salientar que o mito deriva de diálogos interculturais e interdiscursivos inerentes ao momento histórico em que foram escritos.  No caso da sociedade asteca ocorre uma espécie de combinação de diferentes características culturais dos povos que viveram em Tenochtitlán antes da dominação dos mexicas. Assim, a “Leyenda de Los Soles” é resultado de várias camadas culturais que se conectam, tal como defende Soustelle:

“A religião mexicana era uma religião aberta. Os astecas vencedores procuravam anexar ao império, junto com as províncias, os deuses que estas adoravam. O recinto do grande teocalli acolhia todas as divindades estrangeiras, e os sacerdotes de Tenochitlán, curiosos de saber e de ritos, adotavam de bom grado mitos e práticas dos países longínquos que os exércitos percorriam” (SOUSTELLE, 1990, p.137).

Soustelle, assim como Homi Bhabha, em O local da cultura (1998), argumenta que a relação entre colonizador/conquistador e colonizado/dominado, ao invés de resultar na sobreposição ou na aniquilação da cultura dos vencidos, redunda num ambiente híbrido e aberto à recomposição de práticas culturais, engendradas particularmente pelos grupos sociais que ocupavam as instâncias de poder, entre os quais se destacam os governantes, os sacerdotes e seus apoiadores. Visto sob este ângulo o mito cosmogônico justifica e fundamenta uma ordem social concebida, sobretudo, por aqueles que estão à frente das instituições político-religiosas.

De acordo com a Leyenda de los Soles  o cosmos (mundo organizado) fora criado e destruído quatro vezes e o mundo em que os mexicas viviam corresponde, cosmologicamente, ao ‘quinto mundo’ ou ‘quinto sol’ (AUSTIN, 2015, p. 97), por isso o mito de origem é chamado de lenda dos cinco sóis.. Os astecas acreditavam que, antes de serem criados pelos deuses, estes já haviam criado outros quatro mundos ou sóis, habitados por humanos mais frágeis ou vulneráveis a diferentes circunstâncias, como se observa a seguir:

“Para o pensamento indígena, o mundo havia existido, não uma, mas sim várias vezes consecutivas. A que se chamou 'primeira fundamentação da terra’, havia tido lugar há muitos milênios. Tanto que em conjunto, haviam existido já quatro sóis e quatro terras, anteriores à época presente. Nessas idades, chamadas ‘Sóis’ pelos antigos mexicanos, havia tido lugar uma certa evolução ‘em espiral’, na qual apareceram formas cada vez melhores de seres humanos, de plantas e de alimentos. As quatro forças primordiais ─ água, terra, fogo e vento (curiosa coincidência com o pensamento clássico do Ocidente e da Ásia) ─ haviam presidido essas idades ou sóis até chegar à quinta época, designada como a do ‘Sol do Movimento’. Os primeiros homens haviam sido feitos de cinza. A água acabou com eles, convertendo-os em peixes. A segunda classe de homens constituíram os gigantes. Estes, não obstante, por sua grande corpulência, eram, na realidade, seres frágeis. O texto indígena diz que, quando estes caíam por algum acidente, ‘caíam para sempre’. Os homens que existiram durante o terceiro Sol ou Idade do Fogo, tiveram também um trágico fim: permaneceram transformados em perus. Finalmente, a respeito dos homens que viveram no quarto Sol, refere-se ao mito sobre a catástrofe que pôs fim a essa idade, sendo que os seres humanos não se transformaram nem em peixes e nem em perus, mas que foram viver nos montes transformados, no que o texto chama de tlacaozomatin, ‘homens-macacos’. A quinta idade que agora vivemos, a época do ‘sol do movimento’, teve sua origem em Teotihuacán e nela surgiu também a grandeza tolteca com nosso príncipe Quetzacóatl” (LEÓN-PORTILLA, 1994, p.13-14). (Tradução dos autores)

Por meio do mito, os mexicas compreendem que os deuses são os principais artífices da criação do mundo e do homem, além disso, entendem que se trata de um empreendimento marcado por tentivas e erros o que sinaliza o caráter imperfeito ou frágil desta criação. Como produto da criação divina, os humanos podem, potencialmente, ser destruídos pelos deuses, como as ‘idades’ anteriores deixaram claro.

Dentro desse contexto enunciativo, caracterizado por destruições-criações, percebemos que o mito não expõe apenas o surgimento do universo, mas a emergência de diversas espécies de animais, tais como os peixes, as aves, os macacos, os quais ocupam um patamar inferior em relação aos humanos, já que derivam de tentativas mal-sucedidas de criação da humanidade. Esses processos de criação-destruição estão inscritos no calendário asteca, tal como representado a seguir:


FIGURA 1: Piedra del Sol- INAH
Arquivo pessoal de Wiliane Barbosa

O artefato chama-se “Pedra do Sol”, pois é uma pedra mexica esculpida para representar os ciclos que constituíram o calendário asteca e era muito importante para a vida cotidiana e cultural da própria comunidade, pois ela trazia tanto os dias, os meses e os anos como também evidenciava a cosmogonia retratada pelos mitos. Sendo assim, a Pedra materializa o mito e demonstra seu papel social na constituição de crenças, hábitos e costumes que derivam dos saberes veiculados por esta narrativa.

No centro, a imagem representa a cabeça do sol, denominado de nanáhuatl ou naollin, que é figurado com a boca aberta porque, segundo a narrativa mítica, o sol se alimentaria do sangue humano para pôr-se em movimento. Logo, a imagem do deus com a boca aberta significa que ele está à espera desse sacrifício. Atrelada à imagem do deus-solar, há quatro quadrantes que lembram cada sol cósmico que foi destruído. Para Austin:

“É este o documento que aqui se torna como base para estabelecer a sequência das eras. A primeira teve por nome Cuatro Jaguar, dado que seu trágico fim foi causado pelos jaguares que devoraram os seres então criados. O segundo Sol foi Cuatro Viento, pois os ventos devastaram a terra, arrancando as árvores e as casas e transformando os seres da era em macacos. O terceiro foi o Sol Cuatro LLuvia, e, quem então viveu, foram os convertidos em galinhas, baixo uma chuva de fogo. O quarto foi Cuarto Agua, porque durante seus últimos 52 anos, as águas inundaram a terra e todos se transformaram em peixes. Por fim chegou o quinto sol, definitivo e último, Cuatro Movimiento” (AUSTIN, 2015, p.56-57). (Tradução dos autores)

De acordo com o pesquisador, o sangue humano seria uma forma de retribuição aos deuses, por estes terem se sacrificado para criar a quinta raça humana, e de penitência, para que eles não se esquecessem de seus deveres para com o divino. O sacrifício seria um desses deveres a serem cumpridos, como forma de equilibrar a ordem cósmica que estava em constante ameaça pelo caos. Léon-Portilla (1994) acrescenta que:

“Foi Quetzalcóatl, símbolo da sabedoria do México antigo, quem aceitou a responsabilidade de restaurar os seres humanos, assim como proporcionou depois seu alimento. Quetzalcóatl aparece nas antigas lendas realizando uma viagem ao Mictlan, ‘a região dos mortos’, em busca dos ‘ossos preciosos’ que serviram para a formação dos homens: Mictlantecuhtli, senhor da região dos mortos, põe uma serie de dificuldades a Quetzalcóatl para impedir que se leve os ossos das gerações passadas. Mas Quetzalcóatl, ajudado em dobro pelo nahual, assim como pelos bichos e abelhas silvestres, consegue se apossar deles e os leva logo à Tomoanchan. Alí, com ajuda de Quilaztli, molhou os ossos e os pôs depois em um barro precioso. Sangrando seu membro sobre eles, os deu à vida. Os homens aparecem assim no mito como resultado da penitência de Quetzalcótl. Com seu sacrificio, Quetzalcóatl ‘mereceu’ sua existência. Precisamente por isso os homens se reconheceram macehuales, que quer dizer ‘os merecidos pela penintência’ (LEÓN-PORTILLA, 1994, p.17- 18). (Tradução dos autores)

O sacrifício sinaliza um compromisso entre homens e deuses, reiterado por meio de rituais em adoração às divindades e a negligência aos rituais podem resultar em destruições. O quinto mundo, chamado de “Sol do Movimento” ou Ollin, enfatiza a passagem do sol durante o dia, que, segundo os mexicas, movia-se ao redor da Terra.  O mito narra que, ao criar o quinto mundo, o deus Nanáhuatl se transformaria em Sol, através de seu próprio sacrifício. Logo, é o sacrifício da própria divindade que viabiliza a origem da quinta raça; muito semelhante, diga-se de passagem, ao mito cristão. No entanto, para seguir em movimento, necessitaria de sangue humano; caso não houvesse sacrifício humano, o sol pararia seu movimento e a terra pereceria em catástrofe:

“Assim se inicia o drama cósmico em que a humanidade está empenhada atrás dos deuses. Para que o Sol prossiga sua marcha, para que as trevas não caiam definitivamente sobre o mundo, é preciso lhe dar todos os dias seu alimento, a “água preciosa” (chalchiualt), isto é, o sangue humano. O sacrifício é um dever sagrado para com o Sol e uma necessidade para o próprio bem dos homens. Sem ele, a vida no universo pára. Sempre que, no topo de uma pirâmide, um sacerdote eleva em suas mãos o coração sangrento de uma vítima e o deposita no quauhxicalli, a catástrofe que ameaça o mundo e a humanidade é adiada. O sacrifício humano é uma transmutação pela qual se faz vida com a morte. E os deuses deram o exemplo dela no primeiro dia da criação. Quanto ao homem [...] furtar-se a esse dever cósmico é trair os deuses e, com isso, os outros homens [...] Nada renasce, nada dura, a não ser pelo sangue dos sacrificados. (SOUSTELLE, 1990, p.118)

Desse modo, o sacrifício é concebido como um dever humano. O mito manifesta seu poder coercitivo por contemplar a possibilidade não só de estabelecimento do caos (catástrofes ambientais), mas também de castigos divinos. Assim, o mito cumpre seu papel regulador das práticas ritualísticas, além de naturalizar relações de poder bem como modos de agir e pensar, indispensáveis à manutenção da ordem social. Procuramos mostrar as implicações político-culturais do mito e sua relevância para o estudo das sociedades antigas.

Referências
Williane é Graduada em História pela UFPI;
José Petrúcio é Professor Adjunto da UFPI.

AUSTIN, Alfredo López. Las razones del mito: la cosmovisión mesoamericana. México: Ediciones Era. 2015.
ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos. Lisboa: Coleção Artes e Letras. Arcádia. 1 ed. 1979.p. 56-121.
LEÓN-PORTILLA, Miguel. LOS ANTIGUOS MEXICANOS: a través de sus crónicas y cantares. 1994.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropología Estructural. México: EDICIONES PAIDOS. 1995. P. 229-262. Disponível em: <
https://monoskop.org/images/6/67/LeviStrauss_Claude_Antropologia_estructural_1978.pdf> Acesso em 20 de abril de 2019.
SOUSTELLE, Jacques. Os astecas na véspera da conquista espanhola. São Paulo: Companhia de Letras: Círculo do Livro. 1990.

10 comentários:

  1. Olá!
    Tudo bem?

    Achei muito interessante o seu texto, a mitologia indígena é muito rica e nos dá diversas oportunidades de trabalho, entretanto, percebo que muitas vezes, por falta de tempo, acabamos ficando no "básico", como quando trabalhamos os aspectos da religião dos Astecas, acabamos ficando nas generalizações e trabalhando um pouco sobre Quetzalcóatl, mas raramente pegamos um tempo para contar um pouco dos mitos. Dessa forma, pergunto qual seria a melhor forma de abordar a questão dos sacrifícios? visto que sabemos como muitos carecem de entender a cultura do outro e como o eurocentrismo ainda é forte.

    Liara Bernuci Crippa
    Flórida/PR

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    1. Boa noite Liara. Concordo com você no que diz respeito à questão de apontamentos básicos, pois este artigo é fruto do meu trabalho de conclusão de curso. Infelizmente, num artigo não temos como abordar tudo, então temos que nos limitar ao perfil superficial do texto, como forma de manter a discussão.
      Assim sendo há duas formas diferentes e principais de abordar essas questões: a primeira é no âmbito da academia, através de minicursos, palestras e conferências e tentar apontar as questões em meio às discussões e textos.
      A segunda é no ensino básico, onde temos que buscar a interdisciplinaridade, o auxílio da TIC's e a práxis social, como forma de auxiliar o professor em sala de aula e para que os alunos consigam apreender as temáticas de maneira mais interativa.

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  2. Olá,
    Achei a questão do mito bem pertinente, especialmente do contexto da cultura asteca. Mas, lendo a proposta apresentada sobre como a ideia do mito estava enraizada nesta cultura, minha pergunta é como vocês veem a ruptura dessa percepção dos astecas frente a dominação espanhola e a imposição do catolicismo.

    Att.
    Cláudia Cristina do Lago Borges

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    2. Boa noite Claudia,
      Em relação a uma possível ruptura, eu não vejo assim, pois no momento do processo de colonização, os espanhóis deixaram claro, principalmente na sua arquiteta, que eles consideravam-se "superiores" aos nativos. O que trazemos em relação a essa exposicao é a persistencia da cultura frente aos dias atuais, pois mesmo que houve um choque cultural entre ambos e uma população fora dizimada, em sua origem, mas há resistências, seja na alimentação, seja nas maneiras de vestimentas e comemorações, seja nos próprios escritos e achados arqueológicos .Desse modo, isso é faz com que uma cultura não seja dizimada por completo, pois deixou a herança cultural, ao qual fora passada de geração a geração através da memória social.

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  3. Olá,
    Parabéns pelo texto.
    A religião e os mitos são utilizados em diversas civilizações como forma de coibir e controlar ações daquela sociedade. No Brasil há pessoas que se declaram ser praticantes de religiões de diferentes origens, sendo de matriz africana, católicos, cristãos protestantes, budistas e etc.. A pergunta é justamente, como abordar este tema da coerção e punição praticada pelas diversas religiões com os alunos em sala de aula de forma que o aluno não se sinta desconfortável, ou até mesmo confrontado?

    At.te
    Debora Cirqueira Ferreira

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  4. Boa noite Débora.
    Há diversas formas de trabalhar essas questões. Uma delas é mostrar aos alunos a pluralidade cultural e buscar envolvê-los, a partir de suas realidades, a partir de temáticas, aos quais, em casa temática, trabalhar uma cultura. Dentro desses processos, demonstrar aos alunos, a composição, originalidade, desenvolvimento e os conflitos ocasionados, como forma de demonstrar ao aluno as características culturais de cada entidade "religiosa". Assim sendo, o aluno, em seu caráter crítico e reflexivo, irá tirar, por si só, suas próprias conclusões, sem confrontamento,sem se sentir desconfortável ou até mesmo acuado, em relação aos outros colegas. Nesse sentido, o professor promove a diversidade social, sem necessitar ser intolerante "religiosamente" falando.

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  6. Olá, boa noite.
    Achei o tema muito interessante, porém confesso que preciso fazer muitas leituras sobre o assunto de grande relevância para todos os amantes da História.

    Os povos atuais ainda preservam parte dessa cultura mítica deixada pelos povos astecas?

    Danúbia da Rocha Sousa

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  7. Boa noite Danúbia.
    Sim, pelo que eu percebi. Eles preservam através das músicas, danças, comidas principalmente e em algumas comemorações. E em algumas localidades, culturas que são descendentes dos mexicas, preservam a língua. Porém há na própria tradição, uma dificuldade em preservar a língua na contemporaneidade, pois os descendentes mais recentes dessa cultura não quer se ater, em sua maioria a aprender a língua, resultando, futuramente na "mortificação" da língua nativa mexica.

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